• 𝐈𝐧í𝐜𝐢𝐨 •

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Ponto de vista: narrador

As palavras do professor ecoavam pela sala, mas pareciam distantes, abafadas pelo som do próprio coração batendo acelerado. Enid olhava para o quadro, tentando entender a equação complexa de bioquímica, mas tudo o que via eram números e letras se misturando em um borrão confuso. Ela respirou fundo, forçando-se a anotar qualquer coisa no caderno, mesmo que não fizesse sentido. "Eu deveria entender isso", pensou, mordendo o lábio. "Minha mãe não teria dificuldade."

A comparação com a mãe pairava na mente como uma sombra constante, tornando cada dia na faculdade um teste de suas próprias capacidades - um teste no qual sentia que estava falhando

Ponto de vista: Enid Sinclair

O sinal toca, e um alívio momentâneo percorre meu corpo. Recolho meus materiais com pressa, tentando esconder a tensão que sinto acumulada nos ombros. Quando saio da sala, vejo Yoko, Divina e Bianca me esperando, suas expressões radiantes contrastando com o peso que carrego. Elas falam sobre os planos do fim de semana, suas risadas cheias de entusiasmo, e eu me esforço para me juntar a elas, forçando um sorriso que sinto ser frágil e superficial.

Por dentro, é uma batalha. A insegurança me consome, como se eu estivesse submersa em um mar de dúvidas. Minha mente repete incessantemente que não sou boa o suficiente, que nunca serei tão competente quanto minha mãe. Enquanto elas falam e riem, eu me pergunto se alguém consegue ver através da fachada que construí.

"Está tudo bem, Enid?" Bianca pergunta, e eu sinto meu coração acelerar. Um momento de vulnerabilidade. O desejo de gritar que não está bem, que estou me afundando em inseguranças, luta contra a necessidade de manter a aparência de normalidade. "Claro", respondo, a voz mais fraca do que gostaria. Mas o sorriso ainda está lá, mesmo que desmoronando por dentro, porque não quero que elas carreguem esse peso comigo.

Ponto de vista: Wednesday Addams

Enquanto observava Enid se juntar a Yoko, Divina e Bianca, um misto de curiosidade e preocupação brotou dentro de mim. Ao meu lado, Ajax, Tyler e Eugene trocavam comentários descontraídos, mas minha atenção estava fixada na loirinha. Ela tentava sorrir, mas havia uma tristeza em seus olhos que não passava despercebida. O sorriso dela, uma máscara delicada, parecia prestes a se desfazer a qualquer momento.

"Ela não parece bem, não é?" eu comentei, sem desviar o olhar. Ajax levantou a sobrancelha, um sinal de que ele notara também.

"Quem, Enid? Ela sempre está assim, cheia de energia", respondeu Tyler, balançando a cabeça, mas eu podia ver a inquietação no canto de seus olhos.

"Não é energia. É uma fachada," eu disse, observando enquanto Yoko fazia uma piada que fez as outras gargalharem. Enid forçou um riso, mas era claro que havia algo mais profundo ali.

"Talvez ela esteja passando por algo," Eugene sugeriu, um pouco hesitante. "Sabe, todos nós temos nossas lutas internas."

"Sim, mas a luta dela parece maior do que as outras," eu murmurei, enquanto a imagem de Enid sorrindo, mas claramente triste, se fixava na minha mente.

O que poderia fazer para ajudá-la? Eu não tinha certeza. Mas, ao mesmo tempo, sabia que ignorar essa dor não era uma opção. A tristeza de Enid era palpável, e isso me incomodava de uma maneira que não conseguia explicar.

Ao meu lado, Tyler se divertia, aparentemente alheio à gravidade da situação. Ele lançou um olhar divertido na minha direção e, com um sorriso travesso, comentou: "Ou talvez seja porque ela é sua quase namoradinha que não te namora e você vive prestando atenção nela até demais."
Senti uma faísca de irritação ao ouvir suas palavras. A brincadeira soava leve, mas havia uma verdade que eu não queria admitir.

Enid ocupava mais espaço nos meus pensamentos do que eu gostaria de reconhecer. Para mim, ela era uma contradição - a leveza da sua presença atraía algo em mim, mesmo quando suas sombras pareciam tão pesadas.
Tyler riu, mas eu o ignorei, sentindo uma frustração crescente. Como ele podia brincar com isso, quando a tristeza de Enid parecia tão real e palpável? Seu riso ressoava, enquanto eu me perguntava o que poderia fazer para ajudar a loirinha a se libertar daquele peso que parecia estar sufocando sua alegria.

"Pode ser mais do que apenas uma 'quase namoradinha' para você," Tyler continuou, lançando um olhar provocativo. Eu não disse nada, mas suas palavras ficaram ecoando em minha mente. Era verdade, talvez mais do que eu estivesse disposta a admitir. A conexão entre nós, embora não verbalizada, era inegável.

E enquanto observava Enid tentar se encaixar em meio a suas amigas, uma parte de mim queria ir até ela e puxá-la para longe daquele momento de dor silenciosa. Mas o que eu diria? A vida não era uma história de amor, e eu não era a heroína que ela precisava.

 Mas o que eu diria? A vida não era uma história de amor, e eu não era a heroína que ela precisava

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𝙄 𝙡𝙤𝙫𝙚 𝙮𝙤𝙪Onde histórias criam vida. Descubra agora