Anos após um encontro breve e inesquecível, Nathaly jamais esperava reencontrar Apollo, o garoto que marcou sua adolescência e o primeiro que fez seu coração palpitar, muito menos esperava que ele fosse o primo da sua melhor amiga. Agora, dividindo...
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O vento gélido fez os pelos finos em meu braço se arrepiarem, me fazendo pigarrear em meio ao silêncio. Quando eu disse para Apollo que ele poderia fazer a visita ao apartamento quando estivesse livre, eu não imaginava que ele fosse tão desocupado assim, ao menos, não ao ponto de vir uma semana depois da nossa conversa anterior.
— Então… — comecei, quebrando o silêncio irritante. — O que achou?
Como se eu fosse louca, Apollo franziu o cenho para mim, voltando sua atenção para a porta fechada em sua frente como se não precisasse me responder de imediato e de fato estivesse fazendo uma avaliação detalhada. Convenhamos que se ele não estivesse interessado por um apartamento, não estaria aqui depois de um dia cansativo. Se ele não estiver em busca de um bom local para morar, por que ele perderia o seu tempo?
— Você sabe que acabamos de entrar, não é? — seu tom soou divertido e, embora seu rosto estivesse fora do meu campo de visão, tenho certeza de que ele está com aquele sorriso que me irrita. — Você está ansiosa para me ver indo embora ou só com medo de que eu fique por aqui por tempo demais?
Rindo sarcasticamente, sinto uma das minhas sobrancelhas se erguer. Cada palavra dele é como um toque irritante, quase uma provocação silenciosa, o que me faz concluir que isso vai ser pior do que eu tinha imaginado durante o percurso até aqui. Se arrependimento matasse, eu não estaria morta. Não, isso seria muito pouco. Eu estaria no último estágio de decomposição!
— Estou começando a acreditar que eu prefiro viver isolada igual um bichinho do mato. — retruco, dando um revirar de olhos para o maior. — Acho que isso responde à sua pergunta.
Com mais pressa do que o necessário, ando em direção à cozinha enquanto tento ignorar o eco da voz de Apollo vindo do outro cômodo. A luz da lua que estava iluminando o local escuro se mistura com o branco da lâmpada. Enquanto meus olhos percorrem o armário, o silêncio novamente toma conta do apartamento, fazendo meus pensamentos falarem mais alto. De certa forma, prefiro que seja assim, apenas pensamentos não ditos.
Apollo não parece o tipo de pessoa que precisa de ajuda, ele aparenta ter autoridade o suficiente para cuidar de si próprio e de quem quer que seja que precise da sua ajuda. É como se ele estivesse se sentindo em casa antes de estar de fato em casa, o que, por um lado, faz com que eu não me sinta tão mal em deixá-lo sozinho enquanto preparo algo para comermos, mas, por outro lado, me irrita sem nenhum motivo aparente.
Foco minha atenção nos pratos à minha frente, deixando que o moreno vasculhe cada centímetro do apartamento. Como se sentisse o cheiro de comida, minha barriga ronca em protesto. Acredito que Apollo também esteja com fome, e, embora a culpa de não estarmos lanchando com Dan e Ash seja totalmente dele, eu ainda me sentiria mal por não alimentar o cãozinho ranzinza que estou prestes a adotar.
— Não entre na porta da direita, por favor! — grito, observando na pontinha do pé o moreno se mover pelo corredor onde ficam os quartos. — Esse é o meu e não curto visitas.