O despertar| 1

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Irina Malova

Hoje faz exatamente dois anos que minha vida está perfeita

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Hoje faz exatamente dois anos que minha vida está perfeita. A única coisa que me faltava era casar com Dmitri Volkov. Estava louca para agarrar esse homem e não soltar mais, mas ele nem me olhava com desejo.

Estava na empresa dele, e a cada dia eu entendia mais por que o pai da Anastasia queria que ela se casasse com Dmitri. O cara é podre de rico, e agora é só meu. Chego no escritório dele e abro a porta — ele está sem secretária.

— Oi, meu gato! — falo, dando a volta na cadeira e começando a massagear suas costas. Mas ele se levanta rapidamente.

— Preciso de uma secretária urgente, estou atolado de trabalho — ele diz, caminhando até a parede de vidro do escritório, que tem uma linda vista da cidade.

— Pode deixar, eu resolvo isso para você — digo, parando ao lado dele.

Eu ia arrumar uma mulher bem feia. A outra secretária dele era muito bonita, por isso eu a matei, para não ficar perto do meu homem. Desta vez, não cometeria o mesmo erro.

— Vou te agradecer muito, Anastasia — ele me chama assim. Eu odiava esse nome, mas precisava manter a farsa.

— E sobre o nosso casamento? Eu preciso me casar logo! — digo, já cansada, pois ele sempre evitava o assunto.

— A gente resolve isso depois — ele responde, já abrindo a porta e me colocando para fora.

— Não se esqueça da minha secretária — ele me avisa, fechando a porta na minha cara.

Ele é lindo, mas será que não gostava de mim ou da ideia de casar por dinheiro?

Pego meu carro e sigo para um hospital distante, numa viagem exaustiva de duas horas. Ao chegar, vou direto ao quarto dela. Ela estava em coma, com o rosto todo enfaixado, para ninguém reconhecê-la. Além disso, eu a odiava por ser bonita demais. Sempre fui a segunda opção. O médico que eu pago chega ao quarto e diz:

— Ela não tem nenhuma chance de acordar, e eu também não deixo ninguém entrar aqui.

— Ótimo, tome seu dinheiro — digo, já retirando o envelope da minha bolsa.

Depois que ficamos a sós, aproximo-me dela. Ela estava completamente enfaixada. Seguro seu queixo por baixo dos curativos.

— Eu te odeio. Veja só, tudo o que era seu agora é meu... Foi ótimo matar seu pai e cortar os freios do seu carro — digo, apertando seu queixo.

Saio horas depois. Ao deixar o hospital, percebo uma confusão por causa de um acidente, mas decido ignorar e seguir com minha vida.

 Ao deixar o hospital, percebo uma confusão por causa de um acidente, mas decido ignorar e seguir com minha vida

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Anastasia Romonova

Eu acordo com uma dor enorme na cabeça, e minha garganta está seca

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Eu acordo com uma dor enorme na cabeça, e minha garganta está seca. Tento me mover, mas parecia que eu carregava o peso do mundo nas costas. Assim que abro os olhos, ouço a voz de Irina. Rapidamente, fecho os olhos novamente e fico imóvel.

Escuto toda a conversa com o médico, ela entregando dinheiro e falando sobre ter assumido a minha vida. Isso foi suficiente para que minhas memórias voltassem até o momento do acidente e da morte do meu pai. Ela sai, me deixando sozinha, mas logo depois a porta é aberta pelo mesmo médico que estava com ela.

Sinto ele se aproximar, tocando minhas pernas. Meu coração para por alguns segundos. Esse homem estava me assediando?

— Não vejo a hora de você acordar. Estou diminuindo as doses para você sair do coma. Assim que acordar, vou te levar para minha casa, bonequinha — ele fala, enquanto suas mãos sobem com malícia. Mas eu não tenho voz ou forças para gritar.

— Acordou, bonequinha... Finalmente acordou! — ele diz, observando os meus sinais vitais.

— Eu quero vingança! Me ajude? — sussurro, abrindo os olhos por entre as ataduras que cobriam o meu rosto.

— Tudo o que você quiser, bonequinha — ele responde. Meu corpo se arrepia, mas ele é a minha única chance de ser livre.

Eu preciso sair daqui. E ele é a minha única chance. Depois de algum tempo, recobro os sentidos. Ele retira as ataduras que cobriam o meu rosto. Nesse meio tempo, chega uma mulher com o rosto também enfaixado, com a mesma estatura que a minha.

— Ela sofreu um acidente e está em coma — ele diz, enquanto me ajuda a levantar.

— Eu quero que ela se passe por mim, para que Irina não sinta a minha falta. Vou pagar tudo para ela assim que eu recuperar a minha fortuna.

— Pode deixar. Eu resolvo isso.—  Ele fala com sua voz grave. Tenho medo do que pode acontecer com essa aliança, mas essa era a minha chance.
Horas se passam. O doutor Marcos me ajuda a sair sem que ninguém perceba. Eu tinha um fundo de emergência que meu pai havia guardado. Esse dinheiro, ninguém nunca descobriria, pois apenas eu e ele sabíamos da sua existência. Viro-me para Marcos, que me deixou em um ponto de ônibus.

— Obrigada pela ajuda, mas eu não posso ser a sua bonequinha... Minha sede de vingança é maior que qualquer coisa — falo, segurando suas mãos.

— Eu sei que parece estranho... Mas me apaixonei por você enquanto cuidava de você nesses dois anos — ele diz, acariciando minhas bochechas.

— Torne-se uma pessoa melhor. Você sabe onde me encontrar — digo, entrando no ônibus que acabou de parar.

Eu seguiria minha vida com uma nova identidade. Tenho a casa da minha falecida avó, de antes de minha mãe conhecer meu pai. Ela vinha de uma família pobre, esse é o lado da minha vida que Irina não conhece. Essa é a minha chance de recomeçar. Estava em um bairro mais simples de Moscou, longe do hospital. Mas aqui era o lugar perfeito para assumir uma nova identidade, onde ninguém me conhece. Eu iria pegar tudo o que é meu por direito.




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