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Pov. Marília Mendonça

Eu me afastei um pouco, tentando não transmitir ao Léo a preocupação que já começava a crescer em mim. Encostei na parede e respirei fundo, ajustando o tom antes de responder.

"Murilo, a guarda do Léo? Achei que já havíamos resolvido isso. O que você quer dizer com 'conversar'?"

Do outro lado da linha, a voz dele soou mais pesada, talvez cansada, mas direta.

"Marília, eu venho pensando muito, e acho que Léo deveria passar mais tempo comigo. Talvez até dividir as semanas meio a meio."

Por um instante, o peso das palavras dele caiu sobre mim, fazendo-me hesitar. As lembranças das vezes em que Murilo faltou, das promessas quebradas e das vezes que ele escolheu sua carreira antes de tudo surgiram, mas me contive. Ele não via o dia a dia de Léo, o quanto ele ainda precisava de mim, dos nossos rituais noturnos e de nossos momentos de aconchego depois de um dia longo.

"Murilo, eu entendo que você queira ser mais presente, e o Léo adora estar com você", disse, escolhendo cuidadosamente as palavras. "Mas dividir a semana? Essa mudança precisa ser pensada. Você sabe que ele tem uma rotina, que precisa de estabilidade."

Ele suspirou, e senti uma ponta de irritação em sua voz.

"Eu também quero essa estabilidade, Marília. Quero ser o pai que ele pode contar sempre, mas preciso de mais tempo para fazer isso. Não se trata só do que você acha melhor para ele; eu também sou pai."

Cerrei os punhos, controlando a resposta imediata que queria dar. Sabia que argumentar agora só aumentaria a tensão entre nós, e essa briga eu não queria que Léo testemunhasse. Respirei fundo, decidindo manter a calma.

"Vamos conversar sobre isso depois, com calma. Eu... preciso de um tempo para pensar, e o Léo está aqui agora. Podemos fazer isso?"

"Claro. Mas quero resolver isso logo, Marília. Para o bem do Léo."

Desliguei o celular e fiquei ali, respirando fundo, deixando as palavras dele se dissiparem enquanto buscava a calma antes de voltar para a sala. A última coisa que queria era que Léo notasse a tensão.

Assim que voltei, encontrei Léo com o foguete montado, sorrindo e me esperando com aquela expressão animada que sempre me fazia sorrir de volta, mesmo quando tudo parecia desmoronar ao meu redor.

"Mamãe, o foguete tá pronto! Preciso da sua energia pra decolar!"

Forçando um sorriso, sentei ao lado dele, permitindo que aquele momento nos isolasse de tudo.

"Pronta para a missão, astronauta! Vamos fazer essa decolagem acontecer."

Enquanto Léo ria e pulava ao meu lado, a presença dele fez com que, ao menos por agora, a angústia diminuísse.

Pov. Maraisa Henrique

Eu saí do escritório exausta, mas aliviada por finalmente ter encerrado mais um dia de trabalho pesado no caso. O que não saía da minha cabeça era o reencontro com Marília. Deixei escapar um suspiro longo e exausto enquanto subia no carro, pronta para relaxar um pouco com minha metade e o Bruno. Eles eram minha âncora para escapar das pressões do trabalho e, principalmente, da bagunça que minha vida pessoal parecia estar se tornando.

Cheguei ao bar onde combinamos de nos encontrar. Maiara já estava lá, animada, e Bruno ao lado dela, provavelmente já a provocando. Assim que me viu, minha irmã abriu um sorriso enorme e acenou.

"Finalmente, metade! Achei que você tinha desistido de nós!" — Ela exclamou, me puxando para um abraço apertado.

"Vocês não se livram tão fácil", respondi, tentando esconder a fadiga na voz.

Entre Linhas e Leis - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora