P r e f a c e

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QUANDO SE É UMA CRIANÇA———— prólogo

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QUANDO SE É UMA CRIANÇA
———— prólogo.
'a esperança é uma droga alucinógena.'

   Tudo começou no final daquele verão.

Scarlett recusou pela primeira vez ir à compras com sua mãe e sua irmãzinha e sentiu-se péssima por isso. Sabia o quanto Fate estava animada para mudar de escola e era o suficiente para ela também estar levemente animada.

A alegria de sua irmã fazia a sua, sempre.

Mas naquele dia em específico, a cólica descomunal que sentia toda vez na última semana do mês a atacou com força, deixando-a na cama de molho com milhares de guloseimas.

Para o seu horror do período fértil que a deixava mais emocionada do que o normal, ela acabou relembrando sua festa de aniversário de oito anos.

Duas coisas aconteceram nela que mudou a sua vida para sempre. A primeira foi que ela conheceu sua melhor amiga, Emma LaRusso, e a segunda coisa é que foi a primeira vez que ela sentiu a ausência de seu pai.

Ela geralmente pensava muito nele.

Como será que ele era fisicamente? Addison Kreese, sua mãe, não tinha cabelos loiros naturais. Isso quer dizer que seus fios claros eram diretamente dele?

Como será que ele a trataria como filha? Ele a mimaria o suficiente para que chamá-lo de papai mesmo depois dos 15 fosse normal? Quando fugisse de casa, ele sentaria pra conversar com ela? A castigaria? Um eu te amo seria fácil de sair de sua boca?

Ele a amaria?

Eram tantas perguntas sem respostas que ela chegava a se frustrar.

Quando se é uma criança, não da para entender muito sobre abandono e você só delira sobre aquele que mais deseja ter em sua vida, cria cenários nos quais fará ele passar pela porta a qualquer momento.

Isso fazia Scarlett o procurar em todos os lugares.

Em um café da manhã, comendo seu pão com bacon, ela pensava se ele gostaria daquilo também. Ele tinha uma vida saudável? No período da tarde, enquanto fazia seus deveres de casa, se perguntava se ele sentiria orgulho de suas notas ou se nem se importaria com elas. Ele era um
bom aluno?

Quando se é uma criança e não tem um pai presente, você tende a imaginar o que tinha dele. Em frente ao espelho, Scarlett sorria, fazia caretas e se conhecia de uma maneira que nunca faria em qualquer outra ocasião.

Mas não importava o quanto se olhasse, o quão fundo fosse em si mesma, se você não sabia quem era o seu pai, jamais poderia reconhecer os traços dele.

Isso não a impedia de imagina-lo.

Na plateia do teatro, quando tinha uma peça na escola e Scarlett era a protagonista; ela o imaginava ali em um banco vazio, sorrindo de orelha a orelha e sendo o único a aplaudi-la de pé. Todos desapareciam da sua mente. Scarlett não se importava com os elogios, nem com as flores.

Só se importava em imagina-lo na sua vida porque sem esse portal da imaginação, a cadeira estava vazia, os aplausos acabavam e ninguém estava de pé.

Quando fechava os olhos, deitada em sua cama para dormir, seu principal sonho era com um homem de rosto apagado que dava duas batidinhas na porta e entrava. Ele se sentava na ponta da cama e sorria pra ela, que sorria de volta e constatava que seus sorrisos eram parecidos. Então ele se inclinava e...

Beijava a sua testa.

Sonhou tantas vezes com esse beijo, com aquele sorriso e com aquela atenção paterna, em tantos cenários diferentes que poderia descrever os pequenos detalhes.

Mas Scarlett não era mais uma criança e suas atitudes não podiam mais ser justificadas.

Em contra partida, sua curiosidade podia.

Estava sozinha em casa e tinha acabado de terminar de comer todos os seus doces como almoço. Scarlett entrou completamente inocentemente naquele lugar que Addison vivia dizendo para elas passarem longe; o escritório de seu avô.

John Kreese não era uma figura recorrente por ali, mas seu lugar sempre estivera limpo como se esperasse por sua presença.

Apesar de tudo, aquele cômodo tinha a alma do seu avô. Seus passos foram leves e sem qualquer maldade, mas talvez, conforme seus dedos passavam pelos livros, então pelas gavetas trancadas por um moinho de chaves cuidadosamente guardada em uma caixa de vidro em cima da mesa, não fora completamente inocente.

Scarlett não sabia o que podia estar procurando.

Até encontrar.

O que ela tinha em suas mãos era sua certidão de nascimento. O nome de seus avós maternos e paternos, o horário que veio ao mundo, suas condições diagnosticada... Seus pais.

Ela pulou diretamente o nome da progenitora, lendo pela primeira vez o nome de seu pai.

— John Lawrence — ela disse em voz alta, testando o nome.

Sorriu.

Ele tinha um nome, afinal. Poderia achar alguém com o seu nome, não podia? Mas o grande problema de se realizar um sonho de criança quando se já é grande, é que a magia se acaba.

E todos os seus motivos também.

E todos os seus motivos também

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Espero que vocês gostem!

Quem vem comigo há muito tempo, sabe que Daddy Issues não é um assunto tão surpreendente assim em minhas personagens. Quem sabe um dia uma delas tenha um pai bom o suficiente, né?

Scarlett é, de alguma forma, especial.

Não é como as outras e espero que vocês consigam compreender isso conforme forem lendo. Amo vocês.

💋
Debs.

THE SECRET OF US || Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora