Capítulo II: A Lenda

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Ana chegou em casa naquela noite com o velho manuscrito em mãos, sua mente fervilhando de curiosidade. Ela se sentou em sua poltrona favorita, cercada por livros de arqueologia e história, e começou a ler o manuscrito à luz de uma lâmpada amarelada.

O texto, escrito em uma caligrafia antiga e detalhada, descrevia a traição de Judas Iscariotes conforme narrada no livro de Mateus. Judas, um dos doze apóstolos, aceitou trinta moedas de prata para trair Jesus, conduzindo os guardas romanos até ele no Jardim do Getsêmani.

"Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata."(Mateus 26:14-15)

ANA: "É incrível como esse manuscrito parece tão autêntico... E essa história, tão cheia de desespero e tragédia."

Conforme Ana lia, sentia-se transportada para a Jerusalém do primeiro século. A narrativa era tão vívida que quase podia ouvir os murmúrios conspiratórios dos sacerdotes e sentir a tensão na última ceia.

O manuscrito continuava descrevendo o arrependimento de Judas. Após a prisão de Jesus, Judas foi tomado por um profundo remorso. Ele tentou devolver as moedas aos sacerdotes, mas foi rejeitado. Desesperado, ele lançou as moedas no templo e se enforcou.

"Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar."(Mateus 27:3-5)

O manuscrito detalhava que, ao lançar as moedas, Judas proferiu uma maldição, desejando que qualquer um que tocasse as moedas sofresse como ele sofreu. As moedas, então, foram consideradas amaldiçoadas, espalhando desgraça onde quer que fossem encontradas.

ANA: "Lucas, você precisa ver isso!"

Lucas, um amigo próximo e colega de curso, chegou ao apartamento de Ana pouco depois. Ele era cético por natureza, mas sempre disposto a ouvir as teorias de Ana.

LUCAS: "O que foi, Ana? Você parece agitada."

ANA: "Olha isso. Esse manuscrito fala sobre as moedas de Judas e como ele as amaldiçoou antes de morrer. É assustadoramente detalhado."

Lucas pegou o manuscrito e começou a ler, franzindo a testa.

LUCAS: "Isso parece... bem, parece autêntico. Mas e daí? É só uma história, certo?"

ANA: "E se não for? E se as moedas realmente existirem? Precisamos investigar isso. Pode ser uma descoberta histórica importante."

LUCAS: "Você está falando sério? Procurar por moedas amaldiçoadas? E onde começamos?"

Nos dias seguintes, Ana e Lucas se aprofundaram na pesquisa. Consultaram livros antigos, falaram com especialistas e até visitaram a livraria onde Ana encontrara o manuscrito. O velho da livraria revelou mais detalhes sobre a lenda.

VELHO: "Muitos já tentaram encontrar essas moedas, mas todos encontraram destinos trágicos. Dizem que as moedas trazem desgraça a quem as possui."

ANA: "Você acredita nisso?"

VELHO: "Não importa no que eu acredito. O importante é que a lenda tem sobrevivido por séculos. Cuidado, jovem. Algumas histórias são melhor deixadas no passado."

Determinado a seguir adiante, Ana convenceu Lucas a acompanhá-la em uma série de expedições. Utilizando o que aprenderam, eles identificaram possíveis locais onde as moedas poderiam estar.

ANA: "Segundo este mapa antigo, uma dessas moedas pode estar em um mosteiro abandonado na Itália. Devemos começar por lá."

LUCAS: "Itália, hein? Bom, ao menos a comida será boa. Vamos nessa."

A viagem ao mosteiro foi marcada por uma sensação crescente de inquietação. O mosteiro, coberto de vegetação e sombras, parecia estar esperando por eles. Ao explorarem suas ruínas, encontraram um baú enterrado sob uma lápide sem nome. Dentro, envoltas em um pano velho, estavam dez moedas antigas.

ANA: "Lucas, conseguimos! Mas... algo não está certo. Sinto uma presença... algo... sombrio."

LUCAS: "Você está só nervosa. Vamos levar as moedas de volta e analisá-las."

Naquela noite, após retornarem ao hotel, começaram a ocorrer fenômenos estranhos. As luzes piscavam, sussurros ecoavam nos corredores, e sombras se moviam nas paredes. Ana começou a ter pesadelos, onde via Judas, pálido e assombrado, contando as moedas.

ANA: "Lucas, acho que cometemos um erro. Essas moedas são... elas são realmente amaldiçoadas."

LUCAS: "Você está começando a me assustar, Ana! Precisamos descobrir como acabar com isso. Talvez o manuscrito tenha respostas."

Desesperados, voltaram ao manuscrito, que sugeria que as moedas restantes deveriam ser encontradas e devolvidas ao local onde Judas as amaldiçoou.

ANA: "Temos que encontrar todas as trinta moedas. É a única maneira de quebrar a maldição."

LUCAS: "Isso soa perigoso. Mas não temos escolha. Vamos encontrar as moedas restantes e acabar com isso."

Ana e Lucas comprometidos a buscar as moedas restantes, cientes dos perigos que enfrentarão. A jornada está apenas começando, e os horrores que os aguardam são inimagináveis.

Autor: Simião Chiconela Jr

As 30 Moedas de Judas IscariotesOnde histórias criam vida. Descubra agora