Capítulo 6

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Min Yoongi

O clima na pousada estava tenso e estranho, e eu não podia evitar me sentir culpado pela forma como havia terminado a última conversa com Hoseok. Kitty me olhava feio e não parava de falar sobre como Hoseok merecia uma segunda chance, e eu sabia que ela estava certa, mesmo que meu orgulho me impedisse de admitir.

— Oppa, por favor, deixe o Hoseok voltar. Ele não tinha a intenção de errar o troco. Todos cometem erros — Kitty implorou mais uma vez, seus olhos grandes e cheios de determinação.

— Ele gritou comigo!

— Mas você também gritou com ele. Ambos foram grosseiros e agressivos. — Ela cruzou os braços, levantando as sobrancelhas. — Você não é inocente nessa história!

Suspirei. Não podia demonstrar que ela tinha razão, não iria dar esse gostinho.

— Tudo bem. Se ele aparecer, eu vou falar com ele e talvez vou deixá-lo ficar — respondi, fingindo indiferença.

— Obrigada! Você é o meu irmão favorito. — Ela pulou e me puxou para um abraço, me sufocando.

— Sou o favorito? Mas eu sou seu único irmão! — eu disse, brincando e apertando ela de volta.

— Por isso mesmo. Não existe irmão como você. — Ela deu de ombros e gargalhei.

Ela me soltou e voltou a passar a vassoura no chão. De costas, deixei meus ombros tensos caírem e passei as mãos pelo rosto, um pouco cansado. Não sabia que salvar aquele garoto iria me trazer dor de cabeça, já bastava ter que cuidar de um negócio e agora eu teria que pensar em alguém que havia gritado comigo. Fiz careta, passando o pano molhado com força sobre o sofá, machucando as pontas dos dedos.

Continuei me lamentando, mas quando olhei para a entrada da porta, Hoseok estava ali, com uma expressão que misturava arrependimento e esperança. Ele levantou os lábios, tentando sorrir, e seus olhos ficaram maiores, como um gatinho depois de fazer bagunça. Estranhamente algo acendeu dentro do meu estômago, como borboletas querendo sair.

Segurei a respiração quando Kitty correu para ele, puxando-o para dentro antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Eles mantinham suas mãos juntas.

— Oppa, ele voltou! — ela exclamou, olhando para mim com uma expectativa silenciosa.

Soltei a respiração.

— Hoseok, podemos conversar? — perguntei, tentando manter a calma e ser justo.

Ele assentiu, seguindo-me até o escritório que ficava no fundo da pousada. Assim que entramos no cômodo, cruzei os braços e sentei na ponta da mesa de madeira polida, observando Hoseok.

— Você voltou? — perguntei, tentando não ser tão intimidador.

— Eu não sei. Na verdade, eu nunca fui embora, você que decidiu isso por mim.

Mordi os lábios.

— Você disse primeiro que iria embora — comecei, mas minha voz falhou. Forcei-me a manter uma aparência firme. — Você sabe que não posso perder dinheiro. Isso não é apenas um negócio para mim, é tudo o que tenho.

Hoseok, em pé, se moveu nervosamente, como se estivesse procurando uma saída. A expressão em seu rosto era uma mistura de raiva e tristeza. Eu não queria ser o vilão da história, mas a frustração ainda fervia dentro de mim.

— Eu sei... Eu sei que errei. Mas você brigou comigo na frente de todos — ele respondeu, a voz trêmula. — Eu não sou um completo idiota.

Fechei os olhos por um momento, tentando encontrar as palavras certas. Sabia que a briga fora intensa, mas era difícil ignorar a dor que eu causara em ambos.

— Olha, eu não queria fazer isso. Não queria que você se sentisse assim — disse, tentando suavizar meu tom. — Tudo o que eu queria era que você entendesse a gravidade da situação!

Hoseok olhou para baixo, sua expressão se suavizando lentamente, o que fez acender uma chama dentro de mim.

— Eu entendo, mas você poderia ter falado de outra forma. Não precisava ter sido tão duro.

— Desculpa por isso! — O silêncio pairou entre nós por um momento. Senti a pressão no peito, um desejo de consertar o que estava quebrado. — Eu... eu não queria que você fosse embora — confessei, por fim, minha voz saindo quase num sussurro.

Hoseok levantou o olhar.

— Então por que você disse aquilo na frente de Kitty? Você me expôs.

— Eu estava irritado — respondi, a frustração voltou a subir.

— Isso não é desculpa — ele rebateu, cruzando os braços.

Levantei-me da mesa, a tensão aumentando.

— Eu sei que não é, mas precisamos nos entender. Não quero que isso acabe assim.

— Então, o que você sugere? — Hoseok me perguntou.

Respirei fundo, sentindo a fragilidade do momento.

— Talvez possamos começar com algumas regras. O que achando? Não podemos deixar que isso aconteça novamente.

Hoseok balançou a cabeça lentamente, considerando a proposta.

— Tudo bem, mas isso significa que você precisa me ouvir também.

As palavras dele atingiram um ponto sensível dentro de mim. Eu sabia que tinha sido autoritário demais.

— Eu prometo ouvir, mas você não pode sair por aí gritando com as pessoas.

— Então vamos começar do zero — Hoseok sugeriu, e eu senti uma leve esperança se formando. — A partir de agora, vamos nos comunicar melhor. Podemos estabelecer um espaço seguro para discutir as finanças e qualquer outra coisa que nos preocupe.

— Concordo — respondi, aliviado por ele estar disposto a tentar.

A atmosfera começou a mudar, mas a estranheza ainda pairava entre nós. As palavras fluíam, mas a lembrança do que havia acontecido não se dissipava facilmente. Sabíamos que nossa amizade e parceria não seriam as mesmas de imediato, mas o entendimento mútuo era um passo necessário.

— Então, o que você quer fazer agora? — Hoseok perguntou, e eu pensei por um momento.

— Que tal começarmos a contar as notas? — perguntei, pegando o maço de dinheiro sobre a mesa. — Posso te ensinar a fazer isso de uma forma mais fácil.

— Claro — ele respondeu, aproximando e pegando o dinheiro.

Ele estava tão próximo, que eu consegui sentir o cheiro da água do mar nele e, quando abaixei os olhos, notei algo estranho em seu braço, uma camada de escamas azuladas que brilhavam sob a luz. Franzi o cenho, intrigado.

Por que ele tinha escamas de peixe grudadas na pele? Tombei a cabeça para o lado, apertando os olhos para enxergar melhor. Aquilo era bonito e eu nunca tinha visto antes.

— O que é isso no seu braço? Tatuagem maneira — falei, tocando levemente nas escamas. Para minha surpresa, sob meus dedos, elas desapareceram como se nunca tivessem estado lá. Olhei para ele com os olhos arregalados. — O que acabou de acontecer? Não era uma tatuagem?

Hoseok parecia igualmente surpreso, mas rapidamente disfarçou, pigarreando alto.

— Eu não sei, eu não vi nada, mas deve ter sido a luz daqui do escritório — ele respondeu, desviando o olhar e se afastando.

Eu estava maluco? Dei de ombros, decidindo não insistir, embora a curiosidade e a confusão me consumissem por inteiro. Havia algo nele que eu não entendia, algo que o tornava diferente das outras pessoas, admito. Mesmo assim, concordei em deixar isso de lado, pelo menos por enquanto.





NOTAS

Eita, Hoseok, quase, hein!!

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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