Cap. 16

147 23 7
                                        

Emergir após você ter quase se afogado te faz sentir aliviado, exasperado, inquieto, feliz e ao mesmo tempo desesperado. Sua respiração se descontrola e seu pulso acelera inexplicavelmente. Era exatamente assim que
Addison se sentia, como se quase houvesse se afogado.

Meredith era seu mar.

Os lábios quentes sobre os seus não a deixavam pensar, só sabia de algo: Precisava de mais e foi com tal pensamento que apenas permitiu a passagem da língua da menor, vibrando internamente com o contato.

Não era um beijo qualquer, era Meredith ali.
MeredithGrey. Ela não podia acreditar naquilo, não conseguia cair sua ficha de que beijava a garota que...

Ela vetou seus pensamentos quando a menor chupou seu lábio inferior e enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, arranhando as unhas curtas em sua pele, causando a inflamação de todo seu corpo. Meredith voltou a aprofundar o beijo e Addison puxou mais para si, levando uma de suas mãos até os cabelos da nuca da menor e a enfiando ali, os puxando de leve, sentindo a textura sedosa dos fios entre seus dedos enquanto suas línguas se encontravam em um perfeito encaixe.

Meredith arfou contra sua boca e apertou sua cintura, tentando juntar ainda mais os corpos, como se os tentasse fundir.

-- Detentas! -- A voz firme e ríspida de uma das guardas fez elas separarem as bocas, sem se afastarem totalmente. Aqui não é lugar para isso. -- Ambas assentiram, se afastando de vez uma da outra.

-- Não deveríamos ter feito isso. -- Addison, que possuía seu lábio ligeiramente avermelhado, falou e Meredith negou com a cabeça.

-- Claro que deveríamos. -- Disse, sem se importar com o fato de pouco tempo atrás ter pensado que deveria tentar não se apaixonar por Addison.

-- Você tem problemas de interpretação? -- Addison perguntou. -- Robbins disse para você não encarar e você me encarou; eu disse para não se aproximar e você vive criando conversas íntimas; agora digo que não deveríamos e você diz que sim.

- Não tenho problemas de interpretação. Apenas sei formar opinião própria. -- Meredith rebateu e Addison suspirou, indo em direção à sua cela.

-- Pare de me seguir, Meredith! -- Addison pediu.

- Só quando me disser por que não deveríamos. -- Meredith falou e Addison entrou em sua cela, subindo em sua cama e se virando para a parede. Meredith suspirou e se encostou na parede de frente para o beliche. -- Eu não sabia que te incomodava tanto assim. Desculpe.

-- Não faça isso.

- Isso o quê? -- Meredith perguntou e Addison se virou para ela.

-- Esse drama todo, me mostrando que estou reagindo exageradamente. - Addison explicou e Meredith a fitou, sorrindo fraco antes de assentir e se deitar em sua cama. O silêncio perturbador fez Addison suspirar. - Meredith?

Silêncio.

-- Meredith?

-- O que é? -- Meredith perguntou e Addison se equilibrou em seu peito, olhando para a cama de baixo.

-- Está brava comigo? -- Addison perguntou e Meredith negou. -- Então por que não me respondeu de primeira?

-- Não faz sentido as discussões idiotas que temos. Você é um maldito ponto de interrogação que fica no final de toda frase minha. -- Meredith disse encarando-a, vendo os olhos verdes refletirem um lampejo de tristeza.

-- Desculpe. -- Addison murmurou e Meredith se surpreendeu. -- Só há perguntas que para a minha proteção eu devo manter as respostas para mim. -- Addison falou. -- Eu ainda tenho mais dois anos aqui, preciso manter meu foco.

-- Bem, se a minha advogada não for eficiente o suficiente eu ainda tenho vinte e dois, então boa sorte com seus dois anos. -- Meredith disse e Addison mordeu seu lábio inferior, descendo da cama de cima.

-- O que fez para pegar tanto? -- Addison perguntou curiosamente e Meredith foi para o canto de sua cama, esticando a mão para Addison.

A maior encarou sua mão com hesitação, até finalmente segurá-la, sentindo a menor lhe puxar para seu lado. Addison respirou fundo, sentindo o cheiro do condicionador de Meredith impregnado no travesseiro.

