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Capítulo Único

PARK JIMIN

— Jungkook! — O meu desespero aumentava enquanto eu corria por dentro de sua casa. Nunca adentrei com tanta pressa sua residência, nem com tamanha preocupação. — Onde você está?

Subi as escadas com pressa, pouco me importando de quase tropeçar inúmeras vezes em meus próprios pés. Eu precisava chegar nele, principalmente após a carta que ele me deixou.

"Hyung,

Me perdoa por não ser formal como eu deveria, mas... não quero te chamar apenas de hyung, não quando essa talvez seja a última mensagem minha que você venha a ler. Quero chamá-lo de Minnie enquanto ainda posso, porque é o apelido que melhor combina com o quão doce, fofo e amoroso você é.

Minnie, eu juro que tentei ouvir seus conselhos, seguir suas sugestões e opiniões, mas eu não consigo mais. Eu não suporto mais a dor que me cerca, que foi me invadindo lentamente até que eu a sucumbisse por completo. É apenas dor, dor e mais dor.

Uma tristeza que não deixa encontrar um sequer alívio a não ser a forma que eu desconto isso em minha própria pele.

Você sempre perguntou os meus motivos para usar roupas compridas até mesmo no verão, ou cobrir os braços com faixas estampadas com imagens de super-heróis quando eu trajava camisetas de mangas curtas. No fundo eu sei que você sempre soube e que não quis invadir o meu espaço; sei que quando me observava em silêncio era porque estava procurando alguma solução, alguma coisa que pudesse me ajudar, me salvar disso.

O meu tormento se iniciou há tempos, você sabe bem disso. E eu não quero mais falar sobre os motivos pelos quais eu afundei, porque eu já estou no fundo do poço e não consigo mais sair dele. E você também sabe disso, eu nem precisaria dizer.

Eu não aguento mais, Minnie, eu quero desistir, eu quero muito. Mas então eu me lembro do seu sorriso e me dói imaginar você com lágrimas escorrendo por seu rosto e a tristeza o dominando por causa minha.

Eu busco mais uma vez o meu alívio, mas se eu for fraco e desaparecer, saiba que é porque fui fundo demais e não sobrevivi. Me perdoe, não foi proposital.

A maioria das pessoas que tira a própria vida não deseja morrer, e sim acabar com a própria dor. E é por esse mesmo motivo que enxergo a morte como algo acolhedor e, até mesmo, bom. Embora não seja e eu sei que não é. Eu não me orgulho dos cortes em meus braços, das cicatrizes que estampam minha pele, mas por muito elas foram a única solução que encontrei.

Porque você não estava sempre comigo, e enquanto estava eu podia ser verdadeiramente feliz, mas quando você ia embora, tudo voltava a desabar, e o meu dia ensolarado se transformava em um furacão, e eu me tornava a fraqueza em pessoa uma vez mais e voltava a machucar-me pensando ser a única saída.

Só que você também é uma saída, algo que eu não tenho, alguém que não pode estar vinte e quatro horas por dia para me tirar de tudo isso, e eu sei que nem mesmo posso pedi-lo isso, porque talvez eu não seja merecedor o bastante de você.

Ou de qualquer coisa no mundo...

Porque, segundo todos, eu sou um erro. Eu sou um nada. E não mereço nada disso.

Qualquer coisa tem mais valor que eu.

Bom... eu não devo ter dito nada com nada, as lágrimas nublam meus olhos com facilidade.

Eu te amo, Minnie... hyung.

Talvez isso seja um adeus.

Me perdoa.