Fix You - Billie Eilish

Capítulo 2

POV'S Billie

É 18/12/2023, escuto vozes cantando "Parabéns pra você", como um coro desajustado, mas sinto como se estivesse fora do meu corpo, olhando a cena de longe.

Quem são essas pessoas? Cadê os meus amigos? Por que todos foram embora? Por que a fama me custou tudo o que tinha de melhor? Nesse momento me olho parada, apática como se estivesse esquecido completamente este dia em meio a turnê, mas acima de tudo como se tivesse esquecido quem sou e em um impulso de desespero saio correndo do quarto de hotel.

Só preciso sair, não consigo respirar. Então corri pelos corredores do hotel buscando uma saída e  torcendo pra qualquer coisa acontecer que me lembre que nada estava perdido, que eu ainda era Billie Eilish Pirate Baird O'Connell, a criança loira de sorriso fácil e não apenas uma mulher sozinha e quebrada.

Sai do hotel pela saída dos carros, não estava bem pra lidar com os fotógrafos na frente do hotel, então coloquei o capuz do moletom amarelo que vestia e corri sem parar com lagrimas escorrendo dos meus olhos.

Eu estou perdida a tanto tempo que nem sei quem sou mais, eu consegui o sonho de muitas pessoas, consegui viver do que amo e ser reconhecida por isso, mas o preço pago foi tão caro, lembro de quando comecei a ganhar relevância no mundo da música, no fundo eu achei que tudo permaneceria igual, mas com o tempo nada se encaixava mais, então fui me adaptando ao que precisavam de mim.

Me afastei dos meus amigos porque eles não entendiam, fiquei longe dos meus pais pelas turnês longas e tive mais vezes do que eu desejava meu coração partido, mas nada doeu mais do que hoje, quando percebi que as únicas pessoas que estavam comigo, que eu considerava amigas eram meu funcionários, pagos pra isso. Afinal, o que eu fiz com a minha vida? Penso que preciso ligar para o Finneas, ele é o único que pode me entender agora, mas antes de finalizar a ligação vejo um café com as luzes acesas, nesse momento percebo o frio congelando meus dedos e decido entrar no café.

É um café pequeno, com muitas plantas e uma luz amarela confortável, tem um cheiro de biscoitos e chocolate por todo local.

- Já estamos fechados. Volte amanhã - Escutei uma voz doce e cansada me dizer de forma automática

- Desculpa, eu preciso me esquentar um pouco do frio que faz lá fora e vi aluz acessa. Eu posso ficar só um pouco? - perguntei sentindo vontade de chorar enquanto meu corpo começava a dar sinais dos movimentos involuntários em meu rosto 

- Claro, por favor se aproxime  vou lhe servir uma xicara de chocolate quente vegano. Prazer, Atlantis - disse me estendendo a mão do outro lado do balcão e somente ali pude observa-la direito, é uma mulher linda com cabelos ruivos como fogo e a pele tão branca que parece não ver sol a meses, conseguia ver uma tatuagem em sua mão direita e o piercing no septo deixava ela ainda mais bonita.

- Prazer, sou a Billie - disse apertando sua mão e sentando em seguida.

Depois de algumas perguntas resolvi deixa-la se concentrar em seu trabalho enquanto tomava meu chocolate quente e ouvia um Jazz que tocava baixinho nos auto falantes do café, tudo naquele lugar te leva pra um lugar de aconchego e eu não faço ideia de como cheguei aqui, mas é como se tudo me trouxesse pra esse momento, neste lugar.

Atlantis não parecia me reconhecer, ela estava absorta demais em seus pensamentos para parecer reparar em mim. Observei ela por um tempo, o jeito que mordia os lábios enquanto fazia algo no notebook fazia ela parecer ainda mais sexy, porém me faz pensar no que seria de mim se não tivesse lançado Ocean Eyes. Será que estaria mais feliz servindo cafés como ela? Ou  ainda assim  me sentiria tão perdida?

Pego meu celular pra olhar o relógio assim que termino meu chocolate, mas assim que vejo 01:27hrs meu celular desliga completamente sem bateria e fico desesperada, como eu voltaria agora? Não sei nem onde estou.