A floresta era um labirinto de sombras e silêncios, onde cada passo parecia ressoar alto demais, quebrando a quietude opressiva. Liam movia-se rapidamente entre as árvores, os músculos tensos e os sentidos em alerta máximo. A sensação de ser observado não o abandonava, e o peso do que havia deixado para trás o esmagava a cada instante.
Ele mal podia ver o caminho à sua frente, pois a escuridão era densa e quase palpável, mas não podia se dar ao luxo de desacelerar. Os agentes da Helix estavam cada vez mais próximos; seus passos e murmúrios já eram audíveis em meio à vegetação.
Liam tentou focar sua mente na fuga, afastando os pensamentos dolorosos sobre os corpos dos seus amigos. Seu instinto dizia para sobreviver e encontrar uma maneira de reverter aquela situação, por mais impossível que parecesse.
De repente, ele tropeçou em uma raiz exposta e caiu de joelhos. A dor foi aguda, mas logo começou a desaparecer enquanto sua regeneração agia rapidamente. Ele se levantou, ofegante, tentando se recompor. A floresta ao redor estava mortalmente silenciosa, exceto pelo farfalhar das folhas que se moviam ao vento.
— Onde você está indo, Liam? — uma voz ecoou no ar.
Liam se virou instintivamente, o coração acelerado. Não havia ninguém à vista, apenas as árvores imóveis e as sombras mais profundas.
— Mostre-se! — gritou ele, tentando soar desafiador.
Mas a voz não respondeu, e o silêncio voltou a dominar. Liam ficou parado por alguns segundos, sem saber se estava sendo manipulado pela Helix ou por algo mais sinistro. O medo, antes oculto sob a adrenalina, começava a se manifestar de maneira mais intensa.
Continuou em frente, tentando manter o foco, até que avistou um pequeno riacho serpenteando entre as árvores. Ele sabia que precisava de água e de um momento para pensar, então se ajoelhou e começou a beber avidamente.
Enquanto se hidratava, um som distante chamou sua atenção. Eram vozes, e desta vez vinham claramente de uma direção específica.
— Alvo avistado! — gritou um dos agentes da Helix.
Liam olhou para trás e viu o brilho de lanternas se aproximando rapidamente. Sem hesitar, ele começou a correr de novo, sentindo os galhos arranharem seu rosto e braços. A perseguição era implacável, e ele sabia que não podia manter aquele ritmo por muito tempo.
Ele encontrou um tronco caído e rapidamente se escondeu atrás dele, tentando controlar a respiração. Os agentes estavam perigosamente perto, suas vozes agora claras e ameaçadoras.
— Ele não pode estar longe. Verifiquem cada canto! — ordenou um deles.
Liam pressionou o corpo contra o chão, tentando se manter imóvel. Seu coração batia tão alto que ele temia que os agentes pudessem ouvi-lo. O som de passos pesados ecoava ao redor, misturado ao farfalhar de folhas enquanto os agentes vasculhavam a área.
De repente, algo se moveu nas sombras próximas a ele. Liam virou-se rapidamente, esperando encontrar um agente, mas não havia ninguém lá. No entanto, o movimento havia sido real, e ele sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Ele não estava sozinho, e não eram apenas os agentes da Helix.
Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, um grito agudo ecoou pela floresta. Era um som semelhante ao que havia escutado dentro da nave, porém mais distante, como se estivesse se aproximando lentamente.
Os agentes da Helix pararam de repente, visivelmente abalados pelo som aterrador.
— O que foi isso? — perguntou um deles, em um tom de pânico.
— Continuem procurando! — ordenou o líder, embora sua voz também estivesse trêmula.
Liam aproveitou a distração para se mover silenciosamente para longe, tentando manter-se o mais baixo possível. Ele não sabia o que havia feito aquele som, mas estava certo de que não era um aliado.
Conforme se afastava dos agentes, ele encontrou um pequeno abrigo natural entre as raízes de uma árvore gigante. Acomodou-se ali, ainda ofegante, e olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo.
— Preciso de um plano... preciso sair dessa floresta — sussurrou para si mesmo.
Enquanto Liam tentava pensar em um caminho a seguir, um novo som ecoou ao longe, mais profundo e gutural. Era diferente do grito, mas igualmente ameaçador, como se algo estivesse rondando a área, observando tudo em silêncio.
Liam sabia que, seja o que fosse aquilo, não era humano.
E, assim, ele se viu encurralado entre os agentes da Helix e algo muito mais sinistro, um predador desconhecido que parecia ter emergido das profundezas da nave ou talvez da própria floresta.
Ele tinha que sobreviver, não apenas por si, mas pelo legado de seus amigos caídos e pela esperança de resgatá-los... se ainda houvesse tempo.
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A Sétima Nave Pt2
Fiksi IlmiahQuando a queda de uma nave deixa um único sobrevivente consciente, um caos sem precedentes toma conta de um planeta à beira do colapso. Cercados por criaturas misteriosas, inimigos ocultos e aliados questionáveis, os protagonistas agora encaram um n...