-- Não fiz nada, mas fui acusada do assassinato do meu irmão e de ter tentado assassinar minha mãe. -- Meredith disse, vendo Addison arregalar os olhos completamente surpresa. -- Eu não fiz isso, eu juro, mas sei que você não vai acreditar em mim. -- Meredith disse, brincando com a baínha de sua camisa.

Ela se surpreendeu quando sentiu Addison acariciar seu rosto, fitando-a com seu olhar carregado de afeto.

-- Você poderá pegar uma boa grana quando processar esses babacas do Estado, uh? -- Addison perguntou e Meredith assentiu ainda cética.

-- Você vai acreditar que sou inocente assim... fácil? -- Meredith perguntou e Addison assentiu.

-- Já acreditei. -- Addison disse sorrindo de lado e Meredith se virou para ela.

-- Eu não vou perder meu tempo processando eles. -- Meredith disse e Addison franziu o cenho.

-- Por que não? -- Indagou sem jamais deixar de acariciar o rosto da menor, que suspirou ante ao toque gentil.

-- Porque eu quero viver minha vida,
desfrutar das coisas que eu não dava valor antes, sabe? -- Meredith perguntou. -- Não quero ficar enfurnada em uma sala o dia todo diante de uma pilha de papéis. Quero ir no parque central e me deitar sobre o gramado enquanto admiro os pássaros no céu e sinto o ar fresco acariciar minha pele.

-- O futuro amor de sua vida poderia estar junto e ambos poderiam alimentar os patos. --
Addison disse e Meredith sorriu, assentindo.

-- Me soaria um bom lugar para eu dizer que a amo. -- Meredith disse e Addison suspirou. -- Uma pena nada disso existir. --  Falou e
Addison assentiu.

-- Mas você tem chances de ser feliz quando sair daqui, sabe? Viver, receber de bom tudo o que já ofereceu a este mundo. -- Addison disse e Meredith subiu seu olhar, analisando meticulosamente cada palavra que Addison havia dito.

-- Por que sempre fala como se eu tivesse sido uma heroína lá fora? -- Meredith perguntou e Addison negou, parando sua carícia.

- Nada. -- Respondeu baixando seu olhar. -- Se sua advogada conseguir sua inocência você sai em quanto tempo?

-- Cinco meses e duas semanas. -- Meredith disse e Addison assentiu, fitando os lábios tão atrativos da menor.

-- Acho que mudei de ideia sobre nos beijarmos. -- Ela sussurrou e Meredith a olhou cheia de expectativa. -- Mas me prometa que não fará tantas perguntas.

- Não posso prometer isso. -- Meredith disse, umedecendo seus lábios. -- Mas gostei da ideia de voltarmos a nos beijar loucamente. -- Meredith disse sorrindo maliciosa e Addison riu. -- Por que mudou de ideia? -- Indagou curiosa e a maior suspirou, passando um braço por seu corpo, a abraçando.

-- Porque sei que será inocentada e, bem, acho que eu gostaria de aproveitar o pouco que vou ter de você. -- Addison confessou ruborizando e Meredith sentiu um arrepio cortar sua espinha.  Quanto mais tempo passava, mais encantadora Addison se tornava aos seus olhos.

-- Então pode aproveitar bastante. -- Meredith sussurrou, levando uma mão até a nuca de Addison para então arrastar as unhas ali, vendo um novo brilho nascer nos olhos da maior.

Ela gemeu quando sentiu Addison beijá-la e então a menor a puxou mais para cima de si. Aparentemente os próximos meses não seriam nada ruins trancafiada ali com a maior.

Entretanto, de alguma forma, incomodava se imaginar saindo daquele presídio e deixar Addison para trás. Ela espantou seus pensamentos ao ver o rumo que estavam tomando. Focaria no "agora" e, bem, o "agora" possuía a língua de Addison se encontrando com a sua enquanto sua mão direita adentrava a camisa de Meredith para acariciar diretamente sua pele.

É, o "agora" era bem atrativo.

Presa por Acaso - Meddison Onde histórias criam vida. Descubra agora