My Boss

Capítulo 3

A empresária encarava a televisão, mas as imagens na tela passavam como um borrão distante. A pipoca, agora já fria e quase esquecida, estava pela metade, um sinal da sua total falta de atenção. Fazia três dias que estava atrás de uma atriz para contracenar com a recém-contratada, mas todas as suas opções haviam se esgotado. O aperto em seu peito aumentava cada vez que pensava na quantidade de "nãos" que havia recebido, nas desculpas vagas e nas justificativas confusas, até mesmo ofensivas.

Algumas das candidatas haviam aceitado a proposta no início, mas logo depois recusaram por motivos que Faye não conseguia compreender completamente. Era como se cada nova negativa desvelasse uma nova barreira: algumas por receio da resposta do público em relação ao tema da série, outras devido a uma pressão indireta para evitar certos papéis que não agradavam aos fãs mais fervorosos. Havia até mesmo quem tivesse recusado temendo boicotes, temendo se tornar alvo de ataques pela simples escolha de representar um casal que muitos não consideravam "o ideal". A cada dia, a esperança minguava, e a ansiedade crescia como uma tempestade prestes a desabar. O tempo estava se esgotando, e sabia que não poderia manter a diretora da série à espera por muito mais tempo, não com prazos apertados e uma produção inteira dependendo daquela decisão.

Suspirando, Faye levantou-se do sofá, abandonando o balde de pipoca sobre a mesinha de centro, como se tivesse largado o próprio peso do mundo ali por um segundo. Seus olhos buscaram Sunny, mas sua mente estava dispersa, completamente absorvida pela pressão insuportável. Seu coração batia como se quisesse romper o peito, pulsando com uma urgência que ela não conseguia controlar. Precisava encontrar uma solução. Era uma necessidade, uma urgência implacável.

Nos últimos dias, as palavras de sua advogada ecoavam em sua mente, como uma tentação proibida. Em uma conversa recente, a advogada, em tom casual, havia sugerido que Faye poderia, ela mesma, voltar a atuar. No dia, Faye descordou da ideia, descartando a sugestão como algo absurdo, uma fantasia impossível. Há anos havia deixado o mundo das telas, e agora estava em outro papel, de empresária, por escolha. Mas, ao encarar sua falta de opções e a pressão insuportável de seu fracasso iminente, a ideia que antes lhe parecera impensável começava a fazer sentido, mesmo que relutantemente.

Se continuasse sem respostas, as notícias de seu fracasso certamente estampariam os sites de fofoca em poucas horas. "A empresária que não consegue completar o elenco", imaginou com um certo amargor, quase conseguindo ouvir as manchetes frias e implacáveis. Faye respirou fundo, tentando manter o pouco de calma que lhe restava, mas a proposta da advogada rondava sua mente como uma promessa de solução... ou um pacto com o passado.

Faye tentou roer as unhas, um antigo hábito que sempre a acompanhava em momentos de ansiedade, mas o latido repentino do cachorro a fez recuar, os dedos congelando no ar. Sentia o corpo esquentar, o rosto arder, enquanto sua mente borbulhava numa busca desesperada por soluções. Com passos largos, subiu as escadas, o trajeto rapidamente sendo preenchido pelas peças de roupa que arrancava pelo caminho, até que, ao chegar ao banheiro, ela se enfiou num banho frio.

A água gelada se chocou contra sua cabeça, descendo pelos cabelos e rosto como uma corrente intensa, diminuindo o calor febril que sentia e ajudando a acalmar, ainda que um pouco, a mente em ebulição. Faye suspirou aliviada, deixando a testa repousar contra a parede fria, permitindo que a água escorresse pelas costas. Estava à beira de uma dor de cabeça, mas, naquele momento, a frieza da água parecia finalmente trazer alguma clareza, ainda que passageira.

Ela lavou os cabelos devagar, massageando o couro cabeludo como uma tentativa de desacelerar o turbilhão em que estava presa. Mas, por mais que tentasse relaxar, a água fria já não fazia tanto efeito; seu corpo se acostumara com a temperatura, e os pensamentos ansiosos voltavam a pressioná-la, implacáveis. Com um suspiro, Faye desligou o chuveiro, torceu o excesso de água dos cabelos e se enrolou na toalha. Mais uma vez, a mente voltava a trabalhar, a tensão retornava.