Capítulo 1 | A Flor Finalmente Murchou

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𝟏𝟏:𝟒𝟎 𝐝𝐚 𝐦𝐚𝐧𝐡𝐚̃

Morajo se levantou, desceu as escadas e foi até o balcão. Ele se sentou e apoiou os braços sobre ele, quase querendo afundar o rosto ali e dormir.

Torajo se aproximou por trás, colocando a mão em seu ombro, fazendo-o levantar a cabeça para olhar para ele.

— Morajo, podemos conversar? — perguntou Torajo.

— Sobre o quê? Vai brigar comigo de novo? — indagou Morajo, com um tom irritado.

— Não, não é isso. — Torajo se sentou ao lado de Morajo, parecendo mais compreensivo do que antes. — Desculpa, eu realmente percebo que você anda muito cansado, mas queria que tentasse dormir mais. Se o problema é o barulho lá fora, podemos tentar resolver isso quando chegar a noite e ver o que está acontecendo — sugeriu Torajo, com um leve sorriso.

Morajo arregalou os olhos levemente, parecendo um pouco confuso, mas logo olhou para baixo e suspirou.

— Tá, mas... eu vou precisar de você mais tarde, tudo bem?

— Para o que exatamente? — perguntou Torajo.

— Eu... só preciso conversar com você, e queria muito que fosse em um lugar afastado daqui — confessou Morajo, olhando para ele quase como se precisasse disso.

— Ah, tudo bem então. Mas para onde você vai me levar?

— Um lugar afastado daqui. É algo realmente sério que eu quero... resolver com você.

O silêncio se espalhou. Torajo ficou com uma expressão pensativa, enquanto Morajo o encarava fixamente, esperando por uma resposta.

Então, Torajo apenas suspirou e acenou com a cabeça.

— Tá bom, se você quer tanto, tudo bem.

Morajo relaxou a expressão, parecendo até um pouco feliz com isso. Torajo serviu uma xícara de café e a deixou no balcão para Morajo pegar.

— Vai tomar café. Você não digeriu nada de manhã.

— Tá bom — respondeu Morajo, pegando a xícara de café e bebendo logo em seguida.

𝟎𝟐:𝟎𝟎 𝐝𝐚 𝐭𝐚𝐫𝐝𝐞

Horas se passaram após gravarem. Morajo foi até o quarto de Torajo, abriu a porta e viu Torajo sentado mexendo em seu computador.

— Torajo — chamou Morajo.

— Sim? — respondeu Torajo, virando-se na direção de Morajo.

— Podemos ir?

— Ah, claro. — Torajo se levantou da cadeira e se aproximou de Morajo. — Vamos ir andando ou você quer ir de ônibus ou algo assim?

— Andando — respondeu Morajo.

— Tá bom. — Torajo desceu as escadas com Morajo até a porta.

— Ei, onde vocês estão indo? — perguntou Zulmi, com o celular na mão, ainda sentada no sofá.

— O Morajo quer conversar em particular comigo em outro lugar. Vai ser rápido, tá? — avisou Torajo, abrindo a porta de casa e segurando o pulso de Morajo.

— Ah, tudo bem. Qualquer coisa é só me ligarem.

— Tudo bem — respondeu Torajo, saindo de casa com Morajo e fechando a porta em seguida.

𝟎𝟐:𝟑𝟎 𝐝𝐚 𝐭𝐚𝐫𝐝𝐞

Morajo e Torajo finalmente chegam ao local.

— Ok, mas... por que uma floresta? — perguntou Torajo.

— Foi o único lugar em que pensei para... você sabe, tentarmos conversar — respondeu Morajo, puxando Torajo para mais perto da floresta.

𝟎𝟑:𝟐𝟎 𝐝𝐚 𝐭𝐚𝐫𝐝𝐞

Zulmi estava mexendo no celular, até que ouviu um estrondo alto vindo da porta, o que a fez se assustar.

— Zulmi! — era Morajo, com a roupa ensanguentada, visivelmente desesperado.

— Ah, Morajo! — exclamou Zulmi, apavorada ao ver as roupas dele.

Morajo não perdeu tempo e avançou em direção a Zulmi, abraçando-a fortemente. Sua respiração estava pesada como uma pedra.

— Morajo... onde está o Torajo? — perguntou Zulmi, com a voz trêmula.

— Ele... ele... ele...

— Ele o quê, Morajo? — exclamou Zulmi, cada vez mais nervosa.

— Ele... está no hospital — respondeu Morajo, abraçando-a cada vez mais forte.

— O quê! — gritou Zulmi, soltando-se do abraço e olhando para Morajo com os olhos arregalados. — O que aconteceu?

— Ele... um... nós estávamos em uma floresta conversando, e daí um urso veio e... atacou ele. Eu tive que chamar a ambulância rápido, mas ele... não parava de sangrar — respondeu Morajo, com o olhar perdido e tremendo muito.

Zulmi ouviu aquilo e ficou em silêncio, em choque. Já Morajo começou a chorar como nunca antes na vida; ele caiu de joelhos e desabou ali mesmo. Rapidamente, Zulmi se abaixou para abraçá-lo também.

— Morajo... — chamou Zulmi. — Você sabe em qual hospital ele está?

Soluçando, ele respondeu:

— Eu... acho que sei qual hospital é.

𝟎𝟒:𝟎𝟎 𝐝𝐚 𝐭𝐚𝐫𝐝𝐞

Quando chegaram ao hospital, seguiram para uma das salas recomendadas pela atendente. Ao baterem na porta, uma médica a abriu.

— Olá? — perguntou a médica.

— O Torajo está aí? — perguntou Zulmi, ainda com o olhar preocupado.

— Está falando de um paciente de cabelos verdes?

— Sim!

— Vocês são parentes?

— Eu sou o irmão dele, e ela é amiga — respondeu Morajo, pausadamente, olhando para baixo.

— Ok, podem entrar — disse a médica, saindo da porta para que ambos pudessem entrar.

Ao entrarem, Morajo e Zulmi se depararam com Torajo, cujo rosto tinha um grande arranhão, quase o deixando irreconhecível. Seu cabelo parecia ter sido arrancado em partes, restando apenas alguns tufos em sua cabeça. Ele vestia as roupas do hospital, mas ainda estavam manchadas de sangue, provavelmente porque o ferimento era tão profundo que continuava a sangrar levemente.

Zulmi ficou horrorizada.

— Oh meu Deus, o Torajo está...

— Pelo que percebemos, ele perdeu bastante sangue enquanto vinha para cá, então suponho que não tenha como ele... viver — respondeu a médica.

Zulmi ouviu aquilo, parecendo desacreditada.

— Não... não pode ser... — Ela se aproximou da cama onde Torajo estava; seu coração afundou e, sem resistir, começou a chorar, apoiando a cabeça no peito de Torajo.

Já Morajo apenas encarava a situação como um todo; seu olhar era vazio e as olheiras eram evidentes por conta do choro anterior.

O Pesadelo Ainda Não Acabou - Mundo do TorajoOnde histórias criam vida. Descubra agora