A chegada

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Piccolo esperava no meio do campo desolado, as folhas de grama suas únicas companhias enquanto ele aguardava pacientemente a energia que sentira se aproximar. Algumas horas haviam se passado desde que ele a sentiu e sabia que a qualquer momento aquele que se aproximava estaria ali.

As nuvens no céu se abriram enquanto uma nave arredondada cortou o ar, acertando o chão com forte impacto e deixando para trás uma enorme cratera. Escondendo seu Ki, Piccolo se aproximou do objeto. A energia emanada por quem quer que seja que acabara de pousar não era impressionante, mas de qualquer forma, era melhor ter um elemento surpresa ao seu lado.

A nuvem de poeira que subiu por conta do impacto lentamente se desfez, revelando uma figura curiosa: uma mulher vestida em uma roupa negra com protetores de ombro arredondados. Seus cabelos encaracolados, marcados pela idade, tinham algumas linhas em branco, e em suas costas, uma cauda dançava de um lado para o outro. Uma Sayajin.

"Era só o que me faltava," a Sayajin xingou irritada, inspecionando a nave. Então, de repente, ela parou, erguendo seu corpo à sua altura máxima, com um rosto desconfiado. "Eu sei que tem alguém aí. Se quer ficar, pelo menos tenha a decência de se mostrar. Eu não gosto de ser espionada," ela disse, se virando para a direção onde Piccolo estava.

"Como você soube onde eu estava?" Piccolo perguntou, saindo de trás das pedras, se posicionando de forma a não mostrar hostilidade, mas estando preparado para agir caso a situação pedisse.

"Um namekuseijin," ela falou para si mesma, ignorando a pergunta. "Parabéns para você," ela disse na linguagem de Namekuseijin com um sotaque estranho que pegou Piccolo de surpresa. "Espero ter falado o que eu quis dizer. A última vez que tentei falar outra língua, eu ofendi um bar inteiro," ela disse com um meio sorriso.

"Você é uma Sayajin," ele declarou, olhando para a cauda dela.

"Uma visão rara nos dias de hoje, não é mesmo?" ela exclamou, olhando para a nave dela com um suspiro.

Piccolo grunhiu levemente. "O que faz aqui?"

"Agora? Estou procurando algo para comer. Meu objetivo era reabastecer de comida e voltar para o espaço, mas essa lata velha parece que vai me dar trabalho de novo," ela disse com um suspiro, se virando para o Namekuseijin. "Eu sei que vocês não comem, mas você sabe onde posso encontrar algo para comer?"

Piccolo considerou a situação por alguns segundos. Ela não parecia ser uma ameaça, mas deixá-la sozinha seria uma decisão pouco sábia. "Talvez eu conheça alguém. Siga-me," ele disse, levantando voo.

A Sayajin devorava as tigelas de arroz mais rápido do que as novas chegavam. O barulho da madeira dos hashis contra a louça do prato e o bam da madeira da mesa complementavam um ao outro naquele ritmo desconfortável.

"Outra Sayajin, isso é algo que não se vê todo dia," disse Gohan de forma desconcertada.

"Foi isso que eu disse pra ele," disse a Sayajin com a boca cheia, entre uma mordida e outra.

"E você acha que ela não veio procurar o meu pai ou o Vegeta, não?" ele perguntou em um sussurro.

"Ela não me parece saber que eles estão aqui, não tocou no nome deles em nenhum momento."

"Me desculpe—" Gohan começou.

"Kukie," ela adicionou por entre mordidas.

"Senhorita Kukie, depois de comer e realizar os reparos da sua nave, você tem alguns planos?"

Ela finalmente desviou seus olhos da comida. "Eu não sei ainda," ela disse, levantando os ombros. "Onde o espaço me levar, eu acho."

"Você está procurando por alguém? Talvez outros Sayajins?"

"Outros Sayajins?" ela disse com uma leve gargalhada. "Eu ouvi dizer que os últimos Sayajins sobreviventes eram parte do exército do Freeza e, dado o fato de que o 'Grande Imperador do Universo' morreu, eu imagino que eles também tenham." Ela se escorou contra a cadeira com um suspiro de satisfação. "Mas mesmo se eles ainda estivessem vivos, minha vida com os Sayajins acabou há anos."

Escorando os pés sobre a mesa e tirando os restos dos dentes com a unha, ela olhou de um para o outro. "Mas vocês parecem extremamente interessados na minha raça. Eu já respondi várias perguntas, que tal vocês responderem algumas minhas?"

Gohan elevou os ombros. "O que exatamente você quer saber?"

"Pelo fato de que eu entrei neste planeta e não fui recebida por uma frota de naves para me guiar à superfície ou me derrubar, eu imagino que este não seja um planeta com uma estrutura de viagem interplanetária extensa. E ainda assim temos duas pessoas aqui que sabem bastante sobre o espaço e as raças nele." Ela disse, finalmente conseguindo arrancar o pedaço de carne preso entre seus dentes. "Não só isso, mas vocês são extremamente fortes em níveis que eu não vi em nenhum outro lugar e não parece ser uma métrica que o resto deste planeta segue. Além disso, são extremamente habilidosos. O verdão ali conseguiu retrair a aura dele, o que é algo que eu nunca vi antes. Então me diz, qual é a de vocês?"

Piccolo havia lidado com o Goku e o Vegeta por tanto tempo que ele nem considerou que os poderes de dedução desta mulher seriam um problema. Mas ela claramente já tinha uma visão clara de que eles não eram o padrão deste planeta e que as habilidades deles eram fora do padrão. Ele teria de pensar rápido para evitar que ela descobrisse mais coisas. Ela mesma disse que sua relação com Sayajins acabou há muitos anos. Quem sabe como ela reagiria ao descobrir que existem outros Sayajins no planeta? Ela não parece ser uma guerreira muito forte, mas claramente tem habilidades que não havia revelado ainda. Se não, como ela teria o localizado mesmo com o seu ki reprimido? Até que ela possa provar sem dúvidas que não é uma inimiga, ela não deve descobrir. Mas como seria possível para ele enganar uma pessoa que tão rapidamente deduziu tanto?

"Você me pegou, é que eu sou um cientista," Gohan disse com uma gargalhada nervosa.

"Faz sentido, não sei como eu não pensei nisso." Kukie respondeu da mesma forma.

Piccolo teve de se segurar na mesa para não cair para trás, e o som dos talheres batendo contra o chão na cozinha parecia demonstrar que Videl teve de fazer o mesmo. Parece que ele havia superestimado esta mulher.

Kukie levantou repentinamente com um sorriso. "Eu achei que ia ficar presa aqui, mas parece que eu acertei a sorte grande. Senhor cientista, eu prometo te ajudar com o que for necessário se você me ajudar a consertar minha nave."

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⏰ Last updated: Oct 26 ⏰

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