Talvez um dia você leia isso...
I've waited here for you,
Everlong.
Eu tenho esperado por você,
Por uma eternidade.
Everlong - Foo Fighters
12 de outubro de 2024. Esse foi o dia em que você me deixou. O dia em que, sabendo dos meus medos, você escolheu partir, sabendo que eu dependia de você para viver.
A solidão, que sempre temi, voltou a me abraçar como uma velha amiga, aquela que eu tentei evitar por tanto tempo, mas que você devolveu ao me abandonar.
Eu sei, é egoísta depender de alguém assim. Colocar tanto peso sobre uma única pessoa não é justo. Mas eu não consegui ser forte, não consegui ser diferente. A verdade é que sou fraca. Muito fraca.
Eu acreditei em você, meu amor. Acreditei nas suas promessas. Elas eram vazias? Eram como um poço sem fundo, onde eu tentava, em vão, encontrar a água que me sustentasse? O amor que você dizia sentir por mim era verdadeiro? Ou foram apenas mentiras, palavras jogadas ao vento?
Você era o meu vício, como uma garrafa de vinho que me embriagava, ofuscando a dor e trazendo momentos de alegria passageira. Mesmo sabendo que me fazia mal, que me deixava doente, eu continuava a te querer. Eu precisava de mais, sempre mais. Você, com sua doçura, se tornava alucinógeno. Mas eu não conseguia parar.
Seu rosto, seu toque, tudo ainda está em mim. Consigo sentir seus lábios na minha pele, suas mãos no meu cabelo, seus olhos me encarando com aquele carinho que, por um momento, me fez acreditar que eu era o seu mundo. Ouvi tantas vezes sua voz dizendo que me amava.
Mas será que você realmente me amava?
Talvez sim.
Talvez não.
Talvez tenha amado e depois deixou de amar.
Eu disse que te amava, você queria se sentir amado, mas fugiu, eu fiz você fugir.
Eu gostaria de poder ler sua mente, de entender por que você prometeu ficar ao meu lado para sempre, mas, no fim, me abandonou como um pai que abandona o próprio filho.
Foi intenso o que vivemos. Desde o nosso primeiro encontro até os momentos mais banais. Você foi a luz que dissipou minhas trevas. Talvez, no fundo, suas próprias sombras fossem tão profundas que decidiram te arrastar para longe de mim. Para mim, você era como o feitiço do patrono, afastando os dementadores que me atormentavam desde a infância.
O primeiro amor deixa marcas profundas. Marca o corpo, a alma. Queremos nos fundir, nos perder e nos encontrar no outro, como se a união pudesse ser eterna. Às vezes, a vontade é devorar a pessoa que amamos, consumir cada pedaço dela, até que nada mais reste, exceto sua essência em nós. Hoje, entendo que o amor pode ser, de certa forma, canibal.
Lembro quando assistimos juntos, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Você me disse que aquele era seu filme favorito, que via algo de Clementine em mim.
Ainda sou sua Clementine, amor?
Você vai querer me esquecer, como Joel tentou apagar Clementine da sua memória? Vai querer apagar tudo que vivemos, como se nunca tivesse existido?
Esses pensamentos me atormentam.
"i wish you stayed."
"i wish you stayed."
"i wish you stayed."
"i wish you stayed."
"i wish you stayed."
Eu também gostaria de ter ficado.
"i wish you stayed."
Tatuarei isso em minha alma enferma, nos restos que sobraram do meu coração amargurado.
Me sinto presa e entediada assim como ela. Não sou perfeita assim como ela. Sou um livro aberto assim como ela, um livro que você leu inteiro, folheou cada página e devorou cada palavra até se sentir satisfeito e preenchido.
Sou ansiosa assim como ela. Sou louca assim como ela. Eu também me sinto perdida e com medo assim como ela. Também sinto que estou desaparecendo assim como ela. Estou ficando velha assim como ela.
Você vai achar coisas, na real você já encontrou, Por isso foi embora.
