Capítulo Seis

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Charlotte

Sinto como se meus dedos estivessem adormecidos, porque estive sentada aqui por muito tempo. Enquanto os mexo para tentar acordá-los, o
médico finalmente entra na sala.

"Posso ir embora agora?" Pergunto antes que ele tenha a chance de dizer qualquer coisa.

Eu só preciso sair daqui. Tipo,agora. Tento não
me mover nervosamente, mas estou ansiosa para
partir, e mal posso evitar. Preciso ir e sinto que quanto mais tempo sentada aqui, mais perigo corro.

"Tudo no kit de estupro deu negativo para DST's, mas, sendo médica, você sabe que não podemos falar sobre a possibilidade de uma gravidez por algumas semanas." Ele diz, ignorando minha pergunta.

Assinto e olho para fora da janela, imaginando quanto tempo mais tenho que estar aqui.

"Você está livre para ir agora. Tem alguém que vem buscá-la? Talvez alguém que possamos chamar?"

"Não." Digo calmamente, e o médico me olha com simpatia.

Quando ele abre a boca para falar de novo, há
uma leve batida na porta e dois guardas entram. Reconheço um como o guarda que me levou para a ambulância, mas não o outro.

Começo a tremer, imaginando o que está acontecendo. Eles devem ver o olhar de terror
no meu rosto, porque não se aproximam. Apenas ficam perto da porta, olhando para mim como
se eu fosse um cervo que estão tentando não assustar.

"Dr. Fisher, precisamos falar com você por alguns
momentos, se estiver bem com isso." O guarda corpulento que não reconheço diz.

"Claro, mas estou realmente pronta para sair
daqui, e tenho certeza que pode entender a minha necessidade de privacidade no momento."

Não quero responder a qualquer das suas perguntas.
Eu só quero distância de tudo isso.

"Nós entendemos. Já temos o relatório do incidente, e nós..."Ele pausa antes de dizer o que sei o que está vindo: "... temos o vídeo para corroborar sua história."

Sinto uma raiva furiosa me dominar enquanto
penso sobre alguém assistindo as fitas, vendo-me assim, mas aperto meu queixo, não deixando isso transparecer. Eles já viram demais.Depois de um momento de silêncio, ele continua.

"Queríamos ter a certeza que tinha um lugar seguro para ficar por um tempo."

"Minha família tem algumas propriedades no norte do estado e estou indo lá por um tempo. Não sei por que pensei que poderia trabalhar em uma prisão, foi um erro. Sob as circunstâncias, você pode tomar isso como meu aviso prévio. Eu não voltarei."

"Nós entendemos completamente." Ele olha para o outro guarda e respira fundo. "Minha senhora, não queremos chateá-la,mas pensamos que você deve saber que os prisioneiros assassinaram o diretor. E escaparam."

Sinto meu coração batendo fora do peito com suas palavras,e tento controlar minha respiração.

"Oh Deus." Sussurro.

"Não temos nenhuma razão para acreditar que estão atrás de você, já que foi apenas uma trágica vítima em seu plano de fuga."

Assinto e coloco meu rosto em minhas mãos.

"Recebemos vários relatos de que se esconderam
em algum lugar no interior do México. Nós só queríamos que estivesse ciente da situação antes
que visse no noticiário. Também queríamos oferecer nossas condolências pelo falecimento do diretor. Sabemos o quanto significaram um para o outro."

Com o meu rosto ainda em minhas mãos, apenas assinto novamente. O que mais posso fazer? Meu coração está acelerado e só preciso sair daqui.

"Apenas tente encontrar um lugar seguro para ficar por um tempo por precaução. Além disso, certifique-se de nos dar um novo endereço para que possamos entrar em contato."

Ouço os guardas saírem da sala. Depois que o médico me dá algumas prescrições de remédios
para dor, ele me diz que estou bem para ir, e deixa
a sala.

Eu me levanto e me certifico que as minhas pernas podem me segurar enquanto deixo o hospital. Não posso ouvir nenhum pensamento na minha cabeça sobre o som do meu próprio batimento cardíaco.

Mais tarde naquela noite...

As horas de condução me acalmaram. Em cada quilômetro que dirigi para longe da prisão e do que aconteceu, respirava mais facilmente, como se um peso fosse tirado das minhas costas.Não confio em ninguém, e dizer que minha família "tem algumas propriedades no norte do estado" é o mais próximo que diria a qualquer um sobre para onde estava indo.

Não deixei um novo endereço, e joguei meu telefone no lixo fora do hospital. Não posso correr o risco de ter alguém no meu rastro, e usar meu medo é a única maneira de passar por isso.

Quando disse que tinha alguma propriedade da família, o que realmente quis dizer é que tinha um primo distante, que gostava de jogar e perdeu esta terra para um companheiro de caça em um jogo de pôquer décadas atrás.Após seu companheiro morrer, entrei em contato com sua filha, e ela praticamente a jogou em mim, não querendo a propriedade. Eu disse que pagaria os impostos se ela ficasse com a terra em seu nome, e me deixasse usá-la quando precisasse de um fim de semana longe.

Chegando a cabana, desligo o carro e tiro minha mala da parte de trás. Fui ao meu apartamento e peguei algumas coisas,deixando para trás o que não queria. Tenho a sensação de que alguém irá lá para me verificar, e não tenho planos de retornar algum dia. Nunca voltarei àquele lugar.

Saio do carro e olho ao redor. Não há nada além de
quilômetros e quilômetros de bosques que rodeiam o local. Você poderia disparar uma arma cem vezes e ninguém nunca te ouviria para chamar a polícia.

"Parece que este é o meu lar pelas próximas semanas." Digo a mim mesma enquanto subo os degraus, com as velhas tábuas de madeira rangendo sob meus pés.

Uma vez lá dentro, olho em volta do local e verifico se tudo funciona. A cabana é básica, com apenas um quarto, um banheiro,uma pequena cozinha e sala, mas isso é tudo o que preciso.

Parei algumas horas atrás e peguei comida e suprimentos, usando dinheiro para comprar tudo. Sei que estou sendo paranóica, mas ser cuidadosa nunca é demais. Eu sabia que isso era uma
possibilidade quando comecei a trabalhar na
prisão e tinha que ter um plano.

Depois de ter tudo descarregado do carro e pegar alguma coisa para comer, estou exausta. Foi o dia mais longo da minha vida e por mais estranho que pareça o sono vem fácil. Tão fácil, que nunca os ouvi chegando.

Pegando o que é nosso ( 2 livro da série Submissão Forçada )Onde histórias criam vida. Descubra agora