SOMBRAS PROFUNDAS

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Lucerys Velaryon observava a baía de Porto Real, sentindo o vento frio da noite. A cidade havia mudado desde a última vez que estivera lá.

O vento cortava as ruas de Porto Real naquela noite, e Lucerys Velaryon caminhava pelos becos pouco iluminados, sentindo uma estranha inquietação em seu peito. Estava de volta à cidade após anos longe, tentando deixar para trás o que havia acontecido em Driftmark. Mas era difícil esquecer. Era difícil esquecer Aemond, aquele olhar de puro ódio, o fogo nos olhos que o perseguia até nos sonhos.

Ele se dirigia ao mercado noturno, tentando encontrar distração nas luzes e no movimento das pessoas. A cidade tinha mudado, mas algumas coisas permaneceram as mesmas: os murmúrios, os segredos escondidos nas sombras, as histórias de monstros que se contavam ao redor das fogueiras. E agora havia novos rumores. Fala-se de um assassino à solta, alguém que gosta de caçar na escuridão, deixando suas vítimas com expressões de puro terror no rosto.

Lucerys Velaryon caminhava rapidamente pelas ruas de Porto Real, com o coração acelerado enquanto se dirigia à casa de seu avô Viserys. O vento frio da noite o envolvia, mas sua mente estava cheia de pensamentos sobre o mercado noturno e os rumores de um assassino à solta.


Finalmente, ele chegou à imponente Fortaleza Vermelha. A atmosfera estava tensa, mas ao entrar no salão, um calor familiar

-"Lucerys!" Rhaenyra exclamou ao vê-lo entrar. Seu sorriso era um bálsamo em meio à tensão que o consumia. -"Você chegou bem a tempo! Todos aqui estão".

-"Meu neto, quanto tempo se passou..." Viserys murmurou, uma voz ainda forte, mas marcada pelos anos. -"A família esteve dispersa por tempo demais, mas eu quero que esta noite seja um passo para a reconciliação."
Lucerys concordou, forçando um sorriso. -"Espero que assim seja, avô."

Rhaenyra beijou a mão de seu pai, e então, todos tomaram seus lugares à mesa, onde os outros já se acomodaram. Aemond também estava presente, do outro lado da mesa, e sua expressão era impenetrável.

O olhar azul que agora carregava o brilho frio que ocupava o lugar do seu olho perdido encontrado o de Lucerys, que rapidamente desviou, tentando manter a compostura.
O salão de jantar da Fortaleza Vermelha estava iluminado por candelabros de ouro, uma luz refletindo nos escudos e tapeçarias que adornavam as paredes. A atmosfera era compartilhada com um ar de formalidade.
O jantar era uma ocasião para reunir a família Targaryen, um evento raro, e todos sabiam que, por trás da etiqueta e dos sorrisos provocados, havia segredos que ninguém ousava trazer à tona.


Aemond Targaryen estava sentado à mesa, próximo ao lugar de honra de sua mãe, Alicent.
O olho de safira, que ele exibia como um troféu do passado, captava a luz das velas, dando a impressão de que havia uma chama azul que ardia dentro dele. Ele permanece em silêncio, observando cada membro da família, cada expressão e gesto. Mas em seu interior, seus pensamentos estavam em um lugar completamente diferente.
Enquanto os serviçais traziam pratos refinados, Alicent tentava manter uma conversa em um tom leve, mencionando as reformas na Fortaleza Vermelha e as últimas notícias sobre os negócios da família.
Aemond escutava, mas sua atenção estava distante, treinando em uma sombra específica do passado que parecia cada vez mais presente em seus dias.

-"O que você acha, Aemond?" Alicent disse de repente, dirigindo-lhe um olhar que sugeria que esperava mais que a indiferença habitual.
Ele piscou, voltando à realidade do salão de jantar.

-"Desculpe, mãe, estava perdida em meus pensamentos."
A voz era suave, mas havia uma ponta de ironia em seu sorriso.
- "Do que falávamos mesmo?"

-"Sobre as alianças que nossa família precisa fortalecer com a Velaryon," respondeu Alicent, os olhos penetrantes fixos no filho. Ela conhecia Aemond melhor que a maioria, sabia que havia algo nele que se movia como uma serpente nas sombras, mas preferia não perguntar diretamente.
-"Especialmente com Lucerys de volta a Porto Real, seria uma boa oportunidade para enterrar de vez as desavenças."

Aemond engoliu uma risada. A ideia de enterrar algo em relação a Lucerys, de fato, passando por sua mente, mas não da forma que a mãe imaginava. Alicent, por outro lado, olhe com um certo desconforto. Ela podia ver o brilho perigoso que exibia sempre que o nome da cirurgia de Lucerys, mas não entendia toda a profundidade dessa obsessão.
-"É claro, mãe. Tenho certeza de que Lucerys e eu podemos... resolver nossas diferenças," Aemond disse, um sorriso que não alcançou os olhos formando-se em seu rosto.

Helaena, sua irmã, que estava sentada ao lado, externamente os olhos do prato, lançando-lhe um olhar breve, mas significativo. Ela não disse uma palavra, mas Aemond sentiu que ela via mais do que os outros. Talvez Helaena entendesse algo daquela escuridão que cresceu dentro dele, mas, como sempre, ela mantinha seus pensamentos envoltos em enigmas.Ao lado de Aegon, que já parecia mais interessado no vinho do que na conversa, a cena passando despercebida, mas Alicent não conseguia ignorar o desconforto que surgia em seu estômago.

Durante o mês que passou em Fortaleza Vermelha, a convivência entre a família foi uma mistura de tensão, reconciliação. Desde a chegada, as interações foram marcadas por um clima carregado, principalmente devido à rivalidade persistente com o passado.
Viserys, buscando unir seus filhos e netos, especificações jantares e atividades em família, incentivando a todos a se reaproximarem.
Rhaenyra e Alicent se esforçaram para criar um ambiente acolhedor
Nos primeiros dias, os encontros na mesa do jantar eram incómodos.
Aemond frequentemente provocava Lucerys, fazendo comentários sarcásticos que reabriam feridas antigas.
Conforme os dias foram passando, Lucerys encontrou consolo nos jardins da fortaleza. As caminhadas sob as árvores frondosas o ajudaram a refletir sobre as inseguranças que sentia. Em um desses momentos de solidão, Aemond o encontrou. Em vez de uma provocação, Aemond ofereceu um raro momento de sinceridade.

-"Estamos todos lutando contra nossos demônios, Lucerys", disse Aemond, olhando para o horizonte. "Seja os monstros que assombram as ruas ou os que vivem em nós mesmos."

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