A floresta ao redor de Liam parecia viva, com cada som amplificado pela escuridão. O ar estava úmido e carregado de um cheiro metálico, como se o ambiente estivesse sendo contaminado pelo impacto da nave. Ele mal conseguia distinguir os ruídos naturais dos passos calculados dos agentes da Helix, que estavam em sua cola.
Liam sabia que não podia continuar se movendo sem uma estratégia clara. A adrenalina que antes o empurrava para frente agora começava a dar lugar ao cansaço. Ele precisava parar e pensar, mesmo que fosse apenas por alguns segundos. Encostou-se em uma árvore grossa, tentando recuperar o fôlego, enquanto o pânico apertava seu peito.
Foi quando ele sentiu algo diferente: uma presença. Não era como os agentes da Helix, mas algo mais profundo, mais primitivo. Uma respiração pesada e ritmada podia ser ouvida ao longe, quase como se a própria floresta estivesse viva e observando.
O coração de Liam disparou. Ele espiou para fora de seu esconderijo improvisado e viu uma sombra se movendo entre as árvores, grande e vagamente humanoide, mas definitivamente não humana. A criatura parecia estar rastreando-o, seus movimentos eram precisos e silenciosos, como um caçador experiente.
Sem querer chamar a atenção, Liam se agachou ainda mais, tentando se camuflar na escuridão. O som da respiração da criatura aumentava, indicando que ela estava cada vez mais próxima.
— O que diabos é isso? — sussurrou ele para si mesmo, o medo paralisante agora lutando contra seu instinto de sobrevivência.
Ele começou a se mover lentamente para o lado oposto, mantendo-se nas sombras. Cada movimento era cuidadoso, calculado, pois sabia que qualquer ruído poderia entregar sua posição.
De repente, o rádio dos agentes da Helix estourou com estática, seguido por uma voz urgente.
— Atenção, unidade de captura! Algo está atacando! Repito, algo não identificado está atacando!
O alarme nas vozes dos agentes era claro, mesmo que distorcido pela interferência. Liam não pôde evitar um pequeno sorriso de alívio. A criatura estava desviando a atenção dos agentes, o que lhe dava uma chance de escapar.
Mas antes que pudesse se mover, um grito horrível ecoou pelo ar, um som de dor e desespero. Liam reconheceu imediatamente que era um dos agentes, atacado por aquela coisa desconhecida.
— Isso é uma distração... — murmurou para si mesmo, tentando entender a situação.
O som de corpos caindo e o eco de tiros erráticos preenchiam o ar, enquanto a criatura avançava sem hesitação. A floresta parecia vibrar com a intensidade do ataque, como se o próprio ambiente estivesse torcendo pelo predador.
Liam se aproveitou do caos e começou a correr na direção oposta, tentando criar o máximo de distância possível entre ele e o que quer que estivesse atacando. Ele sabia que essa era sua melhor chance de escapar, mas também não conseguia ignorar a sensação de estar sendo atraído para uma armadilha maior.
Enquanto corria, sua mente voltou aos amigos ainda dentro da nave. Eles ainda estavam lá, sem vida ou talvez com alguma chance remota de recuperação. Mas o tempo estava se esgotando, e ele sabia que precisava de um plano concreto para voltar e enfrentá-los novamente, com ou sem ajuda.
Depois de alguns minutos de corrida, Liam encontrou um pequeno descampado na floresta, iluminado pela luz fraca da lua que finalmente atravessava a copa das árvores. Ele parou por um momento, tentando avaliar a situação.
Foi então que ouviu um som estranho atrás de si, um ruído baixo e gutural. Virou-se lentamente e viu, pela primeira vez, a criatura. Era enorme, com um corpo coberto de uma substância negra e viscosa, e seus olhos brilhavam de um vermelho ameaçador. A criatura parecia ter saído de um pesadelo, algo alienígena e primordial.
Liam engoliu em seco, tentando não demonstrar medo. A criatura parecia medir cada movimento seu, como se estivesse decidindo se ele era uma ameaça ou apenas mais uma presa.
— O que você quer? — gritou Liam, tentando soar mais corajoso do que realmente se sentia.
A criatura não respondeu, mas seus olhos vermelhos brilharam com mais intensidade, como se compreendesse a pergunta.
E então, sem aviso, ela avançou em sua direção com uma velocidade surpreendente. Liam conseguiu se esquivar no último segundo, rolando para o lado e sentindo o impacto das garras da criatura contra o chão, arrancando pedaços de terra e raízes.
Liam se levantou rapidamente, tentando manter a distância, mas a criatura era rápida e implacável. Ele sabia que não tinha como derrotá-la em um confronto direto; precisava ser inteligente e usar o ambiente a seu favor.
Enquanto corria de novo, Liam notou uma área mais densa da floresta, com árvores tão próximas umas das outras que dificultariam os movimentos da criatura. Ele correu em direção a essa área, esperando que o terreno o ajudasse a ganhar tempo.
A criatura hesitou por um segundo, como se percebesse a estratégia, mas então avançou novamente, determinada a caçar Liam até o fim.
Liam se moveu com dificuldade entre as árvores, sentindo o peso do cansaço em seus músculos. Sua regeneração ajudava a manter seu corpo funcionando, mas o esgotamento mental era evidente. Cada respiração era um esforço, cada passo um desafio.
Finalmente, ele encontrou um pequeno esconderijo entre as raízes de uma árvore caída e se escondeu ali, tentando controlar a respiração e o medo. Ele ouvia a criatura se aproximar, sua respiração pesada e seu movimento preciso, mas também percebeu que ela estava tendo dificuldades em se mover no espaço apertado.
Liam ficou imóvel, segurando o fôlego enquanto a criatura passava perigosamente perto. Ele sabia que essa batalha estava longe de acabar, mas ao menos tinha ganho alguns segundos preciosos para se preparar para o próximo movimento.
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A Sétima Nave Pt2
Science FictionQuando a queda de uma nave deixa um único sobrevivente consciente, um caos sem precedentes toma conta de um planeta à beira do colapso. Cercados por criaturas misteriosas, inimigos ocultos e aliados questionáveis, os protagonistas agora encaram um n...