Capítulo 12

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A rejeição

- Ok, você tem que parar de encarar. - Linda diz.

Estamos no refeitório, Linda e eu estamos sentadas em uma mesa, e apenas umas cinco a nossa frente está o time de Hockey.

- O que? Eu não estou encarando. - Digo

- Sério? Só falta você babar pra ele, amiga...- Ela diz, enquanto eu olho para Ethan, sorrindo, ele abraça Lucas o prendendo e zoando com algo que faz todos rirem também, aparentemente eles já tinham se resolvido. - Amiga! - Escuto Linda - Pelo amor de Deus, só para!

- Mas gente, não posso mais olhar? - Digo.

- Você pretende se declarar pra ele em algum momento? - Ela questiona.

- Está louca?! - Digo e ela assente a cabeça como se já soubesse da resposta.

- Então não minha cara amiga, você não pode ficar olhando, está dando muito na cara! E o Sam?

Eu estava torcendo que ela não me perguntasse isso, já fazia dois dias que Sam havia voltado para a escola, tinha alguns hematomas mas já estava bem melhor do que no dia do ocorrido. Ele estava a algumas mesas atrás de nós, sentado com alguns amigos dele, nós trocávamos alguns olhares mas eu não tinha coragem de falar com ele por que como eu iria dizer "Ei, então sobre sua declaração aquele dia, sinto muito mas não posso correspondê-la por que estou apaixonada por outro cara, que aliás, é o mesmo que desfigurou a sua cara" não tem um jeito sútil de se dizer algo assim.

- Amiga, minha honesta opinião, fale com o Sam, ele precisa de uma resposta, você deve isso a ele.

Eu olho para Sam, que continua com o seu olhar fixo no meu, ele dá um sorriso tímido e um aceno, eu retribuo e então, pego meu celular e coloco em nosso chat, fico encarando por um tempo, olho para Linda que em incentiva e finalmente eu mando.

****
- Podemos conversar?

Sam pega o celular no mesmo instante, ao visualizar a mensagem ele sorri, olha para mim e assente.

****
- Te encontro na biblioteca.

Eu me levanto e saio primeiro, alguns minutos depois vejo Sam vindo atrás de mim, vamos em silêncio pelo caminho até a biblioteca, Linda continua degustando do seu almoço, ela olha para Ethan que agora está com o olhar fixo na saída do refeitório, com uma expressão nada feliz.

- Esses dois ainda vão me dar muita dor de cabeça - Linda diz para ela mesma, enquanto come sua sopa.


. . .


Eu e Sam vamos para o último corredor da biblioteca, por ser horário de almoço ela está quase vazia, tirando algumas pessoas estudando ou lendo livros. Sinto minhas mãos suarem.

- Sam... - Tento começar mas não sei por onde devo, me sinto perdida.

- Emma. - Ele segura minha mão. - Eu já sei o que vai dizer, eu sinceramente odeio que essa seja a resposta mas não precisa ficar nervosa, sou eu.

Eu sorrio, ele era sempre assim, sempre pensava nos outros antes dele mesmo.

- Eu...não posso corresponder seus sentimentos Sam, sinto muito. - Digo.

- Eu já imaginava. - Ele diz, enquanto soltamos nossas mãos. - Você gosta de outra pessoa não é?

- Como você sabe? - Questiono.

- Desde que te conheci, você sempre teve esse olhar distante, parecia sempre estar pensando em outra pessoa, sua mente sempre estava nela, eu cheguei a sentir ciúmes de alguém que eu nunca conheci, sempre me perguntando se um dia você seria capaz de olhar daquele mesmo jeito pra mim, e então me iludi que um dia eu talvez conseguisse, mas ele está a tanto tempo em seu coração, que eu acho que jamais tive uma chance.

- Sam... - Digo.

- Eu quero que você saiba que eu não vou desistir Emma. - Ele diz, com um brilho no olhar tão vivo para alguém que acabou de ser rejeitado. - e nada entre nós precisa mudar, você ainda é minha melhor amiga, me odiaria se perdesse você.

- Eu também penso assim.

- Posso te abraçar? - Ele pergunta e eu assento.

O abraço de Sam é como abraçar um nuvem, é macio e aconchegante, ele acaricia meu cabelo e eu me permito sentir feliz novamente, eu preciso de Sam na minha vida, se nossa amizade acabasse eu ficaria tão triste, fico feliz que não ficamos estranhos depois de tudo.

- Então - Ele se afasta - Quem é o cara?

Um peso volta ao lugar onde meu coração costumava ficar, eu olho para Sam que aguarda uma resposta minha, eu permaneço em silêncio, sua feição aos poucos vai mudando, e então ele olha para mim perplexo.

- Não...- Ele diz.

- Sam...

- É sério? Sério mesmo? - Ele questiona - Emma, como você pode gostar de um cara como ele?

- Sam, é complicado, eu o conheço dês dos dez anos. - Digo.

- Entendo, então eu nunca tive uma chance, ele está na sua vida bem antes de mim.

Eu permaneço em silêncio.

- Eu não consigo entender como consegue gostar de um cara problemático como ele, e eu ainda vou fazer você mudar de ideia.

- Sam - Tento falar.

- Não Emma, é sério, você merece coisa melhor, e eu posso te dar isso, você sabe né?

O sinal toca, a bibliotecária vem ao nosso encalço e nos manda ir para a aula, Sam me olha e eu digo "é melhor irmos", ele segura minha mão.

- Volte comigo pra casa, por favor.

- Ok.

Então vou para a sala, e termino o restos dos períodos com a frase de Sam na cabeça.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora