quatro.

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Seraphina

O ônibus está balançando muito, até demais para o meu gosto, tento não olhar para a janela, senão meu estômago vai embrulhar, e vômito não está nos meus planos no dia de hoje.

- Ouvi dizer que fazer muita careta causa danos irreversíveis- O tal do Ravi murmura com um sorriso convencido.

- Ouvi dizer que gente que se entromete aonde não é chamado sempre acaba se fodendo.- Não murmuro, pelo contrário, falo isso em alto e em bom som.

Ele fica em silêncio, apenas ouvindo sua música e mexendo no celular, pelo pouco que eu consegui ver, está falando com sua mãe, bem eu queria, mas minha mãe odeia falar por mensagem, ela ainda prefere métodos menos convencionais e mais antiquados, como dragões correio, ou cartas que demoram cerca de 3 meses para chegarem ao seu destinatário.

O ônibus revira novamente, levando meu estômago consigo.

"Meu deus, faça essa merda desse ônibus chegar logo, ou só vai restar pedaços de cabelo de mim aqui"

Ethan

Benjamin é um garoto estranho, ele fica me olhando pelo canto do olho, depois tosse ou murmura algo que eu nunca consigo ouvir, e quando eu pergunto"falou algo?" Ele sempre responde "não, não"

- Então, quantos anos você tem?" Pergunto me virando para o mesmo.

"Eu tenho 16, e você?"

"Tenho 15, vou fazer dezesseis em dezembro"

"Entendo"

Ele então se vira pra frente novamente e continua seu ritual de tossir e murmurar e eu apenas escuto minhas belas músicas enquanto imagino diversas possibilidades para esse ano.

Ravi

Já estamos perto da escola, consigo ver o topo do castelo ao longe nas nuvens, meu estômago embrulha, e não é por causa da paisagem, acho que o jantar de ontem não caiu muito bem, ou também pode ser o sentimento excruciante de ter medo de não conseguir fazer muitos amigos.

Seraphina continua com a cara enrugada e impassiva, eu acho que tenho um pouco de medo dela, por mais que eu ache que por trás de cara carranca, existe um coração frágil e mole.

Decido cochilar um pouco, mesmo que já estivermos perto, vai me ajudar a não pensar, pensar, pensar e pensar.

Benjamin

Não consigo não encarar Ethan, ele tem uma beleza extraordinária, ele deve estar me achando bem estranho agora, mas não posso evitar, sou um admirador das artes.

Conseguimos ver a escola daqui, é um lugar muito bonito, seus telhados cor de sangue fazem uma mistura perfeita com as paredes verde-musgo e as portas e janelas coloridas.
O "campus" é simplesmente enorme, em toda a minha vida convivendo com humanos comuns eu nunca vi nada parecido.

O ônibus começa a aterrissar, me embrulhando de leve o intestino.

- Crianças, se preparem pois já vamos descer - Fala o Sr. Shepard.

Após o ônibus aterrissar, percebo Ethan cochilando, o sacudo.

- Ei, já chegamos. - Digo, o acordando.

- Ah, muito obrigado por me acordar - ele sorri, mostrando sua dentição perfeita e seus caninos bem afiados e pontudos.

"Aí meu deus, o que esse ano guarda pra mim?" Penso nisso sentindo o nervosismo apenas aumentar.

FeyHaven - A ascensão dos Duendes (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora