─ isso é tudo culpa sua! ─ Tzuyu proferiu entre-dentes, segurando a mais velha pelos ombros com mais força do que o necessário, acabando por cravar suas unhas na pele exposta de seu braço ─ não acredito que eu realmente imaginei que você poderia ser discreta.
─ me desculpe, Chewy... ─ Jeongyeon, por sua vez, mantinha os olhos baixos, tentando ao máximo segurar as lágrimas que ameaçavam escorrer por suas bochechas coradas ─ eu não queria te prejudicar dessa maneira.
─ suas desculpas não valem de nada ─ deixou um riso repleto de amargura escapar por entre seus lábios ao escorregar os dedos finos pelo pescoço da menor, agarrando seu queixo afim de erguer seu olhar ─ você realmente foi muito inocente ao pensar que eu deixaria o Lee Chan para ficar contigo, mas eu também tive minha cota de burrice nessa história toda.
A Yoo se manteve em silêncio, sentindo o ardor das unhas da mais alta lhe arranharem a pele sensível, mas não ousou reclamar. Não quando se sentia tão pequena diante da superioridade que Chou Tzuyu exalava.
─ talvez fosse uma espécie de fetiche meu ─ a taiwanesa prosseguiu, após alguns segundos de silêncio ─ pegar uma bolsista que não tem dinheiro nem pra costurar esses trapos que chama de uniforme ─ zombou, utilizando de seu tom de voz mais grosseiro ─ mas espero que saiba que tudo não passou de uma simples aventura, Jeongyeon. Você jamais significaria algo para alguém como eu, que pode ter qualquer um na palma da mão. Então, faça um favor para nós duas, e não volte a me procurar, sim? Você já causou confusão demais na minha vida.
E, com sua melhor expressão de desgosto, Tzuyu afastou-se da mais baixa e passou a mão pelos cabelos escuros, colocando alguns fios rebeldes no lugar antes de, friamente, sair da salinha do zelador, deixando para trás uma garota de coração desolado.
Naquele momento, enquanto arrastava suas costas pela parede gélida que cercava o ambiente mal iluminado até que estivesse sentado no chão, abraçando os próprios joelhos, Jeongyeon percebeu Tzuyu nunca foi quem ela imaginava.
Ela não era a garota doce, que gostava de rimar seu nome com palavras aleatórias, muito menos aquela que lhe dava três selinhos após uma longa sessão de beijos quentes atrás das arquibancadas e que sempre tomava cuidado na hora de voltar para a classe, dizendo aos amigos e ao próprio namorado que havia apenas ido ao banheiro.
Aquela relação, que havia nascido de um simples olhar, morria um milhão de pequenas vezes, sempre que a mais nova ia embora da casa de Jeongyeon, onde costumava passar algumas noites jantando com os pais da mais velha e, na maioria das vezes, enroscando-se entre os lençóis baratos dela durante a madrugada.
Jeongyeon acreditava em Tzuyu sempre que esta lhe dizia que iria terminar tudo com Chan para que, enfim, pudessem viver a plenitude daquele sentimento. Ela também acreditava que existia, de fato, algum sentimento quando a mais nova lhe abraçava apertado, sussurrando ao pé do seu ouvido que ela era sua favorita. Mas talvez, no fundo, Jeongyeon soubesse que aquilo duraria como um beijo tatuado e que Tzuyu iria assombrar todos os seus e se's.
Agora, tudo o que lhe restava fazer era amaldiçoar o momento em que se permitiu apaixonar por alguém que jamais poderia ter. Amaldiçoar a si mesma por ter sido tão descuidada naquela tarde de terça-feira, quando decidiu beijar os lábios da mais alta no meio de um corredor que ela acreditava estar vazio e, bem, amaldiçoar Myoui Mina e toda a crueldade que corria por suas veias em vermelho escarlate.
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─ você ouviu os boatos que estão espalhando por aí? ─ Momo questionou afobada assim que encontrou com a melhor amiga no meio do corredor, levando algum tempo até conseguir regular sua respiração acelerada.
─ o que foi dessa vez? ─ Nayeon questionou sem ânimo algum na voz, apertando firmemente os livros que segurava contra o peito enquanto permanecia caminhando a passos mais lentos do que de costume.
─ ouvi algumas colegas da Tzuyu dizerem que aquele beijo entre ela e a outra garota, aquele tal de Jeongyeon ─ fez referência a foto que estampava a capa do jornal escolar no dia anterior e acabou atropelando algumas palavras, tamanha era sua agitação ─ foi roubado. Estão até dizendo que a garota assediou a Tzuyu.
─ é uma acusação muito séria ─ pontuou, apática ─ e você acha que isso é verdade?
─ não ─ Momo foi firme em negar, meneando sua cabeça de um lado para o outro ─ todos sabemos que a Chou Tzuyu não é nenhuma santa. Ela traiu o namorado e agora está tentando limpar a própria barra ─ constatou ao sentar-se sobre a classe que ocupava diariamente, assim que adentraram, juntas, a sala de aula ─ e, ao que parece, 'tá funcionando, porque o idiota do Chan 'tá do lado dela.
─ era de se esperar ─ a Im deu de ombros, sentindo-se brevemente incomodada com o falatório que acontecia dentro daquele ambiente ─ uma garota rica e mimada, líder de torcida e padrãozinho. Pode até parecer preconceito meu, mas não espero nada de bom vindo de alguém assim.
─ você não parecia se importar muito quando a "padrãozinho" ─ fez aspas com os dedos ─, em questão, era a Mina ─ Momo sorriu maldosa ao observar a mais velha lhe olhar com cara de poucos amigos, ajeitando o óculos que escorregava por seu nariz fino ─ tudo bem, não vou mais tocar nesse assunto.
─ acho bom.
─ apenas acho engraçado que quando eu te dava mil e um motivos pra esquecer essa sua paixão platônica idiota e citava os diversos motivos pelos quais essa história acabaria mal, você só faltava me bater ─ a japonesa provocou mais uma vez, bagunçando os fios escuros da melhor amiga, que bufou irritada ─ mas eu te perdoo, afinal, nem todo mundo tem o mesmo senso crítico que eu.
─ senso crítico esse que te permitiu gostar de uma crente.
Mesmo que Momo tivesse tido vontade de responder a altura, precisou se calar e parar de prestar atenção no que Nayeon dizia assim que o professor Kim Namjoon adentrou a sala de aula, esbanjando o mesmo sorriso alegre de sempre enquanto seus ombros balançavam no mesmo ritmo de seus passos.
─ bom dia professor Kim! ─ os alunos cumprimentaram e uníssono. Ele era muito gentil e um excelente professor, mas nem mesmo sua presença foi capaz de melhorar o humor de Nayeon, que permaneceu calada e de cara fechada até a primeira metade da aula, quando o professor deu uma pausa em suas explicações para tirar as dúvidas de algumas garotas, dando uma brecha para que conversas paralelas voltassem a acontecer nos quatro cantos da sala.
Naquele momento, em meio ao falatório de Momo sobre algum dorama que retratava uma épica história de vingança que estava assistindo, uma idéia surgiu em sua mente.
─ é isso, vingança! ─ exclamou um pouco alto demais, assuntando a mais nova, que lhe lançou um olhar confuso, e chamando a atenção de alguns colegas, como Lee Jihoon, que franziu as sobrancelhas antes de voltar a se concentrar em algo que fazia no celular.
─ você enlouqueceu? ─ Momo questionou, percebendo o exato momento em que um sorriso esquisito partiu os lábios da coreana ao meio ─ o que é isso?
─ isso o que?
─ eu conheço esse sorriso assustador ─ murmurou curiosa ─ no que você está pensando, hm?
─ em breve você saberá, Momori ─ sussurrou de volta assim que o professor se pôs de pé, voltando a falar sobre a primeira revolução industrial, restabelecendo o silêncio ─ ainda preciso organizar minhas ideias direitinho, mas posso te adiantar que farei Myoui Mina se arrepender do dia em que nasceu. Isso eu te garanto.
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Desabafo do dia meninas: tava lendo uma fanfic tão maravilhosa que fiquei sentindo que a minha escrita é um lixo.
Enfim, voltei aqui com o primeiro capítulo e, mesmo não estando cem porcento satisfeita, espero que possa divertir vocês por uns minutinhos (Tzuyu e Mina disputando pra ver quem é a mais fdp
Até o próximo capítulo ♡
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𝗁𝗂𝗀𝗁 𝗌𝖼𝗁𝗈𝗈𝗅 𝗌𝗐𝖾𝖾𝗍𝗁𝖾𝖺𝗋𝗍𝗌 | 𝟮𝘆𝗲𝗼𝗻
Fanfiction❝Yoo Jeongyeon e Im Nayeon tem uma única coisa em comum: seu ódio mortal por Myoui Mina, a fundadora do jornal da escola. Unidas por um mesmo objetivo, as garotas acabam entrando na vida uma da outra de repente e, o que era para ser apenas um plano...