Sombras do passado

A ponte de londres

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Profeta diário, dia 2 de agosto.

"Hoje marca noventa dias desde o desaparecimento do nosso herói, Harry Potter. A comunidade bruxa segue sem respostas: onde está o homem que salvou o mundo mágico? E o que sua ausência pode significar para o futuro de todos nós?"

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“Uma Marca Negra apareceu em cima da Ponte de Londres. Por favor, cuide disso antes que as pessoas descubram.

Assinado: ministério da magia, gabinete dos aurores.”

Soltei um suspiro ao ler a mensagem. Era sério aquilo? O Ministério tinha centenas de Aurores à disposição, e tinha que mandar justamente eu cuidar disso?

E, aliás, como eles encontraram meu endereço? As únicas pessoas que sabiam eram Rony e Hermione…

— Ela não teria…? — murmurei, sentindo a confiança sumir. — Ela claramente teria. — sussurrei para a coruja que estava me encarando. Hermione era uma das minhas pessoas favoritas no mundo, mas, às vezes, ela conseguia ser muito intrometida.

A coruja soltou um pio suave, talvez se coçando, ou, quem sabe, respondendo à minha pergunta. Fazia tanto tempo que eu não via uma coruja que não conseguia mais diferenciar.

— Eu por acaso tenho escolha? — perguntei a mim mesmo, já sabendo a resposta. Claro que não tinha.

Com um último olhar resignado, me levantei. Era hora de voltar ao trabalho... e talvez, só talvez, descobrir por que diabos uma Marca Negra, de todas as coisas, havia aparecido em pleno centro de Londres.

Se eu tivesse sorte seria um grupo de pirralhos puro sangue que achavam graça em zombar disso.

Com um último suspiro, vesti minha capa,  e me preparei para aparatar. O Ministério poderia até estar em apuros, mas quem realmente ia ter dor de cabeça com isso era eu.

A sensação familiar de ser puxado para o vácuo me envolveu por um instante, até que meus pés encontraram o chão frio da Ponte de Londres. Assim que cheguei, o ar parecia mais pesado, carregado de algo que eu não sabia definir, mas que certamente não era coisa boa.

O céu nublado era quase um clichê em Londres, mas naquele dia parecia ainda mais escuro. Olhei ao redor e não vi nenhum movimento suspeito — exceto, é claro, pela enorme Marca Negra emparelhando sobre a ponte. Fiquei parado, observando por um instante. Aquele símbolo sempre dava um nó no meu estômago, uma lembrança de que o passado, por mais que a gente tente deixar para trás, nunca vai embora completamente.

— Merlin... por que eu? — murmurei, mais para mim mesmo do que para qualquer outro, já que ninguém em volta parecia ter notado a presença da Marca.

Comecei a caminhar em direção ao ponto onde o símbolo estava mais visível, mantendo a varinha firme na mão, apenas por precaução. Eu não poderia estar oficialmente em ação como Auror, mas ainda tinha mais experiência que qualquer um deles. O Ministério, com todos os seus recursos, parecia não saber como lidar com problemas reais.

— HARRY POTTER!

Uma voz desconhecida gritando meu nome no meio da noite, com uma Marca Negra pairando no céu, não é exatamente o tipo de coisa que deixa alguém calmo. Ainda mais com o meu passado. O coração disparou, e minha mão apertou a varinha com mais força. Instintivamente, me xinguei por não ter tomado a Poção Polissuco antes de sair de casa. Quem esperaria ser reconhecido assim, no meio da madrugada.