de volta

21 5 4
                                    


                                           Soraya

Soraya estava sentada na cama do hospital, uma luz fluorescente iluminava o pequeno quarto, refletindo em seus olhos cansados. O cheiro de desinfetante pairava no ar, misturado com o aroma de flores que Janja trouxera. A amiga estava ao seu lado, segurando a mão dela com firmeza, mas a expressão no rosto de Soraya era de desespero e exaustão.

—Eu não sei como cheguei aqui, Janja—disse Soraya, a voz tremendo. —Eu só queria trabalhar... fazer tudo perfeito, e agora... olha onde estou.

Janja apertou a mão dela, tentando transmitir um pouco de força. —Você não precisa carregar o mundo nas costas, Soraya. Ninguém consegue suportar isso. Você só está se machucando.

Soraya olhou pela janela, onde a luz do sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa. —Eu sei, mas eu sempre fui assim. Sempre acreditei que precisava ser a melhor... a mais dedicada.

—Mas a que custo?—Janja perguntou, a preocupação evidente em seu tom. —Você precisa se cuidar. A vida não é só trabalho.

As palavras de Janja ecoavam na mente de Soraya, mas a sensação de culpa a consumia. Ela havia deixado de lado tantas coisas, tantas pessoas.

Após algumas horas, o médico entrou no quarto, interrompendo seus pensamentos. —Soraya, precisamos conversar sobre a sua alta. Você está estável, mas é importante que você tenha um plano de recuperação.

—Eu não sei se estou pronta para voltar— admitiu Soraya, a voz quase um sussurro.

—É compreensível. O que você precisa é de um ambiente tranquilo. A fazenda dos seus pais pode ser o lugar ideal para isso—sugeriu o médico, olhando-a com empatia.

—Voltar para a fazenda?—Soraya repetiu, a ideia balançando seu coração.

—Você não está sozinha, Soraya— Janja interveio. —Eu estarei com você. E seus pais vão te apoiar.

Depois de um banho revitalizante e algumas horas de descanso, Soraya sentiu-se um pouco mais disposta. Janja a acompanhou até a saída do hospital, onde o ar fresco a envolveu como um abraço. O caminho até a fazenda parecia longínquo, mas cada quilômetro que passavam a levava de volta a um lugar que sempre fora seu porto seguro.

—Quando chegarmos, quero que você se lembre de todas as vezes que você e seus pais se divertiram juntos— disse Janja, tentando animá-la. —Aquela sensação de liberdade e amor.

Ao avistarem a fazenda, Soraya sentiu um nó na garganta. As lembranças começaram a vir como uma enxurrada. Ela se lembrou de correr pelo campo, de ajudar a mãe na cozinha e de ouvir as histórias do pai sob as estrelas.

Quando Soraya saiu do carro, uma onda de nostalgia a envolveu. O cheiro do campo, o canto dos pássaros, tudo parecia acolhedor. A porta da casa se abriu e sua mãe apareceu, com um sorriso que iluminou seu rosto.

—Soraya!— Sua mãe correu até ela, envolvendo-a em um abraço apertado. —Eu senti tanto a sua falta!

—Eu também, mãe,—respondeu Soraya, sentindo as lágrimas escorrerem. —Desculpe por não ter vindo antes.

—Não precisa se desculpar, querida. O importante é que você está aqui agora—disse sua mãe, passando a mão pelo cabelo de Soraya, como fazia quando ela era criança.

—Vamos preparar algo para você comer. O que você gostaria?—seu pai perguntou, aparecendo na porta com um sorriso largo.

—Qualquer coisa que você fizer, pai. Estou morrendo de saudades da sua comida— Soraya respondeu, a lembrança das refeições em família trazendo um sorriso ao seu rosto.

Fazenda alvorada | simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora