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Isa ficou ali sentada por mais alguns minutos, observando Lobo desaparecer na curva da estrada. Uma mistura de adrenalina e raiva pulsava em suas veias. Como ele podia ser tão despreocupado, enquanto ela lutava para simplesmente voltar pra casa?

Ela se levantou, sacudindo a poeira da saia, e decidiu que não iria ficar parada. Precisava pensar em um jeito de passar pelos policiais. Com um suspiro, começou a caminhar em direção à entrada do morro, onde a tensão no ar era palpável.

Ao se aproximar, viu os policiais ainda barrando a passagem. O coração de Isa acelerou. Não podia voltar, tinha que tentar. Ela respirou fundo e se dirigiu a um dos homens, tentando manter a voz firme.

"Por favor, eu só quero ir pra casa. Minha avó está me esperando," pediu, tentando transmitir uma mistura de preocupação e determinação.

Um dos policiais a olhou de cima a baixo, sua expressão intransigente. "Ninguém passa, já te falei. Tô mandando."

"Mas eu moro aqui! É só um minuto!" ela insistiu, quase suplicando.

"Se não sair da frente, vou te dar voz de prisão por desacato," ele respondeu, cruzando os braços.

Desesperada, Isa se virou e começou a procurar outra saída. Foi quando notou um grupo de meninos brincando com uma bola de futebol na calçada, próximos a uma pequena passagem lateral. Um deles a viu e acenou, como se quisesse chamá-la.

"Isa! Vem cá!" ele gritou. "A gente tá jogando bola!"

"Não posso, estou tentando voltar pra casa," respondeu, hesitante.

"Vem, a gente ajuda. Tem um caminho aqui que ninguém tá vendo," ele sugeriu, gesticulando para a passagem.

Ela olhou de relance para os policiais e, sem pensar duas vezes, decidiu arriscar. "Beleza, me ajuda!" correu até eles, que a guiaram por uma trilha estreita que contornava o posto policial.

O caminho era apertado e cheio de curvas, mas a adrenalina a impulsionava. Ao chegarem ao fim da trilha, Isa avistou sua casa ao longe. Um sorriso de alívio se espalhou pelo rosto dela.

"Valeu, gente!" disse, acenando enquanto começava a caminhar em direção à sua casa.

Mas quando chegou perto, uma voz familiar a fez parar.

"Isa! Onde você tava?" Dona Maria apareceu na porta, a expressão preocupada.

"Vó, eu..." começou a explicar, mas não queria preocupá-la com os detalhes da abordagem dos policiais.

"Estava pensando em como você não apareceu até agora. Aqui na Penha, você sabe como as coisas são. Tem que ter cuidado!" disse Dona Maria, puxando a neta para um abraço apertado.

"Eu sei, vó. Desculpa. Eu só fui parar na operação dos policiais e... você sabe como é," disse Isa, alisando o cabelo da avó.

"É, eu sei." Dona Maria soltou um suspiro. "Mas olha, sempre que precisar, não hesite em pedir ajuda. A gente tá juntas nessa."

Nesse momento, enquanto olhava nos olhos da avó, Isa sentiu uma nova determinação. Ela não podia deixar que nada a separasse de Dona Maria. Mas, em algum lugar na sua mente, a figura de Lobo continuava a assombrá-la. O jeito que ele a encarou, a provocação nas palavras, tudo aquilo a deixava intrigada.

A noite caiu sobre a Penha, e Isa, apesar das dificuldades, se sentia grata por ter alguém a quem amar e proteger. Mas o que fazer com Lobo? O que ele realmente queria dela? As perguntas a atormentavam enquanto ela se preparava para dormir.

E naquela noite, um pensamento ficou martelando em sua cabeça: ela precisava se encontrar com Lobo novamente. Queria entender o que estava por trás daquela fachada de frieza. Com um último olhar pela janela, decidiu que o dia seguinte seria diferente. Ela não fugiria mais.

𝐒𝐨𝐛 𝐨 𝐂𝐞́𝐮 𝐝𝐚 𝐏𝐞𝐧𝐡𝐚 ☼︎Onde histórias criam vida. Descubra agora