revelações

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03

As luzes suaves do pôr do sol entravam pelas janelas do hospital, tingindo o quarto de Danielle com tons dourados e alaranjados. Ela estava deitada na cama, olhando para o teto, mas seus pensamentos estavam distantes, vagando pelas últimas semanas. As novas amizades com Eunchae e Lia trouxeram um alívio inesperado, tornando os dias menos solitários e as noites menos longas. No entanto, a sensação de que algo mais estava acontecendo, algo maior e mais complexo do que ela podia compreender, persistia.

No final daquela tarde, enquanto Danielle tentava distrair-se com um livro que Hanni lhe emprestara, uma batida suave na porta a tirou de seus pensamentos. Ao olhar para cima, viu Haerin entrando, com o rosto tranquilo, mas com um cansaço que Danielle começava a reconhecer.

— Oi, Danielle. Como está se sentindo hoje? — perguntou Haerin, aproximando-se com um sorriso profissional, mas genuíno.

Danielle fechou o livro e deu de ombros.

— Estou bem. Só... pensando. Nada demais — respondeu ela, hesitante.

Haerin se aproximou e começou a verificar os sinais vitais de Danielle, como de costume. No entanto, havia algo diferente no ar, uma tensão sutil que ambas pareciam sentir, mas não sabiam como abordar. Danielle queria perguntar mais sobre o que vira e ouvira duas semanas atrás, mas algo a impedia de confrontar Haerin diretamente.

Depois de um breve silêncio, Haerin finalmente falou, quase como se estivesse lendo os pensamentos de Danielle.

— Parece que você está se adaptando bem aqui. Fiz novas amizades, não é? — comentou Haerin, tentando suavizar o ambiente.

Danielle assentiu, sorrindo ao pensar em Eunchae e Lia.

— Sim, elas me ajudaram muito. Faz toda a diferença ter alguém com quem conversar — respondeu ela, mas logo mudou o assunto. — E você, Haerin? Como está... fora do hospital?

A pergunta pegou Haerin de surpresa. Ela não costumava compartilhar detalhes pessoais com os pacientes, mantendo sempre uma barreira profissional. Mas algo na sinceridade de Danielle a fez baixar a guarda, mesmo que apenas um pouco.

— Minha vida fora daqui é... simples — respondeu Haerin, um pouco hesitante. — Tenho um filho, Seon Woo. Ele tem cinco anos. A vida não é fácil, mas fazemos o nosso melhor.

Danielle ficou surpresa com a revelação. Não imaginava Haerin como mãe, especialmente considerando o quão dedicada e reservada ela era no trabalho. Queria perguntar mais, mas percebeu que Haerin estava mudando de assunto rapidamente, talvez desconfortável com a direção da conversa.

— Falando nisso, ouvi dizer que sua condição está estável. Se tudo correr bem, talvez você possa sair daqui em breve — disse Haerin, um leve sorriso no rosto enquanto terminava de ajustar os equipamentos ao redor da cama de Danielle.

Danielle sorriu ao ouvir aquilo, mas parte dela não conseguia afastar a estranha sensação de que sair do hospital não significaria o fim dos mistérios que havia começado a perceber ali. Enquanto Haerin terminava seus procedimentos e se preparava para sair, Danielle se sentiu compelida a perguntar algo.

— Haerin... — começou ela, hesitante, mas decidida. — Alguma vez você já se sentiu como se estivesse perdendo o controle, mesmo quando tenta fazer tudo certo?

Haerin parou na porta, olhando para Danielle com uma expressão que misturava surpresa e compreensão. Por um momento, parecia que Haerin estava prestes a responder algo profundo, algo que revelaria mais sobre o que estava passando. Mas, em vez disso, ela apenas sorriu suavemente.

When Love HealsOnde histórias criam vida. Descubra agora