𝗦𝗘𝗗𝗨𝗖 𝗧𝗜𝗩𝗘 - ⁰⁰¹

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𝐖𝐄𝐋𝐂𝐎𝐌𝐄

𝗦𝗘𝗗𝗨𝗖 𝗧𝗜𝗩𝗘 - ⁰⁰¹

★ AVISO:
— Capitulo longo
— Meta para próximo capítulo é 10 votos

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✩ ᑕᕼᒪOᕮ ᑕᗩᖇTᕮᖇ

A campainha acima da porta soou, e como de costume, eu olhei por reflexo. Já passava das dez, e o movimento no restaurante começava a diminuir. Eu esperava ver um rosto familiar ou algum caminhoneiro parando para um café rápido, mas desta vez foi diferente. Um homem entrou, sem levantar o olhar, com o capuz puxado sobre a cabeça. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos, e ele parecia carregado, como se o peso do mundo estivesse em seus ombros.

Eu respirei fundo e peguei meu bloco de anotações. Era apenas mais um cliente, disse a mim mesma. Passei pelo balcão, tentando não fazer barulho enquanto me aproximava. "Boa noite," murmurei, com o sorriso padrão que costumava oferecer a todos. Ele ergueu o olhar por um breve segundo, apenas o suficiente para eu ver seus olhos – olhos de alguém que estava cansado, mas alerta.

"Um café preto," ele respondeu, sua voz baixa e rouca. Eu parei por um instante. Aquela voz. Havia algo nela que fez meu coração bater um pouco mais rápido. Mas eu não podia me dar ao luxo de ficar imaginando coisas. Pessoas estranhas entravam e saíam daquele restaurante o tempo todo.

"Claro, já trago pra você," respondi, mantendo a voz tranquila, enquanto voltava para o balcão. Enquanto preparava o café, não conseguia afastar a sensação de familiaridade. Talvez fosse só coisa da minha cabeça. Eu estava cansada. As noites longas e as horas extras começavam a pesar.

Entreguei o café sem mais conversa, mas enquanto ele o pegava, seus olhos voltaram a encontrar os meus, e naquele momento, percebi: eu sabia exatamente quem ele era. Marshall Mathers, Eminem. O homem cuja música me acompanhava em muitos dos meus dias difíceis, estava sentado ali, pedindo um café simples como qualquer outro cliente. Mas ele não era qualquer um.

O choque me atingiu como uma onda, mas eu me segurei. Ele claramente não queria ser reconhecido, e eu tinha que respeitar isso. Sentei-me atrás do balcão, observando-o à distância enquanto ele encarava o café, os dedos envolvendo a xícara como se estivesse se aquecendo.

Minutos se passaram, e o restaurante esvaziava ainda mais. A noite estava caindo em uma calmaria rara. Não sei por que, mas sentia uma necessidade crescente de falar com ele. Algo me dizia que ele precisava disso. Não como o grande rapper famoso, mas como alguém que, por um momento, só queria ser uma pessoa normal.

Eu me aproximei novamente. "Está tudo bem? Precisa de mais alguma coisa?" Perguntei, a voz saindo mais suave do que eu esperava.

Ele levantou os olhos devagar, como se calculasse o que dizer. "Não, tá tudo certo... só precisava de um lugar tranquilo."

Balancei a cabeça. "Eu entendo. Às vezes, este é o único lugar onde encontro um pouco de paz."

Ele soltou um som baixo, que quase parecia uma risada, mas não de diversão. "Paz... Sim, isso seria bom." Seus olhos vagaram para fora da janela, como se estivesse pensando em outra coisa, muito distante dali.

Fiquei de pé por alguns segundos, sem saber se deveria sair ou continuar a conversa. Parecia que ele estava à beira de algo, como se quisesse dizer mais, mas não sabia como. E eu, do meu lado, sentia que algo importante estava acontecendo, ainda que em um nível sutil, silencioso.

𝗦𝗘𝗗𝗨𝗖 𝗧𝗜𝗩𝗘 - 𝐄𝐌𝐈𝐍𝐄𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora