Rosas brancas

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20.05.22

Acordei com uma enxaqueca muito forte, levantei e fui tomar um banho. Fiquei vinte minutos debaixo do chuveiro pensando se iria ou não para o trabalho. Mesmo morrendo de dor fui, não podia ter desconto na folha de pagamento.
Quando cheguei lá meu chefe, Rodrigo, já estava gritando com tudo e todos. Logo em uma segunda feira esse velho vem me encher o saco. Desde que sua esposa foi embora ele tem estado insuportável. Vou até sua sala com o sorriso simpático mais falso que consigo fszer.

— Angela, você ja terminou aquela matéria que mandei você fazer? Rodrigo estava sentado,com os olhos cansados parecia que havia chorado.

— Só preciso entrevistar mais algumas pessoas para terminar,até o fim do dia eu te envio.Uma ótima desculpa para poder sair daquele escritório.

—Não demore, preciso de alguma coisa para publicar. JÁ QUE ESSES INCOMPETENTES NÃO FAZEM PORRA NENHUMA .Gritou Rodrigo fazendo questão que todos ouvissem. Com apenas um gesto ele me liberou.

Voltei para minha mesa peguei o que precisava e sai. O elevador estava cheio. Olho para trás e vejo James, o que ele estava fazendo no meu serviço? Esperei o elevador esvaziar para poder ficar do seu lado.

—Amor, o que você está fazendo aqui?

— Vim ver você é claro, faz praticamente duas semanas que a mau se vê.Diz James me dando um selinho.

— Eu sei, queria ter te visto antes. Rodrigo não para de mandar fazer coisas, coisas que nem são da minha área. Você quer me acompanhar enquanto termino de entrevistar algumas pessoas? Perguntei olhando para ele, sentia falta passear com ele. Na verdade eu sentia falta de viver.

— Se não for atrapalhar quero sim, estou de folga hoje então sem pressa.James sorria, como eu sentia falta daquele sorriso.

Nós seguimos caminho, precisava entrevistar uma senhorinha que era dona de uma cafeteria no centro da cidade, pegamos o trem então não demorou muito. James me contava alegremente como estavam indo as coisas no serviço, pelos menos alguém está feliz no trabalho.
Dona Amélia dizia como era viver no centro antigamente.

—Antes,  quando eu era criança o centro era mais bonito. Ele tinha mais vida,sabe? Agora ele está assim...cheio de drogados. É triste ver o que isso se tornou. A nostalgia brilhava no olho de Dona Amélia.

  Terminando as entrevistas James me disse que queria passar em alguma loja. Andamos um pouco até chegar no local, era uma floricultura antiga. Eu amava floriculturas, e ainda mais quando eram antigas.

—Por que estamos aqui?Perguntei pegando uma rosa na mão.

—Queria comprar alguma coisa para você. Tem alguma flor que você queira?

Fui até a bancada onde havia várias rosas brancas, tinha diversos buques da mesma flor. Fiquei uns cinco minutos observando as flores, alguém me chamou. Me virei para ver quem era, derrepente sinto algo me perfurando.  Coloco minha mão esquerda no meu peito, tem sangue. Por que tem sangue? Quando percebo caio para trás derrubando as rosas atrás de mim, rosas caem em cima de mim e do lado. As pétalas absorvem meu sangue ficando vermelhas.
  Onde estava James, por que ele não vem me ajudar? Tento me arrastar para saída, sinto dor,muita dor. Mas uma hora a dor passou, sentia apenas frio e depois mais nada.
   E foi assim a minha morte.

22.05.22

Em muitas culturas acredita-se na vida pós morte, espíritos vagando por aí.  Céu e inferno. Plano espiritual. Não sei muito bem o que é esse lugar que estou, parece ser o mundo o qual eu vivia. Ninguém me ve, ninguém me escuta. É tão estranho estar morta,pensei que teria um descanso, mas fico por ai vagando sozinha. Já vi outras pessoas mortas vagando pela cidade, mas nenhuma veio falar comigo. Eu até tentei me comunicar com uma delas.
  Tudo é confuso, eu fui assasinada? Faz dois dias que morri, no primeiro estava em choque. Eu quero saber quem foi o desgraçado que me matou. A pessoa que eu amava me deixou morrer sozinha, sumiu. Não fiz nada para ninguém,  se eu tivesse feito até seria mais compreensivo.   Tenho alguns suspeitos, primeiro James, meu irmão, a esposa do Rodrigo. James que me levou para o local de minha morte, e era o único no local sem contar com a dona do estabelecimento.  Meu irmão me odeia, e não coisa de "irmão" e já tentou me matar mais de uma vez,ele estava preso. A esposa do meu chefe já me ameaçou, achava que aquele traste estava tendo um caso comigo, mas que horror.
No dia anterior foi ver os meus suspeitos, e nada. Nenhuma prova, alguém me matou e eu não sei quem. O único que parecia estranho foi James.  Tudo que indica foi ele mesmo. Mas do que adianta eu investigar se estou morta?
  Fui até o apartamento dele, observar meu assassino.  Ele parecia nervoso e triste. Será que ele se arrependeu de ter me matado? Uma mulher entra no apartamento,  ela o beija. Ele olha para ela assustado, se asfata e começa a chorar.

—Foi você então? Você que matou ela? Perguntou James

— Claro, aquela vadia estava dormindo com o meu marido. Você acha mesmo que eu iria aceitar ser traida? Você pertence a mim" Diz a mulher indo atrás de James.

Ele começa a correr, tentando chegar até a porta. Ela sacou uma arma e fico olhando para ele. James parou de correr, eu não podia fazer nada.  Então ele era casado? Eu fui uma amante que teve o azar de ser descoberta?

—A gente se separou faz dez anos Hillary, por que isso agora?Acabou

—Não acaba quando eu disser que acabou. Ela mira e atira nele,dez disparos foram feitos

Assim sem poder fazer nada eu vi ele morrer, da mesma forma que ele me viu perdendo a vida

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⏰ Last updated: Oct 26, 2024 ⏰

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