O vôo sequestrado

Comissária nova

Enquanto eu entrava, recebia olhares das outras comissárias e ouvia cochichos, mas segui meu caminho até que uma delas veio falar comigo.

— Você é daqui? Nunca te vi... e nunca vi esse nome por aqui, Aurora — disse, me olhando de cima a baixo e lendo meu "nome" falso no crachá.

— Sou nova nesse país — respondi, sem dar muita atenção.

— Esses imigrantes são um saco, sempre mal-educados — a mulher ao lado dela comentou, me encarando com um olhar hostil.

— Pelo que eu saiba, estou aqui para fazer meu trabalho, não para te agradar. E outra: se quer ser bem tratada, que tal parar de me olhar como se fosse uma cadela, Crystal? — retruquei, lendo o nome no crachá dela.

As duas me olharam, bufaram e saíram andando.

"Desculpa aí, professor, mas não dá para ser legal não" pensei comigo mesma.

Ok, já não tenho mais nenhuma chance de amizade aqui. O que me resta é apenas esse plano dar certo.

Vou explicar melhor. Após nossa última aparição no roubo que ficou famoso — sim, aquele mesmo, o assalto à Casa da Moeda —, decidimos voltar. Adoramos coisas brilhantes e valiosas, então aqui estamos, com um novo plano.

"O Voo Sequestrado" era o nome da operação. Meio patético, mas foi Palermo quem escolheu, então não se pode esperar muito.

Neste assalto, vamos encontrar um dos maiores empresários da história: Alexandre Alcântara. A maior parte de sua fortuna está em barras de ouro, e adivinhem onde elas estão? Exatamente, neste avião. E vamos sequestrá-lo.