ꮪꮖꭰꭼ ᏼ ( trᥲᥴk # 1O )

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ˑ ۫ . ﹙ "If you fail to plan, you plan to fail.﹚

Thomas parecia quase etéreo nos dias seguintes àquela conversa na janela, não se sabia se era algum tipo de manipulação de Adhara ou se simplesmente ele agora tinha sido tocado por algo muito mais sombrio do que antes, o certo era dizer que agora - mais do que nunca ele parecia diferente, principalmente quando o grande dia acontecia. Diferente da pompa que normalmente se esperava de um casamento real, Adhara o convenceu a ter entre eles apenas um grupo seleto de pessoas, temendo que tudo saísse do controle, então os adornos exagerados da realeza foram substituídos pela classe discreta dos Black.

A cerimônia transcorria com um ar quase etéreo, a música suave ecoando pelo salão, enquanto os convidados observavam com atenção cada movimento do casal, o centro de tudo aquilo. Adhara estava deslumbrante, seu vestido refletindo a luz como se ela fosse uma criatura de outro mundo, não era branco como era comum, mas perolado como ela quis, como uma estrela que ela era. 

Contudo, por trás de seu sorriso controlado, sua mente trabalhava freneticamente, não haveria paz enquanto tudo não passasse, ela pensava que talvez nem depois disso. "Tudo está exatamente como planejei", pensara observando todos, enquanto sua mão delicadamente repousava sobre a de Thomas, um porto seguro em meio a ansiedade crescente. Cada passo, cada olhar, cada palavra trocada até aquele momento era parte de um cálculo meticuloso, manter o controle estava a desgastando e não era mais tão fácil os manter na linha. Ela sentia os olhos dos comensais como punhais nas costas, prontos para perfurá-la ao menor sinal de falha, não queria os ter ali, mas seus pais haviam insistido.

Enquanto trocavam os votos, Thomas segurou sua mão com uma firmeza que quase denunciava sua desconfiança ainda persistente, saber de tudo não significava exatamente concordar, era o que repassava, também havia uma constante insistência mental, como um lembrete, sobre o que aquilo significava também para a família real, até então intocada, agora prestes a se manchar.

── Prometo te dar tudo. ── Ele falou, mirando os olhos dela sem medo. ── Desde que você também me dê sua verdade, agora e sempre.

── Você já tem minha verdade. ── Ela respondeu segurando as mãos dele. ──  Tudo que sou está aqui com você.

Por dentro, ela sabia que aquele era o momento crítico, Thomas deveria ser seu suporte e não mais um problema, mas não era só chutá-lo do tabuleiro, ele agora era seu bispo. A tensão no ar era palpável; Arcturus, posicionado estrategicamente entre os convidados, fez um leve movimento com a cabeça, indicando que os comensais estavam atentos, Adhara nunca sabia quando podia ou não confiar plenamente no irmão do meio. Ela não olhou diretamente para ele, mas sentiu a mensagem clara: "Se falhar, será o fim." Ainda assim, ela não hesitou. Naquele instante, enquanto Thomas a observava como se tentasse decifrá-la, Adhara reafirmou silenciosamente: "Meu destino não será decidido por eles, nem por ele. Só por mim."

Enquanto o salão esvaziava e a celebração seguia em murmúrios distantes, Adhara e Thomas encontravam-se em uma sala privada, longe dos olhares atentos, um momento privado antes de se juntarem aos outros na festa nos jardins. O silêncio ali era denso, cortado apenas pelo som ocasional de passos no corredor. Thomas virou-se para ela, um sorriso calmo, ele queria fazer uma centena de perguntas, mas aquele não era o dia ou hora. Antes que o Príncipe pudesse dizer algo, a porta abriu-se com um estrondo, ambos olharam imaginando onde os guardas lá de fora estavam. Pollux entrou, seu semblante rígido, a entrada dramática era sempre sua opção principal, entre seus dedos ele estava segurando um conjunto de documentos e cartas como se fossem armas.

