A Chegada

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Enfim terminei esse bendito mestrado, e agora posso ensinar outros a serem professores desse amado idioma. Me chamo Nam Yuu e (finalmente) sou professor e mentor de língua inglesa; fazer e concluir esse mestrado foi bem mais difícil do que imaginei e saber que venci a tentação de trancar a faculdade é mais que revigorante.

Ao entrar na sala dos professores, eu peguei a chave do meu armário para abri-lo e pegar as atividades que preparei pra meus alunos. Após um pequeno momento,  recuperei as folhas e quase as deixo cair no chão graças ao bom e velho abraço de urso da minha melhor e única amiga Aoi Koyo, professora e mentora de artes.

– Nam! Que saudade! — diz a ruiva, me abraçando por trás fortemente.

– Você está me sufocando... — digo quase ficando roxo pela perda de ar.

– Oh, perdão! É que, sabe, eu estava tão animada por esse dia... — ela disse envergonhada enquanto me soltava.

– É, eu percebi... — digo ajeitando as roupas e arrumando os óculos.

– Na verdade, faz 5 anos que eu estou esperando isso, já que alguém aqui demorou pra pegar o diploma. Mas enfim, como ficou seu relacionamento depois daquela briga? — ela pergunta e eu cruzo os braços.

– Ficou pior do que já estava... Além de me ignorar todas as vezes que eu abro a boca pra conversar, ele está agressivo e ele explode de raiva quando bebe... Sem contar que ele me bate quando eu menciono o término do namoro... — suspiro, me sinto derrotado ao lembrar disso novamente.

– Ah, que saco amigo... Mas olha, isso vai passar... Creio que há vários homens precisando de alguém tão carinhoso e fofo tanto quanto você! — a mais alta dá um leve aperto na minha bochecha direita, parecendo uma avó cumprimentando o neto.

– Obrigado, Aoi. — fico feliz em saber que Aoi se importa comigo e me trata como se eu fosse seu irmão mais novo. Ela sempre cuidou tão bem de mim, não me surpreende ela ser minha amiga há mais de 10 anos...

– Falando em homem que presta, eu tenho uma boa sugestão pra você!

– Ah, lá vem... Tá bom... Quem é o sujeito?

– É o doce e amável Lee Yeon, universitário e professor de coreano, ele é um amor de pessoa e é sempre gentil com todo mundo daqui. — eu começo me sentir interessado e solto um pequeno zumbido apreciador.

Hmmm... Ok... E cadê ele?

– Ele está ali, é o homem vestido de cinza bebendo chá. — pela descrição dela, eu consegui notar um homem bem alto de terno cinza e gravata preta, seus cabelos negros e bem arrumados o fazem se destacar dos demais mentores, ainda mais pelo jeito formal e elegante que ele segura a xícara de porcelana e bebe o chá; seu físico avantajado e olhar sofisticado enquanto corrige algumas atividades chamou minha atenção.

Mmmm... Ele é bem bonito, mas já ouviu aquele ditado popular? "A onde se ganha o pão, se come a carne." Então, eu tenho receio de não dar certo e ele parece ser hétero. — ela revira os olhos, bufa e retruca:

– Já ouviu o ditado "as aparências enganam"? Pois é, ele é a personificação disso, já vi ele rejeitando inúmeras vezes várias mulheres e o mesmo já me disse que elas não fazem o tipo dele. — enquanto Koyo tagarelava eu só podia pensar em uma coisa... Ele estava olhando diretamente para mim com aquele olhar penetrante que com certeza perfurou a minha alma, e assim percebeu que eu notei seus olhares de falcão, o maior se levantou e foi até mim.

– Me desculpe por interromper sua conversa com a senhorita Aoi, mas o senhor é o universitário novato de língua inglesa? — minha respiração engatou na garganta depois dos meus ouvidos terem escutado a voz profunda e grossa dele, e por um estante eu tinha esquecido como falar.

– Sou eu mesmo... — o mais elegante deu um sorriso tão brilhante, que fez o cupido lançar uma flecha e acertando em cheio o meu coração, aquele sorriso radiante só me fez pensar que ele fosse um anjo.

– Bom, isto é para você. — ele retira um pirulito de um dos bolsos de seu terno chique e gentilmente me entrega ainda com o sorriso no rosto. – Seja bem-vindo à nossa universidade; Koyo fala muito de você, a propósito me chamo Lee Yeon, mentor e professor de coreano. — ele estende a mão para me cumprimentar; assim que toco naquela mão gigantesca, sinto sua pele dura com calos presentes nela.

– Obrigado, prazer em conhecer você Yeon, eu me chamo Nam Yuu... — eu tropeço e me embolo todo para falar com ele, nossas mãos se separam e senti meu coração choramingar por mais toque físico.

– O prazer é meu, senhor Yuu, eu posso ter a honra e gentileza de te apresentar o local?

– Oh, claro!

[...]

Após um bom tempo ele me mostrou todos os lugares e todos os funcionários de lá, além disso ele me entregou o horário já que fica encarregado de dar os horários para os novatos e mostrar a sala onde vão trabalhar.
Fui até a sala dar a aula com o pensamento de que Lee Yeon só fez isso comigo por ser novato e ele faz isso com todos os iniciantes e que eu ainda não posso me iludir por outro homem, por infelizmente estar num relacionamento, mesmo que seja uma relação abusiva, eu ainda estou em um relacionamento e eu não vou me dar o luxo de estragar essa relação que já está podre e mofada com uma traição, mesmo que eu queira me libertar daquele homem que só me traz pesadelos e angústia, eu tenho que ser fiel ao meu parceiro... Mesmo ele sendo um monstro estando bêbado ou não.

Fui para o meu apartamento depois de um longo dia de trabalho e reflexão, Aoi disse que homens como Lee Yeon são raros e que seu porte físico avantajado os acompanha da cabeça aos pés, e do jeito que ela disse, claramente ela estava se referindo ao órgão genital dele, talvez ela tenha um pouco de razão (?)...
Balanço a cabeça ao pensar nesse assunto, olho para o sofá e vejo Woo Jun, meu atual namorado tóxico, arrogante e abusivo, ele estava mexendo no celular; cansei de chegar em casa e o cumprimentar  já que ele não vai me responder de volta como nos velhos tempos em que eu chegava em casa e ele me abraçava e me beijava, hoje ele mal olha pra mim. Tomo banho, faço o jantar e após comer, escovo os dentes.
Já na cama, Woo me espera só de roupão.

– Ei pequeno, vamos transar hoje? — pergunta ele indo direto ao ponto enquanto me vê sentando na cama com o meu pijama de ursinhos.

– Olha Woo, eu não estou afim...

– Mas já faz tempo que nós fizemos sexo... Por favor, pequeno... só um boquete já está bom pra mim... — eu reviro os olhos quando ele toca em minha cintura e largo o livro que estava lendo.

– Eu já disse que não quero fazer nada, então por favor, respeite meu espaço.

– Você sabe que tem que obedecer e fazer tudo que eu mando, então para de fazer birra e abre logo a porra dessas pernas. — ele me puxa para seu colo e na tentativa de me defender eu dou um tapa nele.

– Eu disse que não quero!

Slap!

– ...

– ...

– ... O que caralhos você acabou de fazer, sua putinha?! — ele disse e eu já sabia o que ia acontecer quando vi seus punhos  cerrando.

Sfap!

Ele está me espancando... De novo... Ele simplesmente não consegue ouvir um "não" sem surtar... Ele me bateu, me socou, me chutou... Mas eu já me acostumei tanto com isso que nem dói mais. Amanhã eu vou ter que esconder os hematomas com maquiagem e aqueles que não podem ser escondidos com maquiagem, eu coloco um simples curativo.

Até quando isso vai durar?...

Lessons of Affection (BL)Onde histórias criam vida. Descubra agora