Sob a Máscara | JeongCheol HORROR - ghostface

02.

A sala estava no mais puro e delicioso caos organizado, repleta de cores e toques de personalidade que só podiam ser obra de Jeonghan e Joshua.

No centro, Jeonghan estava aninhado no sofá com seu notebook coberto de adesivos do Sanrio, as orelhas do personagem Keroppi coladas no canto da tela e um Kuromi esticado logo abaixo do teclado, como se estivesse de guarda.

O ambiente estava embalado pelo som de Madonna saindo de uma vitrola que Jeonghan comprara num brechó.

Entre uma batida e outra, ele distraidamente acariciava Leon, seu gato branco que, com olhos curiosos e felinos, observava cada movimento dele.

Vestindo uma camiseta dos The Smiths, seus olhos se fixavam na tela, onde um artigo sensacionalista descrevia os mais recentes casos do misterioso assassino que assolava Fortaleza.

Jeonghan suspirou, fazendo um leve carinho em Leon, mas seu coração parecia correr uma maratona.

Havia algo naquelas histórias que mexia com ele, um fascínio quase proibido, e ele sentia sua mente vagar para territórios obscuros ao imaginar o que motivaria alguém a esses atos.

- Será que isso aqui não passa de mais uma lenda urbana que virou febre?

Leon, como se sentisse o clima, ronronou, se aconchegando mais perto. Jeonghan sorriu e deu um beijo carinhoso na cabecinha dele, antes de murmurar, distraído:

- Talvez eu deva investigar isso mais a fundo, o que você acha, Leon? A gente podia encontrar esse ghostface e, sei lá... decifrar o mistério por trás dele. Quem sabe até entender um pouquinho do que passa na cabeça de alguém assim...

Os pensamentos eram intercalados por notas de música e o cheiro das velas de baunilha que ele acendera antes.

A ideia de entender aquele assassino, de entrar na mente do ghostface e desvendar o que o motivava, parecia irresistivelmente atraente para ele.

Foi então que Joshua entrou pela porta, equilibrando um monte de pacotes de encomendas da Shopee. Ele fez uma careta ao ver o amigo imerso em seu próprio mundo e pigarreou para chamar atenção:

- Terra chamando Jeonghan! Ta abirobado*, menino? Preciso de ajuda com as encomendas, ou melhor, com a bagunça que você e Leon sempre fazem por aqui. - Ele largou as caixas no chão e, sem esperar resposta, começou a abrir uma delas, revelando mais adesivos Sanrio.

Jeonghan sorriu e foi ajudar, ainda com os olhos brilhando pela mistura de curiosidade e inquietação causada pelas notícias.

- Shua... Ontem à noite eu recebi uma ligação estranha. Acho que... — ele hesitou, procurando as palavras. — Acho que alguém me ligou, alguém bem... estranho. Falou umas coisas, sabe? Parecia uma cena de filme de terror.

Joshua franziu a testa e deu um tapinha leve no ombro de Jeonghan, numa tentativa de tranquilizá-lo.

- E você acha mesmo que pode ser alguém te perseguindo? A gente não vive em um filme de terror, Hannie... embora você tenha uma quedinha por esses dramas, né? - ele riu, mas depois o olhar ficou mais sério.

- Talvez você só esteja obcecado demais por essas notícias.

Jeonghan suspirou e deu de ombros, mas o comentário de Joshua o atingiu. Talvez estivesse mesmo indo longe demais com essa “curiosidade”...

Naquela tarde, Jeonghan decidiu espairecer, aproveitando a desculpa de fazer pesquisas na BECE, a Biblioteca Estadual do Ceará.

No caminho, sua playlist nostálgica tocava "Your Song" do Elton John, a letra embriagante o fazia sorrir.