2. me abrace quando eu chorar

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"Pois então, tu que estás a ler, diga-me, há no mundo inimigo de maior temor que tua própria mente?"

Elizabeth

Me mexo na cama, inquieta. Desisto de tentar dormir e passo a encarar o teto branco de meu quarto, sem ânimo para levantar e sem forças até para respirar, sinto uma onda de tristeza se apossar do meu corpo. Eu estou sozinha, sem ninguém, sem futuro definido, e não é como se eu fosse conseguir, até Sebastian já se cansou de mim, eu vou acabar ficando sozinha. Como se não fosse suficiente tudo isso, eu ainda sou patética e estúpida.

Ponho o cobertor sobre o rosto tentando secar as lágrimas incessantes. Eu não sou ninguém, eu estou sozinha, essas palavras me consomem. Sinto uma mistura de nojo, medo, angústia e vergonha em mim. Eu não quero sair de casa, as pessoas podem rir de mim, eu só queria ser bonita ou inteligente, queria ser suficiente, boa o bastante, eu queria ser qualquer coisa ou pessoa que não fosse eu.

Hoje eu entro no trabalho mais tarde, e Sebastian não está em casa, posso aproveitar essa manhã toda para chorar. Não estou com vontade de tomar café da manhã, aliás, não estou com vontade nem de sair dessa cama, só queria voltar a dormir e sonhar sem precisar me preocupar, mas não posso.

Me encolho na cama abraçando meu cobertor enquanto caio no choro. Fico na cama por mais uma hora antes de ir me arrumar. Com esforço e muita cobrança me levanto, coloco uma blusa social branca e uma calça jeans, calço um tênis também branco. Depois de escovar os dentes e jogar água no rosto, eu prendo meu cabelo cacheado em um coque alto. Pego meu crachá da biblioteca e corro para o ponto de ônibus.

Já no ônibus, por algum obséquio tinha um banco vazio onde eu me sentei, enquanto ouvia música e olhava a vista, o ônibus foi ficando cada vez mais cheio. Acabo cochilando e no mesmo instante sinto um toque em meu ombro, abro os olhos e tudo parece estranho, as pessoas começam a rir e apontar para mim, escuto uma mulher falar: "aberração", com isso dois homens se levantam e me puxam até que eu fique de pé, e então cada um fica de um lado do meu corpo segurando meus braços. As pessoas observam aquilo rindo sem parar, meu coração acelera, eu começo a tremer e mal consigo respirar, duas garotas com um rosto conhecido vem até mim, elas começam a me direcionar palavras ruins, mas não consigo entender, foco apenas no chão da qual começa a subir água sem parar, todos continuam rindo, apontando para mim e fazendo gestos, a última coisa que vejo antes da água subir até o teto do ônibus repentinamente é uma das garotas desferindo um tapa em meu rosto antes de agarrar meu cabelo.

Então eu acordo, meu corpo inteiro treme e meu coração ainda está acelerado, olho ao redor e ainda estou sentada no mesmo lugar, e cada pessoa está em seu canto. Foi só um sonho... Percebo que essa estação é a minha e me ajeito para descer.

Após fazer uma pequena caminhada eu chego á biblioteca. Já entro e pego os livro novos que chegaram para organizar nas estantes. Separo uma pilha de livros, que apesar de serem de fantasia são para adultos, coloco a pilha em um carrinho organizador e vou até a prateleira de seção fantasia.

Perto da estante que eu ia colocar os livros, eu vejo um homem alto. Tipo, muito alto e cheio de cicatrizes, ele estava sozinho na mesa rodeado de livros das quais provavelmente a idiota aqui teria que arrumar assim que ele saísse, chego perto da prateleira e começo a organizar cada livro onde deve ficar. Sinto um toque leve na minha manga, olho para o mesmo moço de antes que está ao meu lado.

- Com licença, você sabe se posso levar esses livros para casa? - Ele pergunta calmo.

- Ah... Bem, para levar livros para casa você precisa ter um cadastro aqui, se tiver um, pode levar até três livros com você, se não tiver pode fazer o cadastro com quem estiver na bancada ali. - Aponto para a bancada na frente e ele olha.

Nós ainda somos o melhor casalOnde histórias criam vida. Descubra agora