Capítulo 3 - Doce menina

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TW: Violência


SOPHIE

3 anos atrás...

Não existia alguém mais miserável nesse mundo do que Sophie Baek.

Sua mãe morta. Seu pai morto. Sua avó morta. Qualquer parente de seu pai virou as costas para ela. Restava apenas sua madrasta e suas meias irmãs de consideração.

E como se não fosse suficiente sua madrasta lhe tratava como lixo, ou até menos que isso.

"Miserável." Araminta grunhiu depois de chutar seu estomago. "Como você ousa me roubar, logo eu que lhe dei teto depois que o maldito do seu pai morreu e deixou você comigo? Eu lhe dei abrigo." Outro chute. "Comida." Outro chute. "Educação! E você me rouba."

Ela tentou respirar, mas o ar escapou de seus pulmões.

"Eu deveria ter jogado você na rua quando tive oportunidade, agora tenho que me viver com uma rata dentro da minha própria casa."

"Eu não roubei." Sua voz saiu fraca, mas o suficiente para sua madrasta escutar.

"O QUÊ? REPITA SEU MONTE DE LIXO."

"Eu não roubei." Ela chorou com medo de levar outro chute. "Eu só queria ir pra festa, eu ia devolver seus sapatos-"

Um grito escapou de seus lábios quando seus cabelos foram puxados fazendo seu corpo ser arrastado.

"Não me responda, miserável. Eu tenho certeza que você iria vender meus sapatos premiados, isso se já não chegou a vender algumas das minhas coisas antes." Sua madrasta ficou pensativa por alguns segundos, mas suas mãos nunca largaram os cabelos longos de Sophie. "Minhas joias que sumiram, meus talheres, eu sei que foi aquela desgraçada da Santana, mas quem me garante que você não ajudou?"

Ela tentou negar com a cabeça, mas ganhou apenas um puxão, ela sentia seu couro cabeludo arder.

"Talvez eu deva te ensinar uma lição que fique pra sua vida toda."

Araminta anunciou jogando a cabeça de Sophie contra o chão e pegando seu sapato, que até então estava no quarto da enteada e deu um sorriso maldoso.

"O quão profundo eu consigo te machucar com esse salto e essas joias?"

Os empregados precisaram tampar os ouvidos por mais de uma hora enquanto os gritos de desespero daquela menina ecoavam pela casa.

(...)

Uma semana tinha se passado desde aquele dia horrível e Sophie sentia o arrependimento crescer cada vez que alguma parte de seu corpo doía, as marcas que sua madrasta deixou ainda estavam doloridas, seus cortes tinham sido costurados por uma das empregadas. Já que ela não tinha o luxo de ir até o hospital para ser cuidada.

Depois de dois dias desse incidente ela voltou a fazer o trabalho doméstico, já que para Araminta, ficar deitada não melhoraria em nada, mesmo com as empregadas reclamando.

Hoje era dia de arrumar o sótão que não era tocado desde a morte do pai de Sophie, então a situação do local estava crítica. Era um de seus castigos por ter ido ao Baile de Máscaras.

Ali tinha vários moveis abandonados cobertos de lençóis brancos para não acumular poeira, o que talvez não tenha dado muito certo, várias caixas com pastas e discos que Sophie sabia que eram de sua mãe.

Com um suspiro ela resolveu começar espanando toda a poeira existente ali, o que lhe gerou várias tosses e espirros seguidos. Ela até mesmo reconheceu um berço branco que continha o brasão de sua família e seu nome gravado em dourado.

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