Capítulo 23. As crônicas de Nárnia.

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Capítulo 23. As crônicas de Nárnia.

"Chorar ajuda por um tempo, mas depois é preciso parar de chorar e tomar uma decisão."

Louis.

O ar ao redor de nós ficou pesado, impregnado com a intensidade de seus sentimentos conflitantes. Harry desejava muitas coisas e uma delas era pedir perdão e explicar-se, mas sabia que as palavras seriam insuficientes, ele ao menos se lembrava. A marca no meu ombro era uma prova silenciosa de sua traição.

As lágrimas escorriam pelo seu rosto, sua voz falhando quando finalmente conseguiu falar.

- Louis... Quando aconteceu?

Eu o encarei, meu olhar cheio de amor ferido e decepção. Era um olhar que partia o coração dele em pedaços, um olhar que ele nunca quis ver nos meus olhos, mas era o único que eu tinha para oferecer.

- Naquela noite. - Respondi.

- Eu...

- Você não se lembra. - Enxuguei as lágrimas. - Nem deve acreditar em mim.

A dor daquele momento era quase insuportável, e a sensação de estar perdendo-o para sempre me invadia.

Sem a falta da sua voz eu me virei pronto para ir embora e me acabar em lágrimas.

Lamentei não ter sido corajoso o suficiente para falar antes, para revelar tudo no instante em que nossos lábios se tocaram. Eu deveria... Mas as palavras nunca encontraram seu caminho para fora de mim naquele momento.

Muitas opções se passaram na minha cabeça, mas nenhuma delas foram tão cruéis naquele nível, eu nunca poderia imaginar que ele descobriria daquela forma, na frente de todos em uma briga de macho alfa!

- Eu vou ficar com você, até não me querer mais, porque ter um pouco de você, um pouquinho do seu coração é melhor do que não ter nada. - Ele falou.

Eu me virei para encará-lo, e meu mundo pareceu desabar quando o vi cair de joelhos diante de mim.

- Eu lembro de ter falado isso, mas não lembro do resto. - Ele negou com a cabeça entrando em um tipo de negação interna misturada com raiva, arrependimento e tristeza. - Por favor Louis, me conta. Eu acredito em você.

Chorar ajudava por um tempo, mas era preciso parar de chorar e tomar uma decisão.

Ele estava tão devastado quanto eu, mergulhado em uma desolação profunda. O peso do mundo parecia repousar sobre seus ombros, refletindo a minha própria agonia. O que me tornava diferente das outras pessoas confusas e inquietas era o fato de que, mesmo naquela confusão avassaladora, eu não podia abandoná-lo. Mesmo com o caos à nossa volta, eu ainda via Harry como meu alfa, aquele que deixou sua marca em meu ombro. A cada olhar para aquela cicatriz, eu era lembrado da promessa não cumprida, da promessa que ainda ecoava em mim.

Não vou ocultar a verdade: sua partida levou consigo um pedaço de mim, algo que apenas ele poderia restaurar. Minha essência se perdeu entre os brilhos de inúmeras estrelas quando nossos caminhos se separaram. Nenhuma palavra seria suficiente para descrever o estrago que sua ausência causou, nem mesmo todos os oceanos juntos poderiam conter as lágrimas que derramei. Eu estava despedaçado, um mero reflexo de quem eu costumava ser, clamando silenciosamente pela sua presença para preencher o vazio em minha alma.

- Vamos para o meu apartamento. - O estendi a mão. - Eu quero que saiba que o tanto que dói em você, dói em mim, não vou pedir desculpas por não te contar, tudo é mais complexo quando se lembra de tudo.

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