1. As correntes da Sombra

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  A escuridão preenchia a cela , uma prisão invisível que envolvia Akane em um frio angustiante. A única fonte de luz era uma pequena janela, que deixava entrar um raio de sol tímido, como se até mesmo a luz tivesse medo de se aventurar naquele lugar. As paredes eram frias e úmidas, testemunhas silenciosas de sua dor.

  A menina estava em posição fetal, os punhos cerrados, a respiração acelerada. O coração pulsava em seu peito como um tambor ensurdecedor, ecoando a raiva e a tristeza que se entrelaçavam dentro dela. Ela encarava aquele homem terrível, um homem que havia moldado sua vida em um pesadelo contínuo. Seu sorriso era frio, uma máscara de satisfação se declarava em seu rosto, aquilo fazia o estômago de Akane revirar.

  "Por que você faz isso comigo?" A voz dela tremia, mas havia uma determinação desconhecida que a sustentava. "O que eu fiz para merecer essa vida de dor?" Com lágrimas em seus olhos tão profundos e melancólicos, proferia palavras em busca de uma razão para seu sofrimento.

  O homem deu um passo à frente, desdenhoso. "Você não entende, Akane. Você é especial. É apenas um meio para um fim. Seu sofrimento é parte do processo." Ele falava com uma calma perturbadora, como se estivesse explicando uma equação matemática simples.

  Os olhos de Akane brilharam com lágrimas da cor de diamantes, mas a raiva não permitiu que elas caíssem. "Especial? Você acha que me torturar e me molestar me torna especial? Isso não é poder, é crueldade! Eu sou uma pessoa, não um objeto para você manipular!"

  O sujeito sorriu de forma sarcástica, a expressão dele revelando um prazer sádico. "E é exatamente por isso que você precisa ser moldada. A dor vai lhe ensinar a ser forte. Um dia, você vai agradecer por isso Akane."

  Agradecer? Nunca!" A voz de Akane se elevou, vibrante com o timbre falho. "Você não tem ideia do que é ser forte! Força não vem do..." Antes que a frágil menina terminasse, o rapaz deferiu um tapa em seu rosto. A face de Akane já estava marcada, não apenas pelas agressões anteriores, mas também pelas lágrimas que frequentemente escorriam em meio à dor. O impacto do golpe ecoou em sua mente, um lembrete brutal de sua vulnerabilidade.

  A aproximação dele foi como um trovão em um céu sereno, a ameaça em seu olhar provocando um arrepio na espinha de Akane. "Você ainda não viu nada. Um dia, você vai entender que precisa de mim. Sem mim, você é nada."

  "Não!" Akane ergueu o queixo, desafiadora, mesmo quando o medo e a dor ameaçavam dominá-la. "Eu sou muito mais do que você pode imaginar. E eu vou encontrar uma maneira de escapar. Um dia, você vai pagar por tudo isso!"

  Um riso sardônico escapou dos lábios do abusador, mas havia uma sutil preocupação em seu olhar. "Boa sorte com isso, Akane. Você pode até tentar, mas a sombra sempre estará com você."

  O homem abandonou a cela, exibindo um sorriso medonho e sarcástico. "Boa sorte, Akane; no dia em que você conseguir sair daqui, você estará morta, princesa." Ele proferiu essas palavras com desprezo, e isso abalou ainda mais a jovem. Machucada e violentada, Akane já havia perdido as esperanças de encontrar a felicidade em sua vida.

  Akane ficou paralisada por um momento, a frieza das palavras do homem reverberando em sua mente. A porta da cela se fechou com um estrondo, ecoando como um lamento em seu coração. Ela se deixou cair no chão frio, as lágrimas finalmente escorrendo por seu rosto pálido, misturando-se à dor que carregava.
A escuridão parecia mais intensa, e a solidão a envolvia como um manto pesado.

O céu cinzento de KonohaOnde histórias criam vida. Descubra agora