Único.

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Antiga Salém.

O quarto estava mal iluminado por várias velas, Agatha estava deitada na cama de casal, apertando tudo o que podia segurar enquanto gritava como se sua vida dependesse disso.

"Isso, empurre, Agatha. Você consegue!" - A parteira encorajou-a.

"Eu estou tentando!" - A bruxa rebate, sentindo suas entranhas se desmancharem de tanta força que fazia para dar a luz.

"Isso, Harkness. Continue, está coroando" - A mulher sorriu, sentia o orgulho de sua função correr por suas veias, sabendo que estava ajudando uma nova vida vir á terra.

Perto da cabeceira, Rio observava tudo, estava invisível a visão indesejada, somente Agatha sabia que a esposa estava ali, cuidado dela. A cada grito de sua mulher, Vidal se afastava mais, não sabia o que estava sentindo, ela é nova nisso, Agatha Harkness foi e é a única que a faz sentir essas sensações humanas, então, ela não sabia por que estava apreensiva em ficar perto da amada em seu trabalho de parto.

Conseguinte, os gritos da mulher pararam, seu corpo relaxou e um chorinho encheu a sala, deixando todos os presente emocionados. O som que saia da boca de seu filho fez com que Rio deixasse o medo de lado e se aproximasse de sua família. A parteira, depois de cortar o cordão umbilical, enrolou o pequeno em um tecido roxo e o entregou nos braços de Agatha.

"Ele é tão lindo" - A bruxa roxa constata ao ver seu bebê. O rosto infantil possuia mais características da Senhora Morte, porém, seus olhos eram azuis como os seus. Ele é uma mistura do casal, sem dúvida - "Possui a boca da mãe..." - Parou, ao perceber que a parteira ainda estava ali.

"Você ainda não expulsou a placenta, senhorita, eu preciso ficar aqui até que isso aconteça" - Ela explica.

"Não precisa ficar, minha esposa está chegando, ela saberá como lidar com essa situação. Agora, por favor, vá embora e muito obrigada" - Agatha iria ser grossa, mas antes, Vidal tocou em seu ombro com cuidado, fazendo-a relaxar, era pelo seu bem - "Está bem, desculpe, preciso de você, pode ficar" - A outra mulher esboçou uma expressão confusa, porém, preferiu deixar quieto, Agatha nunca foi uma bruxa fácil de conviver.

Enquanto esperavam, a parteira deu alguns conselhos a morena sobre amamentação, alimentação dela e do bebê, falou sobre algumas táticas de cuidado e higiene além de leves exercícios que Harkness pode realizar para fortalecer o assoalho pélvico e a região do abdômen. E em menos de 40 minutos, a bruxa de proteção foi embora.

"Rio, você não vir tocar no seu filho?" - Agatha perguntou, ela tinha um palpite sobre o por que Rio estava tão "tímida".

"Estou bem assim" - Mentiu, mesmo que estivesse com muita vontade de segurar o menino no colo.

"Está com medo, não é?"

A nova pergunta de sua esposa, fez Rio levar a mão ao estômago, ela realmente não entendia os sentimentos humanos, mesmo depois de tanto tempo cuidando deles, seus conhecimentos eram restritos quando Agatha estava por perto, fazendo-a sentir reações em resposta às mais variadas situações.

"Não quero machucá-lo... E se o meu toque o levar? Ele é tão frágil" - A resposta baixa da esposa fez Agatha levar uma de suas mãos ao seu rosto.

"Você não pode machucar ninguém, meu amor. Uhm? Ele é tão seu quanto meu e merece sentir o amor de sua mãe" - Falou, se ajeitando - "Deixe de se esconder e venha conhecer nosso Nicholas"

Nicholas... - O nome soou na cabeça da bruxa verde, era um dos 2 nomes que ela tinha sugerido para Agatha. O nome de seu menino é Nicholas que significa "aquele que leva o povo a vencer", faz justiça ao pequeno garoto, não havia completado nem 2 horas de vida e já estava fazendo Rio vencer um grande medo que nem ela sabia que tinha.

A Senhora Morte voltou a sua forma humana e pegou o menino nos braços. - Ele é mais pesado do que imaginei - Comentou, o embalando.

Nicholas é uma cópia fiel dela só que com olhos azuis, tem um cabelinho macio como todo o corpo, ele é perfeito, sem tirar e nem pôr.

"Sente-se aqui, eu quero ter vocês perto" - Agatha quebrou o silêncio, batendo levemente no espaço da cama ao lado dela.

"Você ficou 9 meses com ele na barriga e ele veio a minha cópia" - Rio brinca, enquanto se senta, sem mais preocupação, ela não machucou nenhum pouco o garoto, na verdade, ela se tornou uma forma de fazer o menino rir ambulante, toda vez que escutava a voz da mãe, Nicholas abria a boca e chutava como fazia no útero.

"Quem sabe o próximo bebê venha parecido comigo" - Agatha disse com convicção, olhando nos olhos da esposa.

"Você quer outro filho?" - Rio perguntou, ela havia escutado várias reclamações de Agatha nos 9 meses de gravidez, principalmente sobre o quão insensata ela foi ao fazer amor com ela numa lua de sangue.

"Uma menina com minha fisionomia e seus lindos olhos castanhos" - Rebate, encostando, com cuidado, os lábios nos da Morte.

Não foi um beijo desesperado e nem uma briga por domínio como geralmente gostavam de fazer, foi cuidadoso e carinhoso, terminado com alguns selinhos.

"Nunca mais tenha medo do seu dom, está bem? Você não é malvada e nem leva pessoas quando não está na hora, você é linda e Nicholas sempre estará seguro quando estiver perto de você" - Agatha afirmou com convicção, dando um último beijinho, só que esse foi no nariz de Vidal.

Fim.

É uma história curta só para confortar nossos corações viúvos de A³. Boa noite, espero que tenham gostado da leitura.

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