Prólogo

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Devil'S Hill - 10 anos atrás

Existem três regras importantes que aprendi desde cedo:

1. O que os pais dizem é lei. Suas palavras devem ser respeitadas acima de tudo.

2. Não posso usar meu poder sem a permissão deles.Eles sempre sabem o que é melhor.

3. É por último, se a vida dos pais for ameaçada, todas as regras podem ser ignoradas. A segurança deles é o que mais importa.

"Nossos filhos são bons, angelicais, diferentes de qualquer outra criança no mundo", diziam. "Mas nem todo mundo pode se tornar seus pais."

Eu lembro daquele dia... Uma criança chorava copiosamente enquanto a freira, sempre gentil, tentava acalmá-la com um sorriso. Seus colegas a rodeavam, tentando confortá-la. Foi quando o homem se aproximou, atraindo a atenção de todos nós.

— A partir de hoje, serei seu pai — ele disse.

O homem gordo usava um casaco de pele luxuoso. Ele me levou até seu carro, igualmente luxuoso, e eu olhava para trás, vendo meus colegas acenando. Mas a freira, que sempre parecia tão bondosa, tinha um outro lado.

— Educação especial? Sim, uma educação muito especial — ela disse, aplaudindo com aquele sorriso. — Certo, pessoal?

Ela ainda sorria, mas então sua expressão mudou de forma Fria e intimidadora.

— Isso é suficiente. É hora de treinar. — ela ordenou

Pegamos nossas armas. Adagas, lâminas e fios de enforcar. Era a rotina. Eu aprendi rápido, afinal, as palavras dos pais são leis.

— Sophie , quando fingir chorar, não deixe o nariz escorrer. Os pais podem odiar que você pareça tola ou obtusa — disse a freira, com aquele olhar gélido.

— Sim, vou lembrar — Sophie  respondeu, com o rosto frio, sem uma lágrima real à vista.

Do segundo andar da residência, vi um homem nos observando, sempre de monóculo, como se nos estudasse.

— Esse tipo de educação é um presente para eles. Crianças como nós, treinadas como armas, desde o momento em que conseguimos andar. Criadas sob disciplina rígida. E claro, é caro criar cada um de nós — ele sempre dizia.

As regras nos moldaram, e logo aprendi que éramos como computadores. Tudo era determinado por nossos compradores, os pais. E assim, seguimos o plano.

— Este é o alvo. Memorize o rosto dele — meu pai disse, colocando a mão pesada na minha coxa, exibindo seus anéis e relógios de ouro.

Eu olhei a foto, estudando cada detalhe.

— Mas, como essas crianças são perigosas, certas medidas de segurança são necessárias. Elas jamais podem desobedecer — o homem de meia-idade continuava explicando.

— Pai, tem um carro nos seguindo — eu disse, observando o retrovisor enquanto ainda analisava a foto do alvo.

— O quê? O que você disse, garota? — ele respondeu, virando bruscamente o meu rosto para ele. — Cale a boca e memorize isso.

— Sim, ordem recebida, pai — respondi automaticamente.

Eu sabia o que fazer. A primeira regra era clara: as palavras dos pais são leis. Mas, de repente, o impacto aconteceu. O carro capotou, e o mundo virou de cabeça para baixo. Sangue cobria meu rosto, e meu pai estava preso, sangrando no banco de couro do carro.

"Segundo, eu não posso usar meu poder sem a permissão dos pais." A voz da regra ecoava na minha mente enquanto eu tocava o pulso dele, procurando por sinais de vida.

Dois homens saíram do carro que nos acertou. Um deles carregava uma pistola, o outro, o loiro da foto, segurava um fuzil de assalto. Eles vieram na nossa direção. Eu estava caída fora do carro, mas rapidamente comecei a chorar. Lágrimas se misturavam com o sangue em meu rosto.

— Socorro! Meu pai... ele não está respirando... por favor!

— Droga. Ninguém nos disse que havia uma criança com ele — um dos homens murmurou. — O que fazemos? Nos livramos dela?

O loiro, mais distante, hesitou.

— Por quê? Ela é só uma criança. Podemos largá-la em algum lugar e seguir em frente.

A última e mais importante regra ecoou na minha mente. "Se a vida dos pais for ameaçada, todas as regras podem ser ignoradas."

O homem de cabelos castanhos se agachou, estendendo os braços para falar comigo, como se quisesse me consolar.

— Garota, me desculpe, mas... nós adultos temos nossas circunstâncias...

Antes que ele pudesse terminar, eu enfiei o caco de vidro em sua garganta. O sangue jorrou enquanto ele caía. Eu peguei sua arma, escondido atrás do corpo, e sem hesitar, mirei por debaixo de seu braço e disparei.

O tiro acertou em cheio a cabeça do loiro. Ele caiu sem reação, nunca imaginando que seria abatido por uma criança.

Eu levantei-me, ainda sentindo o peso das palavras que me moldaram, mas naquele momento, as regras foram quebradas.

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