Capítulo 18 - Por um triz

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olá lindes,

na mídia: Middle Ages Festival

espero que gostem.

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Capítulo 18 – Por um triz.

Filipe saltou do muro e disparou ladeira acima, na direção do mosteiro. Enquanto isso, os guardas investiam com o tronco contra o portão. A antiga trave de madeira que o sustentava gemeu e estalou.

– Pelo Deus Único! – bradou Damastor. – Vocês agora foram longe demais! – Saindo do muro, ele começou a subir a ladeira, indignado.

Ignorando-o, os guardas recuaram e arremeteram novamente contra o portão. Desta vez o portão inteiro se soltou das dobradiças e caiu sob o impacto do tronco. Os guardas cruzaram a entrada rapidamente e subiram correndo a escada que levava ao jardim da abadia.

Os degraus gastos ruíram sob eles e, satisfeito, Damastor viu quando rolaram ladeira abaixo, até o portão. – Sinto muito! – gritou Damastor Menjou, desculpando-se. – Sou um monge, não um engenheiro!

Os guardas voltaram a escalar a rocha engatinhando, praguejando, mas não derrotados. O monge ficou esperando, com uma paciência de santo.

No interior da abadia, Filipe irrompeu no quarto de Damastor. Isaac olhou para ele, com o medo começando a delinear-se nas pupilas dele. – O que aconteceu?

– Não fale agora! – arquejou o rapaz. Estendeu a mão e ele levantou-se do colchão, com uma careta, embrulhando-se em um lençol. Filipe o conduziu ao corredor e depois o puxou para a direita. – Venha por aqui.

– Por quê? – perguntou Isaac.

Filipe olhou para trás, ao ouvir o som de vozes iradas. Apertou os lábios. – Porque acho que não podemos ir por ali.

Lá fora, no jardim, Damastor tomou o rumo da abadia o mais lentamente que pôde, apressado pelos guardas. – Por aí, meu filho! – disse, ofegante, apontando para frente, ao começarem a cruzar a ponte levadiça. — A porta à direita! E não se esqueçam... – O guarda ao seu lado sumiu repentinamente de vista, quando as tábuas rangeram e cederam sob o seu peso. Com um berro, o homem mergulhou no fosso. – ... de caminhar pelo lado esquerdo – terminou o monge gentilmente.

A empunhadura da espada de Giggio caiu sobre ele, pelas costas, e isso foi a última coisa de que Damastor Menjou teve conhecimento.

Filipe apressou Isaac através do labirinto de corredores, tentando conter seu crescente terror. Havia vagado por toda a abadia e sabia existir uma saída apenas e era aquela por onde entraram os guardas. Sua única esperança de salvar Isaac e a si mesmo era encontrar um esconderijo onde eles não se preocupariam em revistar.

Avistou à frente a escada de madeira que levava ao campanário em ruínas. Era um tosco refúgio, porém a única opção que lhe ocorreu. Olhou para Isaac. – Lá em cima, senhor! Acha que consegue?

Ele assentiu mudamente, o rosto contraído pela dor. Filipe tomou-o pela mão e começou a guiá-lo, degraus acima. Sabia que a esta altura os guardas já teriam chegado ao quarto do monge e descoberto que Isaac se fora. Era apenas uma questão de tempo encontrarem a pista dos dois até ali. Ele precisaria estar então com Isaac a uma altura suficiente para ninguém lhes ouvir os passos.

A escada espiralava-se cada vez mais para o alto, intercalada por vários patamares carcomidos. Filipe puxava Isaac pela mão com mais força, toda vez que ele diminuía a marcha, ofegando para respirar. Olhou para ele, com o pânico e a preocupação no olhar, ao vê-lo tropeçar e gritar. Desceu um degrau para ficar junto dele, passou um braço em torno de sua cintura a fim de emprestar-lhe forças e continuaram subindo.

A Madição da Colina (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora