Sob a Máscara | JeongCheol HORROR - ghostface

03.

A manhã de sábado despontava luminosa sobre a Praia de Iracema, com o sol ainda suave refletindo nas águas do mar.

A brisa matinal trazia o cheiro salgado da maré, misturado ao perfume de protetor solar dos primeiros frequentadores.

Jeonghan corria à beira-mar, os fones de ouvido tocando o último sucesso de um grupo de K-pop.

A batida animada o fazia acelerar o ritmo, enquanto ele absorvia o ambiente à sua volta: o céu de um azul puro, as ondas quebrando com delicadeza na areia, e a movimentação ainda preguiçosa de um sábado em Fortaleza.

Sentindo a garganta seca, Jeonghan desacelera a corrida ao avistar um quiosque próximo.

A estrutura, pintada em tons de azul e branco desbotados pelo tempo, exibia um letreiro escrito à mão que dizia “Águas e Sucos do Zé”. O som ambiente era preenchido pela melodia envolvente de uma canção da banda de forró “Desejo de Menina”, que escapava das caixas de som velhas.

— Bom dia, moço! — Jeonghan sorriu para o senhor de meia-idade que ajeitava algumas frutas na bancada. — Me vê uma água mineral bem gelada... e uma vitamina de morango.

José, o vendedor, deu um sorriso largo e amigável, com aquele sotaque cearense que deixava qualquer um à vontade.

— Eita, menino, tá animado nessa corrida, hein? Vou já pegar aqui pra tu, visse?

Enquanto José preparava a bebida, a música de fundo foi interrompida, e a voz do locutor do rádio preencheu o quiosque com uma notícia urgente.

— As investigações sobre o serial killer conhecido como 'Ghostface' continuam. A polícia coletou novas evidências e está buscando informações para capturar o suspeito, que permanece foragido. O pânico cresce na cidade...

O semblante descontraído de Jeonghan se fechou, os ombros tensionando ao ouvir as palavras.

Ele segurou a garrafa de água com mais firmeza, absorvendo a informação, quando José comentou, balançando a cabeça.

— Oxi, rapaz, onde é que esse mundo vai parar, hein? Antigamente já teve coisa assim, mas agora tá cada vez mais feio. Um cabra desse só pode ser obra do demônio. Eu fico até arrepiado!

Jeonghan tentou sorrir para aliviar a tensão.

— É, hoje em dia a gente tem que redobrar os cuidados. Esse tal de Ghostface... parece que gosta de brincar com o medo das pessoas.

José assentiu, terminando de preparar a vitamina e entregando a Jeonghan.

— Pois é, meu fi, cuidado nunca é demais. Se cuida aí, viu? Esse cabra não respeita ninguém.

Após o suco, Jeonghan seguiu para casa, o peso das notícias ainda ocupando sua mente.

Assim que chegou, largou as coisas e se abaixou para cumprimentar seu gato, Leon, que ronronou e esfregou o rosto em suas pernas. Jeonghan sorriu, afagando a cabeça do gatinho com carinho.

— E aí, Leon, meu parceiro de sempre. Tá tudo bem por aqui, né? Eu volto cansado, e você só quer saber de comida... seu safadinho.

Ele deu uma risada, aproveitando o momento de leveza antes de se afastar e ir para o banheiro.

No banheiro, ele se despiu devagar, tirando o cropped estampado com a cara da Pearl e a frase “Please I'm a star”.

Em seguida, deixou os shorts vermelhos de corrida caírem no chão. Ajeitou o cabelo e entrou no box, deixando a água quente relaxar seus músculos enquanto começava a cantarolar “Febre” da Liniker, se embalando na melodia e esquecendo a inquietação de mais cedo.