O agudo e intenso som dos tiros ainda perturbavam os meus sentidos auditivos, como um zumbido no meio de uma escuridão enquanto todos dormiam e, se eu me concentrasse bem ao olhar as minhas mãos, conseguiria me lembrar de como foi ter sangue sobre elas.
No entanto, carregar os últimos suspiros daqueles malditos não me atormentavam tanto quanto ela. Sempre que fechava os olhos, fosse para dormir ou para afastar algum pensamento, minha mente era preenchida pela lembrança de sua imagem.
Aquela mulher de longos cabelos castanho-escuro e olhos de um castanho-claro hipnotizante, era mulher mais linda que já havia pisado na Terra, e tinha certeza disso ainda que a vi apenas uma vez.
Uma desconhecida que me pediu pela morte naquela noite e o que fiz foi assassinar seu pai.
Não sabia nada sobre ela, muito menos o seu paradeiro, mas quando seus olhos desesperados encontraram os meus, foi como uma noite de tempestade em alto mar, causando incontáveis e confusos sentimentos. Não acreditava em sereias, mas aquela mulher parecia me puxar para dentro do mar, ainda que ele estivesse irritado e perigoso.
Aqueles olhos que me fizeram matar sem hesitação eram os mesmos que me acalmavam todas as noites e os que eu me lembrava antes de dormir.
E nem mesmo surfar ou dirigir em alta velocidade a tiravam da minha mente.
Era um tormento sem fim.
Após surfar na praia de Marte, em uma região distante da mansão, retornei com o iate para um porto próximo à mansão Asgard, onde estava passando um tempo com meus primos Nicholas e Felicity.
Eu passei um ano inteiro na cabana, exceto em dias chuvosos, então quase não ficava com os meus primos e eles vinham apenas para checar como eu estava, isso quando estavam na região.
Deixei o iate no porto, peguei minha prancha e, ao olhar a ponte, vi meu pai.
Franzi o cenho e apressei meus passos, equilibrei a prancha de surfe nas barreiras de proteção da ponte e abracei o homem à minha frente.
Durante dois anos, estive em Martefrost, desconectado da mídia, mas ainda mantendo o contato com os meus familiares, mas, no último ano, eu não conseguia ficar na presença de mais ninguém sem sentir uma impaciência incomum. Então, durante sete meses me isolei do mundo, tendo visitas rápidas dos meus primos que estavam na ilha, e minha família entendeu meu pedido.
Sete meses em que eu não via o meu pai e não tinha me dado conta de quanta falta tinha sentido até o abraçar.
— É hora de voltar para a casa, filho.
— Aconteceu alguma coisa?
Peguei novamente minha prancha e seguimos para o jipe.
— Daniel foi preso.
Me virei, parando em sua frente.
Ficamos nos olhando por segundos e ele acrescentou:
— Vamos para a casa.
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Atormentado por um Anjo - #1
Romance"Atormentado por um Anjo" é o primeiro livro da série OS HERDEIROS da Supremacia Styles, onde é contado a história de Castiel Styles e Angelina Nóbrega, e como um simples encontro entre dois universos diferentes mudou completamente o destino de suas...