Terninhos e Gravatas

1 1 0
                                    

Genevieve, chega em seu trabalho pontualmente as 8:00 da manhã. Seu humor está ótimo como nunca, e é o pretexto perfeito de usar seu terninho preto que - sendo modesta - a deixa muito sexy, com sua gravata igualmente da mesma cor, a faz sentir um homem corporativo muito bem-sucedido (mas sendo mulher, o que a deixa umas mil vezes mais foda). Seus scarpins a deixam mais alta e o cabelo acobreado em um coque bem feito a faz se sentir mais segura de si. Hoje seria o dia. O seu dia!

A amiga não ter voltado pra casa na noite anterior só pontua isso. Mesmo por ter dormido meio mal sem notícias de Ana, Genevieve sabe que a amiga teve uma noite boa, e sente orgulho dela. Ao subir os andares, no elevador seu sorriso só aumenta com esperanças de que Mateo não venha para o trabalho hoje.

Vivi observa o escritório caótico, funcionários e mesas por toda parte sendo separadas por meias-paredes de drywall. "Não vejo a hora de ter minha própria sala". Ela se dirige até sua repartição minúscula e se assusta ao ver Mateo sentado em sua cadeira com seu porta-retrato em mãos, aquele em que está ela e Ana. Ela aperta os olhos com força, e sua boca se torna uma linha fina.

— Quanto profissionalismo. — Ele parece sentir o gosto da palavra em sua boca e Vivi não deixa de reparar como seus cabelos estão bagunçados - como se tivesse passado os dedos por eles várias vezes - a barba por fazer que parece estar o incomodando, por que ele a coça umas três vezes desde que ela o viu. Seus olhos em um castanho escuro, com um brilho de ódio.

— Saia da minha mesa, por favor Mateo. — Ela toma o porta-retrato da mão do bronzeado com raiva, quase desesperada, mas não deixa transparecer.

— Conheci sua amiga ontem. Anastasia, né? — Ele não se mexe do seu assento, mas a fita com uma expressão dura e maxilar travado e ela jura que pode ouvir seus dentes cerrando.

Vivi faz a sua cara mais inocente possível e posiciona o porta-retrato novamente em seu lugar.

— Que interessante. Ela é uma querida, não? — Vivi tenta dar um sorriso que não chega aos olhos, o pânico de seu plano não ter dado certo a perturba, mas a amiga ainda não ter dado notícias a deixa extremamente desesperada. Ela tenta não transparecer, mas Mateo percebe sua expressão.

— Ah sim, ela é. — Ele tem um sorriso de canto, quase maligno, mas sua covinha o deixa extremamente angelical. O que deixa Vivi muito mais apreensiva, ela sente seu coração gelar.

— Ah, que bom. Vocês conversaram muito?
— Não, apenas nos apresentamos e tive que ir embora. Sabe como é, né? Trabalho cedo.

— Então vocês não se conheceram muito bem, né? Mas vale a pena, eu juro. — Ela tenta transparecer estar calma, como se soubesse onde a amiga está. Seu sorriso está de orelha a orelha, como se estivesse tendo uma conversa casual com um colega de trabalho qualquer.

— Não, mas a vi conversando com um cara que, caia entre nós, era bem esquisito. — Ele a olha nos olhos, com um olhar de desafio. O coração de Genevieve acelera de uma forma sobrenatural. "Ai. Meu. Deus. Onde você está Anastasia?"

— Ela não me disse nada. Que esquisito. — Vivi tenta falar de forma casual, mas sua voz falha e ele percebe. Droga, ele é insuportável.

— Era um russo, bem esquisito. Mas se ela não disse nada hoje pela manhã, presumindo que vocês sempre falam sobre tudo, então está tudo bem. — Ela dá de ombros, como se não fosse nada de mais ela estar com um cara estrangeiro e - palavras dele - muito esquisito. Mas não estava tudo bem, estava tudo um caos dentro da cabeça de Genevieve, ela poderia surtar a qualquer minuto. A preocupação que crescia dentro dela a estava consumindo inteira.

— Me diga quem é. — Genevieve coloca uma mão de cada lado de Mateo, nos encostos de braço de sua cadeira, o deixando encurralado. Ele parece não ligar, parece até gostar de como está a deixando apreensiva - ou de qualquer outra coisa- ela acha.

Ele puxa a gravata dela, o que a faz soltar um "Oh" assustado, ele encaixa sua boca perto de seu ouvido e Genevieve pode sentir seu hálito quente, o que a faz arrepiar dos pés a cabeça. Ela odeia a sensação.

— Você queria trapacear, não é? Eu conheço você, Genevieve. — Ele sussurra contra sua pele arrepiada, e como pronuncia seu nome a faz arrepiar ainda mais.

— Eu não sei do que está falando. — Ela responde, a voz mais baixa e menos controlada do que queria, mas ainda tentando manter seu tom desafiador. Ele sorri, um sorriso cheio de arrogância, acompanhado por suas covinhas charmosas e seus olhos nunca se desgrudando dos dela.

— Claro que sabe. Eu consigo ver nos seus olhos, Genevieve. — Ela engole em seco, sentindo a pulsação acelerar e seu plano quase desmoronando.

Vivi tenta sustentar seu olhar firme mas a cada palavra dele a atinge como um desafio, ela se sente vulnerável sob o olhar dele. Ela tenta pensar em uma resposta a altura, sentindo seu rosto borbulhar de raiva.

— Eu não sou tão transparente quanto pensa, Mateo. — Ela diz tentando parecer confiante e calma, mas uma hesitação em seu tom de voz não passa despercebida por Mateo. Ele sorri mais uma vez, aquele sorriso torto que a deixa fula.

— É mesmo? — Ele sussurra, sua sobrancelha arqueada avaliando cada reação dela. — Então me prove, Genevieve.

Ela detesta o quanto ele a tira do eixo com tão pouco, mas ela precisa terminar essa conversa para ir atrás de Ana o quanto antes.

— Talvez eu precise mesmo te surpreender. — Ela diz com o olhar confiante enquanto se solta de seu aperto em sua gravata. O sorriso dele vacila por um segundo, como se não esperasse essa reação vinda de Genevieve. Ela conta isso como uma pequena vitória, ela vira as costas para ele e vai em direção ao banheiro, ela precisa entrar em contato com Ana.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 22 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Caminhos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora