Em um mundo onde a magia é extraída das escamas de dragões, essa prática devastou essas criaturas majestosas. A casa Exenes, ciente do desastre iminente, fugiu para o continente de Saskia, uma selva densa e repleta de perigos, onde puderam se escond...
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A floresta estava especialmente úmida naquela noite, consequência direta das frequentes chuvas de verão que costumavam atingir Saskia nessa época do ano. Porém, nem mesmo as gotas que caiam do céu foram capazes de apagar as chamas dos homens que se autointitulavam 'Scaleflames'.
Já estava havia horas sobrevoando nas costas de Phoebe. As penas da pobre pyraethon estavam mais molhadas do que as roupas que eu vestia, e, ainda assim, a selva ao redor de Verdeluna parecia interminável, na verdade, dava a impressão de que estávamos apenas girando em círculos, já que os gritos desesperados da minha família e dos outros membros da casa Exenes não cessavam.
Ambas estávamos exaustas — tanto eu quanto Phoebe —, e, por ser mais jovem até do que eu, ela não conseguia sobrevoar as árvores de Saskia, tão enormes que nem mesmo a luz da lua cheia, filtrada pelas nuvens de chuva, conseguia atravessar suas copas imensas.
— Acalme-se, minha amiga...
O suave resmungo que a pyraethon soltou parecia o som de uma flauta. Desde o seu nascimento, ela já se destacava entre os outros de sua espécie. Não se parecia nem com um dragão, nem com uma fênix, mas com uma verdadeira fusão dos dois seres místicos. Ainda me lembrava da voz do meu pai dizendo que ela era a primeira de muitos pyraethons que conseguiríamos criar com o arcano das vidas dos dragões perdidas.
Phoebe era nossa esperança de voltar para casa — para Brillaterra, no extremo leste de Wyrmsgrith.
E foi com essa esperança que meu pai enviou uma carta aos Wisberys de Ebonspire. No entanto, não imaginávamos que isso resultaria na carnificina que destruiu nossos pyraethon e devastou nossa família.
— Eu deveria ir lá e eliminar aqueles desgraçados. — Apesar de dizer isso para a pequena bola de penas brancas, eu não tinha coragem.
Ao contrário do que afirmei, meu corpo se encolheu diante do calor emanado da mistura perfeita de dragão e fênix, permitindo-me, ainda que por alguns segundos, derramar lágrimas de tristeza, culpa e impotência por não poder salvar meus pais — meus amigos.
Eu era Csilla, a única Exenes que nasceu perfeitamente, sem precisar engolir as escamas dos dragões ou as penas de um pyraethon. No entanto, eu ainda não conseguia controlar meus poderes de maneira adequada e, no fim, acabei sendo uma criança ingênua. Não agi como a adulta que era; em vez de ficar para salvar meus pais, simplesmente fugi pelo conjunto de árvores ao redor de Verdeluna, levando Phoebe e a chave da Brillaterra — nada mais.
