Lembre-se que você vai morrer

63 10 16
                                    

I.

O dia ainda estava nublado quando o Jipe de Madara estacionou na frente da cabana. Kakashi reprimiu um bocejo e lançou um olhar através do vidro embaçado da janela para a casa em meio às árvores. 

Um vento frio o fez estremecer por dentro do casaco ao saírem do carro, não havia nada além do uivar do vento nas copas e o ruído dos pássaros. O lugar era tão isolado quanto Obito havia dito quando fez o convite.

— E aí? O que achou? 

— Ficou ótimo.

Madara entrou primeiro e abriu as janelas, depois subiu para os andares supervisores, enquanto Obito e Kakashi levavam as bolsas para dentro. 

A reforma havia deixado o espaço bem mais sofisticado e confortável, com alguns sofás e mesas espalhadas pela sala, uma lareira para esquentar durante os invernos rigorosos como aquele que se aproximava, janelas altas de vidro, quadros da família Uchiha espalhados pelas paredes, a tapeçaria verde e marrom que cobria o piso, contrastando com as cortinas brancas nas janelas. 

Kakashi deixou a mochila perto da escada e as compras com mantimentos para o final de semana em cima do balcão. 

O ambiente era bem mais acolhedor do que na última vez em que esteve ali há uns seis meses. Às vezes era um desafio conseguir dormir sem ter medo que um bicho aparecesse no seu lençol no meio da noite.

A própria ideia de passar tantos dias isolado no meio da floresta, dependendo de um gerador que era desligado à meia-noite, fazia-o se sentir em uma edição de largados e pelados. Era admirável que tia Mikoto ainda não tivesse obrigado o marido a colocar uma fiação elétrica decente.

Era difícil encontrar algum espaço nas paredes onde não houvesse uma arma, rifles, ou fotos de animais abatidos. A quantidade de chifres parecia ter sido duplicada desde a última vez que ele havia pisado ali.

Bem acima da lareira, uma cabeça conservada de um cervo mantinha um olhar indiferente sobre eles. Aqueles olhos secos e vazios pareciam perfurá-lo.

— Madara vai fazer algumas compras, temos alguns minutos antes que ele volte — Obito disse em um sussurro, abraçando-o por trás. Enfiou o rosto em seu pescoço, saboreando seu cheiro. 

Kakashi virou o rosto e os lábios macios do Uchiha preencheram os seus. Trocaram um beijo lento e carinhoso, enquanto empurrava Obito na direção do sofá. 

Kakashi sorriu, montando em seu colo. De qualquer forma, não esperava que Obito conseguisse manter o pau dentro das calças o final de semana inteiro. 

II.

 Izuna, Itachi, Shisui e os irmãos Senju chegaram quando já estava começando a escurecer. Agora havia apenas um breu lá fora e o ruído de uma chuva fina, que havia ameaçado cair o dia inteiro.

Os Senju estavam cuidando da comida, seguindo o roteiro de divisão de tarefas que haviam proposto. Izuna, Itachi e Shisui iriam cuidar da bagunça depois, porque Obito, Kakashi e Madara haviam organizado toda a casa mais cedo.

Os outros estavam bebendo vinho na sala, beliscando alguns cubos de queijo, quando Itachi decidiu que seria muito interessante jogarem com o seu tabuleiro Ouija novo. Um dos muitos passatempos exóticos que ele colecionava. 

A família acreditava que era uma fase, mas Kakashi não tinha certeza. Existem fases que se prolongam mais do que o esperado.

O mais próximo que Kakashi chegava das temáticas de terror era assistindo filmes que Obito lhe recomendava. Ele era do “tempo de qualidade”, então recusar convites para fazer coisas juntos não era uma opção. Kakashi não se dava essa opção.

Memento mori  (ObiKaka)Onde histórias criam vida. Descubra agora