☆ 𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷: 𝙾 𝚂𝚘𝚙𝚛𝚘 𝚍𝚊𝚜 𝚂𝚘𝚖𝚋𝚛𝚊𝚜

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Na periferia da cidade, onde os prédios arruinados se amontoavam como esqueletos esquecidos, o vento cortava as ruas estreitas com um lamento frio e constante. As janelas quebradas chocalhavam em uma sinfonia desarmônica, como se o próprio ar carregasse o peso dos pecados que ali se acumulavam. Nada florescia naquele lugar. O silêncio era uma presença viva, engolindo os sons e sufocando a esperança dos que ousavam chamar aquele canto de lar.

Era um cenário ideal para eles.

Entre as sombras distorcidas pelas luzes vacilantes dos postes, seis figuras imponentes deslizavam silenciosamente, suas presenças tão sutis quanto um sussurro, mas tão poderosas quanto um trovão distante. Não eram humanos, embora qualquer um que os visse seria capturado por sua beleza sobrenatural, uma perfeição distorcida e antinatural que hipnotizava e causava repulsa ao mesmo tempo.

Esses seres eram antigos, anjos caídos, condenados a caminhar pela Terra como uma lembrança viva de sua desgraça. Suas asas, outrora radiosas, agora eram apenas uma memória distante. Suas almas, antes puras, haviam se deformado pelos pecados que personificavam. Eles não caminhavam entre os grandes líderes ou os poderosos de imediato; ao contrário, preferiam se infiltrar onde as pessoas já estavam quebradas. Os maltratados pela sociedade, aqueles que se arrastavam pelas margens da civilização, eram alvos fáceis, e as figuras sombrias os observavam com a paciência de predadores que caçam presas indefesas.

A primeira figura, O.de, o anjo da luxúria, movia-se com graça hipnótica. Seus olhos eram poços profundos de promessas proibidas, e sua mera presença fazia o ar ao seu redor vibrar com desejo. Em um beco sujo, ele avistou um homem, perdido em seus próprios desejos sombrios. O homem era jovem, mas seus olhos estavam cansados, famintos por algo que ele mesmo não conseguia nomear. Sentado contra a parede fria, com o corpo tenso, ele era um ser à beira do colapso, desejando coisas que nunca poderia obter sem sacrificar o último vestígio de dignidade que lhe restava.

O.de aproximou-se lentamente, seus passos quase inaudíveis no concreto rachado. Ele não precisava dizer nada. Seus olhos encontraram os do homem, e o desejo que já fervilhava dentro dele se multiplicou até se tornar insuportável. O jovem mal sentiu as correntes invisíveis que se enlaçaram em sua mente, o empurrando suavemente para a beira de um abismo depravado. Sob o sussurro de O.de, o homem foi consumido por pensamentos inomináveis, forçado a fazer coisas que jamais havia imaginado.

Jun Han, a preguiça personificada, movia-se em contraste com O.de. Sua aura não era a da tentação urgente, mas de um vazio profundo, uma estagnação que lentamente devorava o espírito. Ele parou diante de um jovem, uma alma perdida que havia se rendido completamente à apatia. O homem estava sentado em uma praça abandonada, cercado por papéis amassados e garrafas vazias. Suas mãos estavam paradas, como se tivessem esquecido o movimento, e seus olhos fitavam o nada, já sem brilho. Jun Han olhou para ele, quase com simpatia. Era fácil. Um leve toque de sua mão no ombro do homem, e este afundou ainda mais em sua inércia, acreditando que qualquer esforço era inútil, que o mundo nunca mudaria, e que ele não valia a tentativa de lutar.

Enquanto isso, longe dos becos sujos e das ruas desertas, as influências de seus irmãos se espalhavam. Gaon, a ira, não precisava estar presente fisicamente para causar destruição. Suas chamas invisíveis já se alastravam pelo mundo. Ele se deleitava com as imagens de cidades incendiadas por conflitos intermináveis, de multidões enfurecidas marchando com armas e bandeiras, prontos para derramar sangue. Ele alimentava as guerras com sussurros nos sonhos dos poderosos, provocando pequenas faíscas que, inevitavelmente, explodiam em infernos de violência e destruição. A cada golpe desferido, a cada grito de dor, Gaon se tornava mais forte, mais incontrolável. A ira era um ciclo, e ele era o seu centro.

Gunil, o orgulho, observava de longe, seus olhos percorrendo as luxuosas torres do centro da cidade, onde homens e mulheres se convenciam de sua própria superioridade, de que eram intocáveis, invencíveis. Ele já havia sussurrado em seus ouvidos, convencendo-os de que eram deuses entre mortais. Cada decisão errada tomada por ego, cada traição motivada por um desejo de poder, era uma vitória para ele. Gunil gostava de assistir sua influência se espalhar sem esforço, como veneno em uma corrente de água cristalina.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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