O sol já havia nascido sobre Sumeru quando Scaramouche acordou, ainda sentindo o peso da noite anterior em seus pensamentos. Depois do Halloween, algo havia mudado dentro dele, e essa mudança o acompanhava a cada passo. Ele se levantou preguiçosamente da cama, notando que a casa estava em silêncio absoluto. Isso era estranho. Nahida costumava fazer algum tipo de som pela manhã, preparando chá ou organizando seus livros.Foi então que ele notou um bilhete deixado sobre a mesa, com a caligrafia leve e elegante de Nahida:
**"Scaramouche, precisei ir até Mondstadt para resolver alguns assuntos. Estarei de volta em alguns dias. Cuide-se e tente não fazer muita bagunça enquanto eu estiver fora. Ah, e divirta-se com a casa livre, caso precise de um tempo sozinho. Com carinho, Nahida."**
Scaramouche soltou um suspiro ao ler a última frase. Nahida sempre parecia saber mais do que dizia, como se entendesse a profundidade de cada situação sem precisar perguntar. Ele dobrou o bilhete e o colocou de volta na mesa.
Um pensamento começou a tomar forma em sua mente. A casa vazia. O silêncio. E Sethos.
Ele hesitou por um momento, mas o impulso era mais forte. Talvez fosse a oportunidade que eles não haviam tido antes, para resolver aquela tensão não resolvida que sempre pairava entre eles. Decidido, ele saiu de casa e foi em direção ao lugar onde sabia que encontraria Sethos.
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Sethos chegou à casa de Nahida algumas horas depois, um sorriso despreocupado nos lábios, como sempre. "Então, o que você planejou desta vez, Scara?"
Scaramouche deu de ombros, fingindo desinteresse. "Nada demais. Só pensei que... com a casa vazia, poderíamos finalmente fazer algo... sem interrupções."
O sorriso de Sethos se alargou, entendendo perfeitamente o que Scaramouche queria dizer. "Ah, é assim, então?"
Sem mais delongas, eles se aproximaram um do outro, e o que começou com um simples toque logo se transformou em algo muito mais intenso. Naquele momento, tudo parecia se dissolver ao redor deles — as paredes, o tempo, as preocupações. Só existia o calor de seus corpos, o toque urgente e a intimidade que finalmente explodiu, sem mais interrupções ou incertezas.
Depois de tudo, Sethos se levantou, rindo enquanto arrumava suas roupas. "Acho que agora estamos mesmo quites."
Scaramouche, ainda na cama, observou Sethos com uma expressão que misturava satisfação e uma confusão interna. Algo havia mudado novamente, mas dessa vez era mais profundo, mais íntimo.
"Vai indo," Scaramouche disse, com sua típica voz firme, mas havia uma suavidade por trás de suas palavras que Sethos não deixou de notar.
Sethos se despediu com um sorriso e foi embora, mas não antes de deixar um beijo rápido no pescoço de Scaramouche. "Até a próxima, vampiro."
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Horas depois, Sethos estava andando pelas ruas quando cruzou com Cyno. Como sempre, Cyno estava sério, mas seus olhos se estreitaram ao notar algo no pescoço de Sethos.
"Você tem... uma marca," Cyno comentou, apontando para o pescoço de Sethos, onde um chupão era visivelmente notável.
Sethos tentou disfarçar, mas sua risada denunciou. "Ah, isso? Não é nada, Cyno. Só... diversão da noite passada."
Cyno ergueu uma sobrancelha, mas não fez mais perguntas. Ele era direto, mas sabia quando não insistir.
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De volta à casa de Nahida, Scaramouche estava deitado na cama, o cheiro de Sethos ainda impregnado nos lençóis. Ele olhava para o teto, o coração batendo de maneira estranhamente calma, mas sua mente estava longe de estar tranquila.
Ele havia passado a vida inteira fugindo de vínculos e emoções, sempre mantendo uma barreira entre ele e os outros. E agora, ali estava ele, depois de uma noite intensa e íntima com alguém que de alguma forma havia atravessado suas defesas.
Decidido a não deixar as coisas simplesmente ficarem no ar, ele pegou papel e caneta e começou a escrever uma carta. Não havia celulares em Teyvat, e a única forma de se comunicar era por cartas, mas isso dava a oportunidade de ser mais cuidadoso com as palavras.
**"Sethos,
Talvez você pense que o que aconteceu hoje foi apenas um momento. Talvez para você, tenha sido algo passageiro, sem maiores significados. Mas eu não consigo parar de pensar no que aconteceu. Não estou acostumado a me sentir assim. A ser vulnerável. E é irritante que você consiga me fazer sentir desse jeito.
Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente. Mas saiba que, de alguma forma, você entrou na minha vida e não parece que vai sair tão cedo.
— Scaramouche"**Ele releu a carta algumas vezes antes de lacrá-la e deixá-la para ser enviada no dia seguinte. Enquanto o silêncio da noite caía ao redor dele, Scaramouche se perguntou como tudo havia chegado a esse ponto.
Ele nunca imaginou que se permitiria se aproximar de alguém assim. Não sabia como lidar com essas emoções novas, e aquilo o frustrava, mas também... havia algo reconfortante nisso. Algo que ele ainda não conseguia explicar, mas que o fazia querer ver Sethos de novo.
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apenas amigos? (sethoscara)
Romance🍰࣪˖ / 💌 ꒰ uma história de um shipp que eu amo ꒱ ᘏ (🌷)