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O Começo da Provocação

Era o primeiro dia de aula do novo semestre, e o colégio estava cheio de agitação. Estudantes novos e antigos cruzavam os corredores, ansiosos pelo que viria pela frente. Entre eles, S/N caminhava com confiança, cercada por seu grupo de amigos. Popular desde o primeiro ano, S/N dominava o ambiente com seu carisma e jeito extrovertido. O sorriso fácil e o olhar ousado que ela lançava para todos a mantinham no centro das atenções. Mas havia uma pessoa em especial que ela parecia ter em mente desde o começo do ano.

Billie Elish, por outro lado, era o oposto. Sempre reservada, ficava à margem das interações sociais. Ela mantinha os olhos no chão, os fones de ouvido sempre conectados, tentando passar despercebida. Era assim que Billie sobrevivia ao caos da escola — quieta, invisível, e tentando ignorar as olhares e comentários que, vez ou outra, surgiam sobre ela. Como uma menina trans, Billie enfrentava desafios diários, e o colégio parecia ser um campo de batalha que ela tentava atravessar em silêncio.

S/N nunca deixava Billie escapar de sua visão. Não que ela odiasse Billie; na verdade, o interesse de S/N pela garota era mais complexo do que qualquer pessoa poderia imaginar. No entanto, S/N não sabia como lidar com isso. Então, em vez de expressar o que realmente sentia, ela escolhia provocá-la, como se as provocações a protegessem de seus próprios sentimentos.

Naquele dia, o corredor estava movimentado, e S/N viu Billie passando, os ombros caídos, a cabeça baixa, como de costume. Uma faísca de excitação passou por ela. Sem pensar duas vezes, ela acenou para seus amigos, apontando discretamente para Billie.

— Ei, olha quem está vindo aí — disse S/N, com um sorriso malicioso. — A nossa Billie Elish. Sempre no mundo dela, não é?

Seus amigos riram, mas era S/N quem conduzia o show. Ela se afastou do grupo e foi direto até Billie, parando no caminho dela. Billie olhou para cima, surpresa ao ver S/N bloqueando sua passagem. Os fones de ouvido de Billie ainda tocavam uma música baixa, mas ela sabia o que estava por vir. Tentou desviar, mas S/N foi mais rápida.

— Vai aonde com tanta pressa? — perguntou S/N, com um tom de voz que soava amigável demais para ser sincero.

Billie suspirou, tentando manter a calma. Ela sabia que não adiantava responder. Então, tentou passar por S/N, mas a garota deu mais um passo, bloqueando-a novamente.

— Qual é, Billie, vai ignorar a gente de novo? — S/N riu, chamando a atenção de mais alguns alunos próximos. — Você sempre com esses fones de ouvido, no seu mundinho. Acha que é uma super estrela ou algo assim?

Os amigos de S/N riram, mas Billie se manteve em silêncio, com os olhos fixos no chão. Ela não queria confrontos. Não queria dar a S/N a satisfação de ver que aquilo a afetava. Mas, por dentro, ela sentia o desconforto crescer. O coração acelerado, as mãos suando, a sensação de querer desaparecer dali.

S/N, percebendo que Billie não responderia, decidiu ir além. Ela se inclinou levemente, chegando mais perto de Billie, o sorriso ainda nos lábios, mas com um brilho malicioso nos olhos.

— Você sabe que não pode se esconder para sempre, né? — disse S/N, a voz mais baixa, mas ainda cheia de provocação. — Talvez um dia você até tenha coragem de sair do seu mundinho e encarar a realidade. Mas até lá... você vai continuar sendo a esquisitona que todo mundo finge não ver.

Billie mordeu o lábio, lutando contra as lágrimas que ameaçavam surgir. Ela respirou fundo, tentando se afastar, mas a dor das palavras de S/N já havia se instalado. Não era só a provocação, mas o fato de que, no fundo, Billie desejava ser vista por S/N de outra maneira. Ela queria que S/N olhasse para ela, mas não com desprezo. Era isso que a machucava mais.

— O que foi? Vai chorar? — perguntou S/N, vendo a expressão de Billie mudar.

Antes que S/N pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz firme soou pelo corredor.

— Deixa ela em paz, S/N.

Todos viraram a cabeça para ver quem havia falado. Era uma das professoras, que passava por ali e testemunhara parte da interação. S/N deu um passo para trás, o sorriso rapidamente desaparecendo de seu rosto. Ela deu de ombros, fingindo indiferença.

— Só estávamos brincando, professora — disse S/N, tentando parecer inocente.

A professora olhou firme para S/N, mas não disse mais nada. S/N sabia que deveria parar ali, pelo menos por enquanto. Ela se virou para seus amigos e, com um gesto rápido, chamou-os para seguirem em frente. Billie, por sua vez, ficou parada, sentindo o alívio momentâneo de estar livre da atenção indesejada.

Enquanto S/N se afastava com seu grupo, ela olhou para trás, observando Billie por um momento. Havia algo em seus olhos que nem mesmo S/N conseguia entender. Talvez arrependimento. Talvez confusão. Mas, por enquanto, o que restava era a dúvida.

Billie, por outro lado, se abaixou um pouco mais, ajustando os fones de ouvido, tentando se isolar da realidade que parecia sempre contra ela. Mais um dia havia começado, e tudo o que ela queria era sobreviver até o fim dele.

Mas, de alguma forma, no fundo, ela não conseguia evitar de se perguntar: por que S/N a provocava tanto? E, mais ainda, por que isso ainda importava tanto para ela?


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⏰ Última atualização: Oct 15 ⏰

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A estranha~S/N e billie elish//G!POnde histórias criam vida. Descubra agora