Capítulo 5POV Sophie Boschert
O sol mal tinha começado a surgir no horizonte quando eu acordei, sentindo o calor reconfortante do corpo de Louren ao meu lado. Ainda estava meio adormecida, mas não pude evitar sorrir ao vê-la dormindo tão serenamente, como se todo o peso do mundo tivesse sido deixado de lado por algumas horas. Seus braços estavam levemente entrelaçados ao meu corpo, e eu podia sentir a respiração suave dela no meu pescoço, cada pequena inspiração e expiração me trazia uma sensação de segurança e calma que eu não esperava encontrar.
Na noite anterior, havíamos decidido parar, escolher a calma ao invés da urgência, e aquilo foi a coisa mais bonita e corajosa que poderia ter acontecido. Cada palavra sussurrada, cada olhar trocado, cada toque cuidadoso foi um lembrete de que o desejo e a atração não precisam ser rápidos para serem intensos, e que a verdadeira intimidade se constrói devagar, camada por camada.
Eu não queria sair daquele momento, mas sabia que o dia me chamava. Enquanto me mexia lentamente para tentar me levantar sem acordá-la, senti os braços de Louren se apertarem ao meu redor, e ela murmurou algo inaudível, ainda meio adormecida. Isso fez meu coração derreter. Ela era tão forte e confiante, mas também tão vulnerável e suave em momentos como este, e isso me fazia querer conhecê-la ainda mais.
"Bom dia," ela sussurrou, a voz rouca pelo sono, seus olhos se abrindo devagar para encontrar os meus. Eu sorri e dei um beijo na testa dela, meu carinho se transbordando sem reservas.
"Bom dia, chef. Dormiu bem?" perguntei, acariciando seus cabelos.
"Melhor do que eu dormi em muito tempo," ela respondeu, seus lábios formando um sorriso tímido. "Sabe... você tem esse efeito calmante em mim, Sophie. É como se todo o barulho desaparecesse quando estou ao seu lado."
Eu queria responder algo igualmente doce, mas antes que eu pudesse, ela se sentou, parecendo um pouco mais alerta, e me olhou de um jeito que mostrava que havia algo importante em sua mente.
"Louren, o que foi?" perguntei, sentindo meu estômago dar uma pequena volta de preocupação.
Ela respirou fundo, hesitando por um momento antes de falar. "Eu estava pensando... sobre ontem à noite. Eu sei que paramos, e eu sou grata por termos ido devagar. Eu só... eu só quero ter certeza de que você está confortável com tudo, sabe?"
Seu olhar era terno, mas também inseguro. Por mais que ela demonstrasse força, era evidente que a vulnerabilidade da noite anterior ainda estava ali.
"Louren," comecei, pegando a mão dela e entrelaçando nossos dedos, "eu estou completamente confortável com você, exatamente do jeito que você é. Nada do que você me contou ou mostrou ontem mudou o que eu sinto. Na verdade, só me fez admirá-la mais. Você foi corajosa e aberta, e isso só me faz querer estar mais perto de você."
Ela suspirou de alívio, e eu senti como se uma tensão invisível tivesse sido liberada do seu corpo. Era como se ela estivesse segurando a respiração por tempo demais e finalmente tivesse a chance de soltar.
"Eu sei que minha condição é algo que muitas pessoas não entendem ou não sabem lidar," ela disse, seu tom ficando mais sério. "Mas eu queria que você soubesse que, se em algum momento você tiver dúvidas ou inseguranças, eu quero que fale comigo. Eu prefiro isso a você ficar se sentindo estranha ou desconfortável."
Eu me aproximei dela, nossos rostos quase se tocando, e acariciei seu rosto com o polegar. "Eu sou médica, Louren. Entendo as coisas do ponto de vista biológico, mas o que me importa mesmo é o que vejo quando olho para você. E o que eu vejo é uma mulher linda, confiante, e que está aprendendo a ser vulnerável comigo. Isso é o que importa. Só isso."
Ela fechou os olhos por um momento e sorriu, um sorriso que parecia carregar toda a luz do amanhecer que começava a iluminar o quarto. "Obrigada, Sophie. Isso significa mais do que você pode imaginar."
Depois de mais alguns momentos de ternura, eu finalmente decidi que precisava levantar e começar meu dia no hospital. Relutante, me levantei da cama, me sentindo como se estivesse deixando para trás uma parte de mim mesma.
"Tenho que ir trabalhar, mas quero vê-la hoje à noite. Que tal eu cozinhar para você desta vez?" sugeri, enquanto recolhia minhas roupas espalhadas pela sala.
"Eu adoraria isso," ela respondeu, se inclinando para me dar um beijo suave, mas cheio de promessas não ditas.
POV Louren Button
Depois que Sophie saiu, o silêncio do apartamento parecia mais pesado, como se a ausência dela fosse um buraco que não podia ser preenchido. Eu me sentia leve, mas ao mesmo tempo, o nervosismo me tomava. Nunca tinha compartilhado tanto de mim com alguém, e isso me deixou mais exposta do que jamais estive.
Mas eu queria estar exposta. Queria que Sophie visse cada parte de mim, porque ela me fazia sentir segura o suficiente para mostrar. Quando ela me aceitou na noite passada, aceitou não apenas meu corpo, mas tudo que eu sou, e isso significava o mundo.
Eu sabia que precisaria de mais conversas como a de hoje pela manhã, para que pudéssemos navegar pelas águas desconhecidas que ainda estavam por vir. Mas eu estava disposta. Porque Sophie valia a pena.
Passei o dia tentando me concentrar no trabalho, mas minha mente continuava vagando de volta para ela. Para o sorriso dela, para o jeito como ela falava de seus pacientes com paixão, e para a forma como seus olhos brilhavam quando ela falava algo que a empolgava. Estava claro que Sophie era uma mulher com uma força incrível, e eu queria conhecer cada parte dessa força.
Quando finalmente cheguei ao restaurante que dirijo, eu só tinha uma coisa em mente: criar algo especial para Sophie, algo que mostrasse o quanto ela já significava para mim. Ela estava cozinhando para mim essa noite, mas isso não significava que eu não poderia preparar algo para ela levar para casa amanhã. Talvez uma sobremesa que simbolizasse a doçura que ela trouxe para a minha vida.
À medida que o dia passava, eu sentia um tipo de ansiedade boa, aquela que acontece antes de algo incrível, e eu mal podia esperar para ver Sophie novamente. Mal podia esperar para saber onde essa jornada nos levaria, porque mesmo com todas as incertezas, eu sabia que queria estar ao lado dela, descobrindo cada parte dessa conexão.
E era assim que eu sabia que Sophie não era apenas mais um caso passageiro. Ela era o começo de algo novo, algo real.

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O nosso era uma vez
RomanceEra uma vez... Em pensar que todas as melhores histórias da nossa infância começava exatamente dessa forma, era sempre um dia ensolarado, pássaros cantando e corações voando por aí. Ok, talvez a nossa também tenha corações voando, mas no decorrer d...