Olho por olho, dente por dente

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  Eu sempre pensei que não ia me deixar cair em tentação e recorrer aos meios em que as pessoas ao meu redor desde criança agiam, olho por olho, dente por dente...

Esse não era o jeito que eu queria viver. Não era mesmo...

Mas então aquilo aconteceu e eu não pensei, eu só agi, me tornando o que mais temia...

Um criminoso.

Veja bem, eu sou apenas mais um nesse vasto mundo, tendo uma vida medíocre, não no sentido pejorativo e sim do comum mesmo, a coisa toda era média, sobrevivendo dia a dia.

Eu era órfão, um dos milhares naquele canto pobre de Dallas, criado por uma tia distante que assim que pode me colocou porta a fora dizendo:

"Agora é por sua conta, cuide do seu e vai se sair bem"

Eu tinha quinze anos e segui o conselho mais humano dela, geralmente a mulher era uma viciada em jogos e ajudava a cuidar de um bordel onde a lei do olho por olho fazia valer acima de todas as demais.

Se você era justo, tinha justiça em troca, se era um filho da puta, a coisa era sobre se preparar porque vinha chumbo grosso e era isso.

Eu tive cama, comida e um teto por dez anos, a dívida dela com meu pai nesta vida estava paga. Éramos apenas vítima do sistema, imigrantes sobrevivendo na américa dos sonhos!

Eu ria disso como ela ria desde que eu me recordava.

Eu passei a morar em um quarto de uma espelunca e fazer bicos para sobreviver e até que me sai bem, eu até tinha grana para sair uma vez por mês e me divertir.

Eu tinha a minha vida e era isso, até fiz uns colegas legais e tudo isso, eu virei adulto e ia me virando... Até aquela maldita noite!

Eu estava no bar que frequentava e onde eu podia paquerar um pouco sem ser julgado. Um gay asiático era um fetiche por ali, eu era bonito e sabia disso, então eu curtia sem grandes problemas. Estava de folga, sem lavar pratos pelo fim de semana... eu estava feliz.

E foi então que encontrei aquele cara que chegou em mim sem muitas palavras, mas eu sabia o que ele queria e eu estava a fim, então os amassos foram bons nos primeiros minutos... Até eu sentir a arma na cintura dele e me afastar negando.

Não, aquilo era problema.

— Relaxa, estou de folga, é só costume.

— Não gosto de armas, amigo. Melhor terminarmos por aqui.

Disse sério dando dois passos para sair no beco em que fomos parar aos amassos e tentar voltar para o bar. A noite estava definitivamente encerrada para mim.

Só que não para ele.

Ele me puxou e prendeu na parede me encarando frio:

— Não tão cedo, vagabunda. Vamos terminar o que começamos.

Eu conhecia aquele maldito olhar, eu já tinha visto tipos como aqueles no bordel que minha tia trabalhava como serviços gerais... O olhar de uma porra de 'forçador de barra filho da mãe. Ainda assim eu mantive a calma e o olhei firme:

— Outro dia, hoje não.

Ele apenas sorriu. Sim, a porcaria de um sorriso de quem não aceitava não como resposta.

Ele era mais forte, estava armado e estávamos na merda de um beco isolado que ninguém vinha se meter quando estava ocupado. Eu sabia o que ia acontecer e quis me socar por meu mal hábito de péssimo julgamento.

Man downWhere stories live. Discover now