1 - O Oposto do Perfeito

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Louise Malik

Se há uma coisa que eu prezo, é controle

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Se há uma coisa que eu prezo, é controle. Tudo na minha vida segue um planejamento rígido: minhas notas, minha rotina, meus compromissos. Eu não era apenas uma boa aluna, eu era a melhor. Uma referência. Era assim que todos me viam, e eu me certificava de que continuaria sendo assim. Riverside HighSchool Academy era meu território, e eu nunca deixaria nada ou ninguém bagunçar isso.

Até que ele apareceu.

Naquela manhã, o primeiro dia de aula do último ano, o sol brilhava por entre as folhas das árvores que ladeavam a entrada do colégio. Tudo parecia estar no lugar certo. Eu estava em dia com meus cronogramas, a papelada organizada, e o estresse de entrar na faculdade estava sob controle. Até o momento em que pus os pés no corredor principal e vi a cena que mudaria tudo.

Ele estava lá, como se tivesse sido colocado naquele corredor para desafiá-lo. Vinnie Hacker.

Encostado despreocupadamente contra o armário. Seus cabelos dourados caíam desordenadamente sobre seu olhar preguiçoso, que varria o local como se estivesse entediado antes mesmo do ano começar. Ele vestia uma jaqueta de couro surrada, o que, em qualquer outro lugar, pareceria ser feia ou cafona. Mas nele, havia uma certa arrogância que fazia com que ele parecesse estar acima de qualquer crítica.

Os sussurros pelos corredores já corriam soltos. "O aluno novo", diziam alguns. "Já foi expulso de três escolas", fofocavam outros. Meu estômago revirou, um incômodo que eu não podia explicar. Não era medo. Era raiva.

Não demorei muito para entender por quê.

Eu ainda estava distante, mas já conseguia ver Paola Moormeier e Victoria Cullen, suas duas inseparáveis amigas, pairando ao redor dele como abelhas em volta de uma flor. Paola estava rindo de algo que ele tinha dito, seu cabelo loiro balançando de um lado para o outro enquanto lançava olhares calculados para o garoto. Era sempre assim com Paola. Ela sabia como manipular as situações ao seu favor.

Não que isso me preocupasse diretamente. Paola e eu nunca fomos realmente amigas, apesar de nos darmos bem o suficiente para não criar conflitos desnecessários. Mas o que estava acontecendo naquela manhã, com Vinnie, foi uma afronta pessoal.

Ele estava usando o meu armário.

— Com licença — minha voz saiu mais fria do que eu pretendia quando me aproximei. — Esse é o meu armário.

Vinnie  levantou os olhos, um sorriso arrogante brincando nos lábios. — Ah, é? Eu não vi seu nome nele.

— É porque eu não preciso escrever meu nome em algo que já me pertence — retruquei, cruzando os braços. Eu não ia deixar esse garoto irritante arruinar minha manhã. 

Ele não se mexeu, não fez menção de sair. Apenas me olhou de cima a baixo, avaliando — Relaxa, princesa. Não estou estragando seu precioso armário.

— Mas está no meu caminho — rebati, firme — E não sou sua princesa.

Houve um silêncio pesado, e, por um momento, eu me perguntei se ele simplesmente ia continuar parado ali só para me provocar. Eu sentia os olhares dos outros alunos começarem a se voltar para nós, ansiosos por uma briga ou algo parecido. Claro que Paola e Victoria estavam ali, rindo em algum tipo de cumplicidade com Vinnie, como se aquilo fosse uma grande piada.

Finalmente, com um suspiro exagerado, Vinnie saiu do caminho, mas não sem antes se inclinar um pouco mais perto de mim, a voz baixa e provocante — Você precisa relaxar, Malik. Ainda temos um ano inteiro pela frente.

Eu o encarei de volta, contendo a vontade de revirar os olhos

— E eu espero que seja um ano em que você fique bem longe de mim.

Ele riu, um som baixo e zombeteiro, antes de finalmente se afastar. Paola o seguiu de perto, lançando-me um sorriso falso enquanto Victoria bufava, claramente satisfeita com a interação. Eu suspirei, abrindo meu armário com força, tentando ignorar o calor da raiva que subia pelo meu pescoço.

— Você já está arranjando inimigos no primeiro dia? — A voz de Ana O'Brien, minha melhor amiga, soou ao meu lado. Ela segurava um café na mão, o que me fez lembrar que eu também precisava de um para acalmar os nervos.

— Esse garoto... Ele mal chegou e já está agindo como se mandasse aqui— murmurei, fechando a porta do armário com mais força do que o necessário.

— É, ouvi dizer que ele é encrenca — Ana comentou, dando de ombros – Mas ele é lindo, não dá para negar.

— Por favor, Ana — revirei os olhos — Lindo ou não, ele é insuportável.

— Insuportável, mas você tem que admitir que ele tem presença — Ana provocou, me dando um empurrãozinho de leve — Acho que vocês dois vão se dar bem, de um jeito ou de outro.

Eu a encarei, incrédula. — Não, obrigada. A última coisa que eu preciso neste ano é de mais distrações. E esse garoto parece ser o rei das distrações.

Ana riu e nós começamos a caminhar em direção à sala de aula, o incidente com Vinnie já se afastando na minha mente enquanto eu tentava me concentrar no que realmente importava. Eu não tinha tempo para lidar com garotos prepotentes e cheios de si. Meu foco estava em garantir que meu último ano fosse impecável, assim como tudo o mais na minha vida.

Mas, como sempre, o destino parece ter outras ideias.

Na primeira aula, já senti sua presença antes mesmo de vê-lo. Vinnie estava sentado algumas fileiras atrás de mim, esparramado na cadeira com uma postura desleixada que me irritava só de olhar. Ele estava focado no conteúdo que via em seu celular, parecia estar em outro mundo, pouco se importando com o que o professor de História dizia. Eu, por outro lado, estava tomando notas meticulosamente, como sempre.

Tudo corria bem até o momento em que o professor, cansado da desatenção de Vinnie, resolveu fazer uma pergunta diretamente a ele.

— Sr. Hacker — o professor começou, olhando diretamente para o aluno, — poderia nos explicar as causas da Primeira Guerra Mundial?

Eu quase ri. Ele mal estava prestando atenção.

Mas, para minha surpresa, Vinnie ergueu os olhos com um brilho irônico e respondeu de forma casual — A guerra começou por causa de alianças entre países e a competição por poder. Mas, no fim, foi tudo por ego.

Houve um momento de silêncio na sala. O professor, visivelmente surpreso, assentiu lentamente, dando um leve sorriso de aprovação.

— Exato.

Eu me virei levemente, incrédula, lançando-lhe um olhar, e nossos olhos se encontraram. Ele me deu um sorriso preguiçoso, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.

Sim, Vinnie era irritante, mas não era burro. E isso, de alguma forma, tornava tudo ainda pior.

Continua...

Amor Sufocante - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora