Capítulo 1

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Dez anos antes.

Gary não é uma cidade ruim, claro que não. Caramba, Michael Jackson é daqui. A porra do maior artista da história nasceu na mesma cidade que eu, é óbvio que tenho um orgulho do caralho disso.

Gary só é pequena demais para o tamanho dos meus sonhos.

Tudo bem que garotas de quinze anos não tem pretensões de vida tão grandes assim mas talvez eu seja a excessão à regra que é completamente obcecada com a ideia de ser cantora. Mamãe acha que é um sonho difícil de ser realizado mas nunca desperdiçou uma palavra dizendo que eu não conseguiria chegar lá, muito pelo contrário.

Carla Steele é a minha maior apoiadora e é graças a ela que estou prestes a encontrar Jack Hyde, apenas o maior empresário e descobridor de talentos da atualidade.

Quem poderia imaginar que a pequena Anastasia que postava vídeos no YouTube cantando "Human Nature" e "I Just Can't Stop Loving You" estaria a um passo de se tornar a próxima estrela pop da atualidade?

— Ainda não sei onde estou com a cabeça de te deixar ir sozinha para Nova York. — mamãe suspira e aperta o meu travesseiro num abraço apertado, o rosto enfiado na fronha cor de rosa.

Empurro minha mala para o chão e subo no colchão macio, me arrastando até ela e deitando no seu colo. Sinto o carinho suave no meu cabelo e fecho os olhos, aproveitando o momento e usando-o como apoio emocional para o que pode estar por vir.

Tudo aconteceu rápido demais.

Depois de vários vídeos postados no YouTube sem nenhuma notoriedade, um cover de "Heal The World" acabou viralizando de uma maneira brutal e recebi uma ligação da Loyal Records no nome do seu presidente, Jack Hyde. O convite para viajar para Nova York, conhecer a gravadora e gravar algumas demos me fizeram sair gritando pela casa como uma lunática. Mamãe precisou tomar o telefone da minha mão e continuar a conversa com a mulher do outro lado da linha que não pareceu surpresa com a minha explosão.

Foi difícil conseguir convencê-la a me deixar ir, idade sendo a principal questão mas depois de muita insistência e promessas, finalmente consegui permissão para viajar.

Não que eu achasse que ela não permitiria, Carla Steele é declaradamente minha fã número um.

— Vai me visitar sempre que possível, certo? — abro meus olhos e fito os traços ainda tão bonitos da mulher que me criou sozinha e deu tudo de si para nunca me faltar nada, financeira e sentimentalmente.

— Todo fim de semana, feriado e férias. — ela gentilmente seca as minhas lágrimas e deixa um beijo na minha testa. — Te deixar ir para tão longe está acabando comigo mas sou incapaz de minar seus sonhos, Ana. Eu vou estar aqui, torcendo por você a cada passo, querida.

— E vai se mudar para Nova York assim que eu lançar meu primeiro álbum. — mamãe compartilha do meu sorriso, assentindo.

— Já imagino nós duas fazendo compras pela Quinta Avenida, passeando tarde da noite pela Broadway e patinando no Rockfeller Center em dezembro.

— Carla Steele, esses são planos caros, não acha? — ela dá de ombros, jogando o cabelo.

— Minha filha é a maior artista da atualidade, posso ter sonhos caros sempre que quiser.

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Consegui manter minhas lágrimas sob controle até o avião começar a taxiar pela pista mas quando começamos a levantar vôo não pude mais fingir ser forte.

Passei os últimos três dias fazendo as malas e aproveitando o máximo de tempo possível na companhia da minha mãe, guardando cada momento e sorriso dela na memória. Teoricamente não ficaremos muito tempo separadas mas levando em consideração que o nosso maior tempo de afastamento eram as horas que eu estava na escola, um dia já é muita coisa.

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