── Você realmente achou que isso passaria despercebido? ── ele vociferou, atirando os papéis sobre a mesa entre eles. ── Aqui está a verdade sobre você, sobre como você mexe com a mente dos outros, como é uma aberração camuflada de legilimente que nossos pais acharam que podiam controlar.

Adhara manteve a compostura, embora seu coração disparasse, seus olhos foram em Thomas por breve e depois no irmão, ela só queria paz, só queria estar fora daquela família, mas Pollux parecia arrastá-la de volta para o buraco onde os Black se enfiavam. Antes que ela pudesse responder, Thomas ergueu a mão para silenciá-la e voltou seu olhar tranquilo para Pollux.

── Você acha que isso é novidade para mim? ── Ele perguntou sua voz era séria. ── Sempre soube quem ela era, desde o início. Estava apenas esperando que ela tivesse a coragem de me dizer. A família real tem envolvimento com a magia a muitas gerações, minha avó jamais deixaria que eu me envolvesse com alguém que ela não soubesse a procedência, você que deveria se preocupar com seus crimes.

── Você estava me testando esse tempo todo. ── Adhara riu, ele era um jogador também.

── Queria saber se você me escolheria como eu te escolhi. ── Ele esticou os dedos para tocá-la.

── Você realmente vai querer seguir por esse caminho, alteza? ── Pollux manteve as mãos atrás do corpo. ── As trevas vão perseguir vocês, até que ela as aceite.

── Não desejaria mais nada além dela ao meu lado. ── Ele sorriu olhando o cunhado e depois a nova esposa. ── Agora por favor ... Se retire, você não vai estragar nossa noite.

Pollux encarou a irmã por um longo momento, seus olhos tentando penetrar as camadas da máscara que ela usava. Era como se, naquele instante, ele lhe oferecesse uma última saída, um caminho para escapar das consequências que sabia que viriam, algo que os envolvia, mas ela permaneceu em silêncio, seu rosto inabalável como mármore, como quem soubesse bem o que fazia. Sem uma palavra, Pollux virou-se e saiu, o som de seus passos ecoando pelo corredor, não havia mais como detê-la, ele bem que havia tentado. Adhara não o chamou, não tentou detê-lo, ela sabia que ele nunca entenderia o alcance de seus planos e mais importante, que ele não tinha poder para impedí-la.

Mais tarde, a festa havia terminado, no silêncio pesado de seu novo quarto no palácio que dividiria com Thomas, Adhara começou a remover os adornos do cabelo, havia pouco laquê, mas muitas presilhas que ela odiava. Aproximando-se da penteadeira, ela repousou as mãos no móvel e inclinou-se, seus olhos fixos no espelho à sua frente. Um arrepio percorreu sua espinha quando seus olhos se tornaram negros como a noite e o reflexo no espelho moveu-se de forma independente, sorrindo para ela.

── Parabéns, Adhara.  ── Disse o reflexo, sua voz um eco profundo e distorcido na mente dela. ── Você fez bem.

 ── Foi mais difícil do que eu esperava, mas nunca questionaria as ordens. ── Ela riu suavemente, apoiando os cotovelos na penteadeira e sustentando a cabeça nas mãos, como se finalmente pudesse relaxar. ── Não o farei agora, nem nunca.

── Eu sabia que você era a escolha certa. ── O reflexo inclinou-se levemente para frente, os olhos embebidos em trevas com algo entre aprovação e expectativa. ── Desde sua infância, eu vi o potencial em você. Seus irmãos eram fortes, sim, mas você... você é especial.

── Não decepcionaria você, meu lorde. ── Ela meneou a cabeça.

 ── Prepare-se, Adhara. ── O reflexo assentiu, como se confirmasse um pacto antigo. ── Mais ordens virão em breve. E você não deve falhar.

Com isso, o reflexo desapareceu, ficando apenas ela se encarando como antes no quarto, o silêncio apenas quebrado pelo som de sua respiração controlada. Adhara se recostou na cadeira, o olhar fixo no espelho vazio, enquanto a sombra de um sorriso curvava seus lábios.

✓ MASTERMIND, marauders' eraOnde histórias criam vida. Descubra agora